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11 de Abril de 2011
Do Vermelho - 10/11/2011
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) conclamou semana passada, da tribuna do Senado, toda a oposição a se unir para promover um “choque de realidade” no país. A tarefa se revela ambiciosa diante do estado em que se encontram os principais partidos oposicionistas, PSDB e DEM.
Mais do que superar crises internas e o distanciamento entre eles, tucanos e “demos” avaliam que precisam renovar não só o discurso, mas a forma de agir. O diagnóstico é que o estilo discreto e cauteloso da presidente Dilma Rousseff desarmou a oposição. Após três meses de gestão, líderes de PSDB e DEM concluíram que a fórmula usada pela oposição no governo Lula não surtirá efeito com a sua sucessora.
Com o ex-presidente, as duas legendas se acostumaram a fazer uma oposição mais reativa do que ativa, surfando basicamente nos discursos polêmicos de Lula. Ele tinha uma agenda de eventos intensa, aparecendo em público quase diariamente, o que propiciava aos oposicionistas pautas suficientes para fazer o enfrentamento com o governo.
Com Dilma, a fonte secou. As poucas aparições públicas e os discursos comedidos e sem improviso, que estão virando a marca da presidente, reduziram a voz da oposição. Tida como um trator quando ministra, Dilma não mudou a essência de seu estilo. Mas a dura campanha presidencial e a vitória nas urnas, com a formação de uma base aliada ainda maior que a de Lula, lhe deram uma combinação de traquejo e segurança política.
Poucos nomes no meio político, sobretudo na oposição, imaginavam que Dilma seria capaz de demonstrar tal desenvoltura — pelo menos tão cedo. “Ela adotou discrição, o que dificulta o trabalho da oposição e funciona como uma blindagem para a presidente. O Lula dava mais ganchos para a oposição”, reconhece o líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR).
“Lula era 24 horas por dia no palanque. Já a Dilma tem um perfil menos eleitoreiro, o que faz com que esse embate da oposição com o governo tenha que mudar de características”, reforça o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA).
O presidente do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), também avalia que a atuação de Dilma — “mais discreta, reservada, que não se vulgariza, e não apela para a demagogia” — tem atrapalhado a atuação da oposição. Segundo Guerra, PSDB e DEM não estão esfacelados, mas diminuídos. “Agora temos que lidar com uma presidente que fala pouco. O Lula adubava nosso discurso.”
A ordem é fiscalizar
A preocupação da oposição é encontrar uma nova fórmula para recuperar espaço. Por ora, o entendimento, unânime, é que o caminho para sobreviver será fazer um trabalho sério de fiscalização do governo. Na tribuna do Senado, quarta-feira passada, esse foi um dos chamamentos de Aécio.
“Em relação ao governo, temos como obrigações básicas: fiscalizar com rigor, apontar o descumprimento de compromissos com a população, denunciar desvios, erros e omissões e cobrar ações que sejam realmente importantes para o país”, discursou o mineiro.
É nesse contexto que o DEM prevê lançar na próxima terça-feira, na liderança do partido na Câmara, um “promessômetro” da gestão Dilma. O painel mostrará as promessas feitas na campanha eleitoral e em que pé está a sua execução.
A iniciativa é inspirada no “impostômetro” de São Paulo, que mede a carga tributária e, alimenta os discursos da oposição. “A fiscalização mais rigorosa das ações do governo é o caminho para não deixar que esse estilo da Dilma amarre a oposição”, resume Álvaro Dias.
O passo adiante
Para o deputado federal Rui Falcão (PT-SP), a mudança no governo Dilma é tênue, mas existe. Segue uma linha de continuidade com alterações de rota, do mesmo modo que o segundo mandato de Lula não foi igual ao primeiro.
Depois da expansão do Bolsa Família como “vetor” de distribuição de renda e de aquecimento do mercado interno, o passo agora é o da erradicação da pobreza extrema, anunciada por Dilma em seu discurso de posse; de um programa de “água para todos” (saneamento básico) ao estilo do Luz para Todos, e da redução das desigualdades de gênero, com políticas públicas voltadas para as mulheres, após a primazia do combate às desigualdades regionais e sociais na era Lula.
Da Redação, com agências
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