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27/01/2013Colunista da Folha pede volta do Mobral para seus colegas
Do Esquerdopata 27/01/2013
Contra o desejado
Os juros em alturas imorais eram acusados de impedir a retomada efetiva
do crescimento e a capacidade da indústria de competir com a produção
estrangeira. Os juros foram baixados. E as correntes que os culpavam
entregaram-se a intensas e extensas críticas à sua redução. A energia
cara era há muito acusada de obstruir o crescimento econômico e a
capacidade de competição da indústria brasileira. Foi reduzida em 32%,
um terço, para a produção industrial. E as correntes que a culpavam se
entregam a criticá-la e desacreditá-la.
Esse jogo de incoerências proporciona noções importantes para os cidadãos, mas de percepção dificultada pela próprio jogo.
Está evidente na contradição das atitudes o quanto há de política no que
é servido ao público a respeito de assuntos econômicos. Na maioria dos
assuntos dessa área, o direcionamento é predominantemente determinado
por política, e não pela objetividade econômica.
É assim por parte dos dois lados. Mas não de maneira equitativa. Os
economistas mais identificados com o capital privado do que abertos a
problemas sociais, ou a projeções do interesse nacional, fazem a ampla
maioria dos ouvidos e seguidos pelos meios de comunicação.
É esse o desdobramento natural da identificação ideológica e política e
das conveniências mútuas, entre empresas capitalistas e "técnicos" do
capitalismo. Mas não necessariamente, como supõem certas interpretações
ditas de esquerda, um desdobramento forçado aos jornalistas. Também
entre os comentaristas e editores há, é provável que em maioria,
identificação com os economistas do capital. E, em certos casos, com o
capital mesmo. O que vai implicar tratamento político -de apoio ou de
oposição- a decisões econômicas e respectivos autores.
Foi a essas críticas políticas que, a meu ver, Dilma Rousseff respondeu
junto com a comunicação do corte maior no preço da energia. Nada a ver
com o lançamento de campanha reeleitoral que lhe foi atribuído pelo
presidente do PSDB, deputado Sérgio Guerra, logo seguido pelos
porta-vozes, assumidos ou não, do PSDB e dos remanescentes do
neoliberalismo.
Do alto de sua aprovação pessoal e da aprovação ao seu governo, o que de
menos Dilma Rousseff precisa é precipitar a disputa eleitoral. Essa
necessidade não é dela, é dos oposicionistas -como se viu, há pouco,
Fernando Henrique propondo o início imediato de um périplo eleitoreiro
de Aécio Neves pelo país afora.
Dilma Rousseff fez a promoção de seu governo como Fernando Henrique
fazia do seu, e todos os presidentes fizeram e fazem. A afirmação de que
falou como candidata leva a uma pergunta: se não a favor do seu governo
e da novidade que lança, nem há algo grave, como é que um/uma
presidente deve falar?
A redução do preço da energia e a queda dos juros agravam o aturdimento
da oposição representada pelo PSDB. Se nela não brota nem uma ideiazinha
nova, para contrapor à queda de juros, desoneração da folha de
pagamento, redução do IPI, ampliação do crédito para casa própria, só
lhe resta dizer que isso não passa de um amontoado de medidas de um
governo sem rumo. Mas não ver nesse amontoado, ainda que para criticar,
uma coerência e um sentido de política a um só tempo industrial e
social, aí já é problema para quem organiza o Enem.
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