domingo, 22 de novembro de 2009
Contraponto 769 - Lula e Dilma
22/11/2009
Vermelho - 21 de Novembro de 2009 - 14h47
O presidente Lula abriu ontem (20) sua agenda em Salvador (BA) com uma entrevista marcada, sobretudo, por elogios à ministra e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff. Disse que Dilma é uma “extraordinária candidata, com perspectivas enormes de ganhar as eleições” e que “se for por simpatia, ela já está eleita”, porque “tem adversário muito menos simpático”.
Entrevistado por profissionais de duas emissoras de rádio – um deles o ex-prefeito de Salvador Mário Kersetz -, Lula reagiu a críticas que lhe fizeram, nas últimas semanas, líderes oposicionistas, o compositor e cantor Caetano Veloso e representantes da Igreja Católica. E reagiu também às pressões por mudanças na Previdência, como a extinção do fator previdenciário e a concessão, aos aposentados que ganham acima de um salário mínimo, de aumento real equivalente ao índice de crescimento do Produto Interno Bruto.
“Não posso aceitar a hipocrisia do ano eleitoral. Não posso aceitar. Acho inadmissível que as pessoas tentem tirar proveito do ano eleitoral e prometer coisas que sabem que não podem cumprir”.
"É importante todo mundo saber que quero a Dilma como candidata, estou trabalhando para isso, porque trabalho com a Dilma há oito anos e sei da competência gerencial e política dela. Ela iria apenas colocar o estilo dela no governo e fazer as coisas novas que não conseguimos fazer."
Lula disse também que se a simpatia for importante para ganhar as eleições, a ministra não sai perdendo.
"Tem adversário dela que é muito menos simpático do que ela, então, se for por simpatia, ela já está eleita", disse ele após afirmar que muitos alegam que Dilma não tem a simpatia e a desenvoltura necessárias para enfrentar uma campanha eleitoral.
Lula também avaliou o potencial que tem de transferir votos para os candidatos que apoia. Para ele, é mais difícil transferir votos para cargos como os de vereador e prefeito, por se tratar de políticos que estão mais próximos das pessoas em seus bairros e cidades. Já no caso de presidente da República, o presidente avalia que seu apoio teria mais peso.
"Acho que o governo tem possibilidade de repassar muito voto, claro que tudo isso é relativo, porque vai depender muito da performance da nossa candidata, do desempenho dela durante a campanha, nos debates", disse.
Leia, abaixo, as principais declarações de Lula às rádios Metrópole e Excelsior.
Sobre Dilma:
“É importante todo mundo saber que eu quero a Dilma como candidata, estou trabalhando para isso, porque trabalho com a Dilma há oito anos, sei da competência gerencial da Dilma, sei da competência política da Dilma, sei da competência de organização da Dilma, e ela está muito entrosada com tudo o que nós fizemos. Portanto, a Dilma eleita, ela iria apenas colocar o estilo dela no governo e fazer as coisas novas que nós não conseguimos fazer.”
Sobre a possibilidade de transferir votos:
“Eu acho que o governo tem possibilidade de repassar muito voto. Obviamente que tudo isso é relativo porque vai depender muito, muito, muito, muito da performance da nossa candidata, do desempenho dela nos debates, do desempenho dela durante a campanha.
Sobre a simpatia e as chances da candidata:
De vez em quando as pessoas falam: “Ah, mas a Dilma não é muito simpática”. Bom, tem adversário dela que é muito menos simpático do que ela. Então, se for por simpatia, ela já está eleita. Eu acho que nós temos uma extraordinária candidata, com perspectivas enormes de ganhar as eleições e de fazer um governo que seja um passo adiante daquilo que nós fizemos.”
Sobre o maior adversário:
“É difícil medir qual o (maior) adversário. Se eu olhar as pesquisas hoje, é o Serra. Mas é muito difícil a gente imaginar se elas vão estar assim em agosto ou setembro do ano que vem. Quem vier, nós vamos combater da forma mais democrática possível, fazer a eleição mais limpa do mundo.
Sobre terceiro mandato:
“Certamente, se eu fosse eles (oposicionistas), teria pedido o terceiro mandato. Se fosse o lado de lá que estivesse na situação que eu estou, eles teriam levantado a tese do terceiro mandato. (…) Mas eu acho que, se a gente começa a colocar na cabeça “eu sou imprescindível, eu sou insubstituível”, começa a nascer um pequeno ditador. Como eu acredito no exercício da democracia na sua total plenitude e como eu acredito na alternância de poder como forma de você consagrar as instituições democráticas, eu fiz questão de convencer, inclusive o meu partido, a parar com a brincadeira de terceiro mandato. Porque, se vale para mim terceiro mandato, vale para outro. Amanhã você tem o terceiro mandato; depois você gosta, você quer o quarto; depois você gosta, você quer o quinto; depois você gosta, você quer o sexto, e isso não é bom para o Brasil. Eu acho que oito anos é de bom tamanho para um democrata.”
