sábado, 21 de novembro de 2009

Contraponto 762 - "Salvando o PIG"


21/11/2009

Salvando o PIG

Blog Óleo do Diabo

Escrito por Miguel do Rosário - Quinta-feira, Novembro 19, 2009

A notícia de que a Folha vendeu ridículos 21,8 mil exemplares avulsos, na média diária, entre janeiro e setembro deste ano muda tudo. O foco da blogosfera, a partir de agora, deve ser uma campanha para salvar o PIG, em nome da diversão geral. Tudo bem que, sem o PIG, o país pode crescer muito mais rápido. Mas de que adianta crescer e não se divertir?

Brincadeiras à parte, o certo é que agora está explicado porque o Brasil enfrentou tão bem a crise econômica e a geração de emprego voltou a bater recordes. Os cidadãos brasileiros, sobretudo os empresários, pararam de ler jornais. Cansados do bombardeio de notícias ruins e análises furadas do qual eram vítimas diariamente, optaram por se informar pela internet, que, além de gratuita, oferece uma gama de opiniões múltipla e democrática.

Ao que parece, portanto, alguém se irritou de verdade com a mosquinha zumbindo no ouvido e esmagou-a contra a parede. Esse alguém foi o consumidor.

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Da minha parte, eu continuo ajudando o PIG. Leio a Folha, que está me dando uma assinatura grátis. E, agora que sou um blogueiro profissional, que vende assinaturas e ganha doações, compro o Globo diariamente. Ler jornal é um hábito antigo e não gostaria de perdê-lo. No fundo, não quero o fim dos jornais tradicionais, mas sim que eles enveredem por um caminho mais racional e democrático do ponto-de-vista ideológico. E sejam mais éticos também, porque muito do que eles fazem é simplesmente mau caratismo puro e simples.

No entanto, quando iniciam suas campanhas histéricas, minha atitude imediata é parar de comprá-los. Não quero nem de graça. Tenho muita coisa boa para ler. Tenho pilhas e pilhas de livros em casa que ainda não li e, quando os jornais começam a ladainha golpista conhecida, decido me concentrar em leituras mais instrutivas.

Nem sempre isso é possível, por outro lado, em virtude da pusilanimidade do Congresso Nacional, que ainda não entendeu a nova realidade midiática do Brasil. A imprensa, mesmo em decadência, consegue pautar os debates políticos em Brasília e quase aplicou um golpe branco no presidente Lula. Enquanto isso durar, a blogosfera deve fazer um combate implacável contra o golpismo da imprensa. Golpismo o qual, aliás, tornou-se marca da imprensa latino-americana como um todo.

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Hoje, por exemplo, li uma notícia no O Globo sobre a Conferência Nacional de Comunicação, a ser realizada mês que vem, em Brasília. Escrita em tom alarmista, informava a posição do PT sobre o evento. Vocês podem imaginar a ladainha, mas o que me chamou a atenção, e que denuncio aqui é uma declaração do Carlos Di Franco, representante do Opus Deis no Brasil, e colunista semanal do periódico dos Marinho. Ele falou que a imprensa brasileira é democrática e "lutou contra a ditadura". Que mentira, héin, seu Franco? Cara de pau de uma figa. Esses jornalões não só apoiaram o regime militar como foram um dos mais importantes articuladores do golpe de Estado, pois as forças políticas conservadoras conversavam através da imprensa, que, além disso, disseminava todo o tipo de calúnia sobre o governo Jango, debilitando-o severamente, sobretudo junto às instâncias políticas mais poderosas, como a Suprema Corte, o Congresso e a elite empresarial.
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