segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Contraponto 838 - Zelaya acusa: "mentira eleitoral"

30/11/2009
Lobo vence pleito ilegítimo; Zelaya acusa mentira eleitoral


Vermelho - 30 de Novembro de 2009 - 11h00

O candidato de direita Porfirio Lobo declarou-se vencedor no pleito ilegítimo de domingo em Honduras e prometeu um governo de "unidade nacional", após um processo eleitoral marcado por uma alta abstenção e por acusações de repressão, desaparecimentos, assédio e perseguição. A votação, classificada como uma "mentira" pelo presidente deposto Manuel Zelaya, não será reconhecida por grande parte da comunidade internacional. Zelaya afirma que o governo de fato "inflou" a participação no pleito.
Segundo dados parciais do Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), em sua segunda tentativa de chegar à presidência, Lobo tinha 55,9% dos votos apurados, contra 38,6% do rival Elvin Santos, do Partido Liberal (PL), que reconheceu a derrota.

Lobo deve assumir a presidência em 27 de janeiro, em um cenário pouco alentador, já que sua eleição é encarada como a legitimação do golpe de Estado, que tirou Zelaya do poder em 28 de junho. O pleito foi rechaçado por diversos países, organizações internacionais - que sequer figuraram como observadores - e pela Frente de Resistência contra o Golpe.

O TSE informou que o índice de participação foi de 61,3% (quase 10% a mais que em 2005). Zelaya, contudo, denunciou que o regime de fato inflou os resultados da eleição para "transformá-la em uma mentira para os hondurenhos". Ele fez a declaração na embaixada do Brasil, onde está abrigado há dois meses.

A Frente de Resistência também afirma que os números reais mostraram um mínimo "de 65 a 70 por cento de abstenção ", a maior da história da nação, o que significaria que apenas um máximo de 30 a 35 por cento teriam votado.

"Havíamos observado que, se a abstenção fosse superior a 50% do padrão eleitoral, as eleições deveriam ser anuladas", disse Zelaya. Em entrevista à Rádio Globo local, ele expressou estar surpreso com os dados divulgados pelo regume golpista. O presidnete deposto afirmou que o processo "está cheio de vícios, não tem legitimidade e deve ser anulado".

Também declarou que se Lobo obteve um triunfo é porque o regime golpista, encabeçado por Roiberto Micheletti, lhe deu esta possibilidade."Quando eu estava na direção do país, na presidência da República, Elvin Santos tinha 47% de popularidade e o senhor Porfírio Lobo andava entre 26 e 28% (...) O Favorito Era Elvin Santos. Então veio Micheletti com o golpe e os militares e agora sucedeu o contrário", enfatizou.

Em San Pedro Sula, centenas de partidários do líder deposto fizeram uma manifestação no domingo, encerrada pela polícia com gás lacrimogêneo e jatos d'água. Jornalistas e ativistas disseram que dezenas de pessoas foram agredidas e presas.

Grupos de direitos humanos condenaram o ambiente de intimidação e medo antes das eleições. Também condenaram a perseguição dos militares aos dissidentes, após o golpe. Poucas dezenas de observadores independentes monitoraram a votação, porém a Organização das Nações Unidas e a Organização dos Estados Americanos (OEA) se negaram a fazê-lo.

O Congresso deve decidir nesta quarta-feira (02) sobre o retorno ou não de Zelaya ao poder, por um breve período até o novo presidente assumir. O próprio Zelaya, porém, diz que não pretende retornar ao cargo, pois isso na opinião dele legitimaria o golpe. Ele se recusa a validar a manobra do regime de fato, que empurrou para depois do pleito a decisão do Congresso.

Eleito em uma disputa ilegítima, para governar um país isolado, Lobo declarou que as adesões estão começando a chegar. Segundo ele, Estados Unidos, Alemanha, Colômbia, Costa Rica, México, Panamá, Japão, Itália, Suíça, Indonésia, Emirados Árabes Unidos e França "expressaram que vão aceitar o processo".

Mas Argentina, Brasil, Venezuela, Nicarágua, Bolívia, Guatemala e Uruguai anunciaram formalemnte que não reconhecerão as eleições realizadas sob o governo de fato de Roberto Micheletti.

Com agências

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