Sobre o reajuste dos aposentados e o fim do fator previdenciário
“Eu propus uma conversa com as centrais sindicais para ver se a gente consegue propor um acordo para ser votado no Congresso. Na hora em que eles tiverem uma proposta, nós mandaremos para o Congresso. O que eu não posso, em sã consciência, é aprovar alguma coisa que seja, como diria o (o ex-ministro Rogério) Magri, “incumprível”, porque todo mundo sabe que a gente só pode pagar a quantidade exata de dinheiro que recolhe, aquilo que tem no cofre. Se na casa da gente, na bodega da gente, na família da gente, a gente gastar mais do que ganha, você pode gastar um mês, dois meses, pode tomar dinheiro emprestado e gastar o quarto mês, mas chega um dia em que você quebra. Então, é com essa consciência que eu quero lidar com os aposentados. Eles sabem que não houve nenhum momento em que a gente deu a eles menos que a inflação. Eles receberam a correção salarial. Os trabalhadores de salário-mínimo sabem que estão tendo reajuste acima da inflação. E essa era a ideia básica, ou seja, dar reajuste a mais para os trabalhadores que ganham salário-mínimo, para elevar o salário-mínimo. Ora, não é possível a gente fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Então, eu penso que os companheiros vão ter que fazer uma reflexão profunda. Eu sou um homem de diálogo, sou amigo de todos eles, não quero criar nenhum prejuízo a ninguém, mas também não posso aceitar a hipocrisia do ano eleitoral. Não posso aceitar. Acho inadmissível que as pessoas tentem tirar proveito do ano eleitoral e prometer coisas que sabem que não podem cumprir. Isso a gente pode fazer quando não tem responsabilidade. Então, eu vou esperar. Eu acredito num bom acordo. Acredito que é possível a gente fazer isso.”
Sobre a recente declaração de que Jesus Cristo, se governasse o Brasil, se aliaria a Judas:
“Eu e qualquer outro que estiver na Presidência tem que lidar com quem tem mandato. Você tem que estabelecer acordos políticos com os partidos existentes. Você não inventa partido político, você não inventa eleitos, é o povo que elege. Ora, então, você tem uma lógica matemática dentro do Senado e dentro da Câmara, que você estabelece aliança política. Eu não tive nenhum problema de defender o Sarney, porque acho que muitas das acusações que estavam sendo feitas contra o Sarney não tinham sequer procedência, não tinham substância. Era bater por bater. Quem faz política neste país sabe. Agora, o que eles queriam, na verdade? Tirar o Sarney para colocar o Marconi Perillo (PSDB-GO). Ora, meu Deus do céu! Eu não tenho o direito de ser inocente. Eu sei o que eles queriam e, portanto, eu não vacilei e não vacilo porque não deixo um companheiro no meio do caminho. Eu acho que o grande problema da política brasileira é a covardia. Se a pessoa está sendo acusada, tem procedência, tem prova e foi constatado, puna-se a pessoa. Agora, o que você não pode é ganhar no tapetão. E eles tentaram ganhar no tapetão no Senado, porque queriam ter uma fatia de poder. Não tinham a Câmara, queriam ter o Senado. Então, eu tomei a atitude de fazer as alianças com quem tem voto, para poder votar no governo. Eu, talvez, tenha errado em ter utilizado o nome de Jesus Cristo, mas foi a coisa mais popular que eu encontrei para o povo entender, e acho que o povo entendeu. Agora, também, precisa parar essa bobagem de alguns acharem que são donos de Jesus Cristo, que só eles podem falar em nome de Jesus Cristo. Eu não tenho que pedir licença para ninguém para gostar de Deus, para gostar de Jesus Cristo. Jesus Cristo é uma obra divina pública. Não é propriedade de ninguém.”
Sobre Caetano Veloso, que o classificou como analfabeto e grosseiro:
“Eu acho que, como cantor e como artista, ele é excepcional. Agora, como político, o Caetano nunca esteve do nosso lado. Então, eu não tenho o que reclamar porque ele gosta ou não gosta de mim, porque ele acha isso ou aquilo de mim. Eu disse noutro dia que me vinguei do Caetano: no dia em que ele disse isso, cheguei em casa, peguei um CD do Chico Buarque, o Chico Político, ouvi duas vezes e lavei a minha alma. Liguei para a dona Canô (mãe de Caetano) porque vi na imprensa que ela estava preocupada, que ela estava chateada, e eu tenho uma relação com a dona Canô de filho para mãe, gosto dela. Então, eu liguei para ela para deixá-la despreocupada, que eu não tinha mágoa, que eu não tinha ressentimento, e que isso não muda nada na minha vida, ou seja, eu continuo gostando do Caetano como cantor e ele, certamente, continua não gostando de mim como político. Então, Caetano viva a vida dele, eu vivo a minha, ele vota em quem ele quiser, eu voto em quem eu quiser, e a luta continua.”
Fonte: Brasilia Confidencial
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