sábado, 21 de novembro de 2009

Contraponto 765 - "Com a mão na botija"


21/11/2009

Com a mão na botija














Documento enviado ao Congresso americano revela a retomada da velha política intervencionista do Pentágono na América do Sul

O Povo - 21 Nov 2009 - 01h10min

O Congresso Nacional acaba de tomar conhecimento, através das mãos do deputado federal José Genoino (PT-SP), de cópia de documento enviado ao Congresso americano pela sua Força Aérea, em que se revela a verdadeira intenção das bases aéreas requisitadas pelos EUA na Colômbia. Como se temia, os alvos mirados pelos norte-americanos não se resumem ao narcotráfico colombiano, mas tem o objetivo estratégico de colocar qualquer ponto do território da América do Sul ao alcance dos bombardeiros americanos com facilidade, sem exigir reabastecimento dos aviões.

O texto se destina a justificar o orçamento da Força Aérea para 2010 e detalha o projeto da construção das bases militares norte-americanas na Colômbia como uma oportunidade para conduzir "operações militares de amplo espectro" na América do Sul. Nele, a região é classificada como "Sub-Região crítica", onde a "segurança e a estabilidade estão permanentemente ameaçadas pelo narcotráfico patrocinado por insurgências terroristas, governos anti-Estados Unidos, pobreza endêmica e desastres naturais recorrentes".

Ou seja: o Pentágono se desmascara ao ser flagrado com a mão na botija. Antes, a Casa Branca tinha negado de pés juntos, através de representantes enviados à região (quando houve manifestação de desagrado do Brasil e outros países irmãos em relação às bases militares) de que houvesse qualquer outro objetivo, senão o de auxiliar as forças armadas colombianas no combate ao narcotráfico. Isso foi assegurado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a outros chefes de estado sul-americanos. A "pulga, no entanto, continuava atrás da orelha, para muitos governos regionais. Os desmentidos revestem-se agora de um caráter sumamente cínico.

O documento não deixa dúvidas sobre as verdadeiras intenções americanas, que são, aliás, coerentes com a velha política intervencionista na região. Não há novidade, a não ser quanto à sua ostensividade, semelhante à da política do "big-stik" (porrete) final do século XIX e inícios do século XX. Washington continua tão arrogante como antes, quando desembarcava seus "marines" diante da menor contrariedade encontrada aos seus interesses. A maior vítima disso foi o México que perdeu 2/3 de seu território, ou mesmo a Colômbia, que teve uma parte de seu território desmembrado para se criar artificialmente o Panamá e permitir aos americanos a construção do Canal.

Junte-se isso, a recriação da IV Frota e a reversão escandalosa da política americana em relação ao golpe hondurenho (depois de assegurar que não aceitaria uma solução sem a retomada prévia do presidente deposto ao poder), e se tem de volta os "velhos" Estados Unidos, tão conhecidos pelos que ousaram traçar um caminho próprio, na região. Barack Obama, como se vê, tem sua badalada política de "inovação diplomática", desmontada, ponto por ponto, pelas velhas forças detentoras do poder real, em seu país.

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PITACO DO ContrapontoPIG

A grande máquina de guerra americana tem vontade própria e caminha independentemente de quem seja, ou daquilo que quer o Presidente daquele país.
As bases militares americanas na Colômbia para "combate ao narcotráfico" são uma balela. Elas se destinam a possíveis "operações militares de amplo espectro"... a serem definidas pelos detentores do poder real nos EEUU.
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