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25/01/2013
NOTA DE FALECIMENTO
A reação formal do PSDB ao pronunciamento da presidenta Dilma Rousseff
sobre a redução nos preços das tarifas de energia elétrica, em todo o
país, é o momento mais lamentável do processo de ruptura histórica dos
tucanos desde a fundação do partido, em junho de 1988.
A nota,
assinada pelo presidente da sigla, deputado Sérgio Guerra, de
Pernambuco, não vale sequer ser considerada pelo que contém, mas pelo
que significa. Trata-se de um amontoado de ilações primárias baseadas
quase que exclusivamente no ressentimento político e no desespero
antecipado pelos danos eleitorais inevitáveis por conta da inacreditável
opção por combater uma medida que vai aliviar o orçamento da população e
estimular o setor produtivo nacional.
Neste aspecto, o
deputado Guerra, despachante contumaz dessas virulentas notas oficiais
do PSDB, apenas personaliza o ambiente de decadência instalado na
oposição, para o qual contribuem lideranças do quilate do senador
Agripino Maia, presidente do DEM, e o deputado Roberto Freire, do PPS.
Sobre Maia, expoente de uma das mais tristes oligarquias políticas
nordestinas, não é preciso dizer muito. É uma dessas tristes figuras
gestadas na ditadura militar que sobreviveram às mudanças de ventos
pulando de conchavo em conchavo, no melhor estilo sarneysista. Freire,
ex-PCB, tansformou a si mesmo e ao PPS num simulacro cuja fachada
política serve apenas de linha auxiliar ao pior da direita brasileira.
O PSDB surgiu como dissidência do PMDB que já na Assembleia
Constituinte de 1986 caminhava para se tornar nisto que aí está, um
conglomerado de políticos paroquiais vinculados a interesses difusos
cujo protagonismo reside no volume, a despeito da qualidade de muitos
que lá estão. A revoada dos tucanos parecia ser uma lufada de ar puro na
prematuramente intoxicada Nova República de José Sarney. À frente do
processo, um grande político brasileiro, Mário Covas, que não deixou
herdeiros no partido. De certa forma, aquele PSDB nascido sob o signo da
social democracia europeia, morreu junto com Covas, em 2001. Restaram
espectros do nível de José Serra, Geraldo Alckmin e Álvaro Dias.
Aliás, o sonho tucano só não morreu próximo ao nascedouro, em 1992,
porque Covas impediu, sabiamente, que o PSDB se agregasse ao moribundo
governo de Fernando Collor de Mello, às vésperas do processo de
impeachment. A mídia, em geral, nunca toca nesse assunto, mas foi o bom
senso de Covas que barrou o movimento desastrado liderado por Fernando
Henrique Cardoso, que pretendia jogar o PSDB na fossa sanitária do
governo Collor em troca de assumir o cargo de ministro das Relações
Exteriores. FHC, mais tarde chanceler e ministro da Fazenda de Itamar
Franco, e presidente da República por dois mandatos, nunca teria chegado
a subprefeito de Higienópolis se Covas não o tivesse impedido de aderir
a Collor.
Fala-se muito da extinção do DEM, apesar do suspiro
do carlismo em Salvador, mas essa agremiação dita "democrata" é um
cadáver insepulto há muito tempo, sobre o qual se debruçam uns poucos
reacionários leais. É no PSDB que as forças de direita e os
conservadores em geral apostam suas fichas: há quadros melhores e,
apesar de ser uma força política decadente, ainda se mantém firme em
dois dos mais importantes estados da federação, São Paulo e Minas
Gerais.
E é justamente por isso que a nota de Sérgio Guerra, um
texto que parece ter sido escrito por um adolescente do ensino médio em
pleno ataque hormonal de rebeldia, é, antes de tudo, um documento
emblemático sobre o desespero político do PSDB e, por extensão, das
forças de oposição.
Essas mesmas forcas que acreditam na
fantasia pura e simples do antipetismo, do antilulismo e em outros
venenos que a mídia lhes dá como antídoto ao obsoletismo em que vivem,
sem perceber que o mundo se estende muito além das vontades dos
jornalões e da opinião de penas de aluguel que, na ânsia de reproduzir
os humores do patrão, revelam apenas o inacreditável grau de
descolamento da realidade em que vivem.
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NOTA DE FALECIMENTO
A nota, assinada pelo presidente da sigla, deputado Sérgio Guerra, de Pernambuco, não vale sequer ser considerada pelo que contém, mas pelo que significa. Trata-se de um amontoado de ilações primárias baseadas quase que exclusivamente no ressentimento político e no desespero antecipado pelos danos eleitorais inevitáveis por conta da inacreditável opção por combater uma medida que vai aliviar o orçamento da população e estimular o setor produtivo nacional.
Neste aspecto, o deputado Guerra, despachante contumaz dessas virulentas notas oficiais do PSDB, apenas personaliza o ambiente de decadência instalado na oposição, para o qual contribuem lideranças do quilate do senador Agripino Maia, presidente do DEM, e o deputado Roberto Freire, do PPS. Sobre Maia, expoente de uma das mais tristes oligarquias políticas nordestinas, não é preciso dizer muito. É uma dessas tristes figuras gestadas na ditadura militar que sobreviveram às mudanças de ventos pulando de conchavo em conchavo, no melhor estilo sarneysista. Freire, ex-PCB, tansformou a si mesmo e ao PPS num simulacro cuja fachada política serve apenas de linha auxiliar ao pior da direita brasileira.
O PSDB surgiu como dissidência do PMDB que já na Assembleia Constituinte de 1986 caminhava para se tornar nisto que aí está, um conglomerado de políticos paroquiais vinculados a interesses difusos cujo protagonismo reside no volume, a despeito da qualidade de muitos que lá estão. A revoada dos tucanos parecia ser uma lufada de ar puro na prematuramente intoxicada Nova República de José Sarney. À frente do processo, um grande político brasileiro, Mário Covas, que não deixou herdeiros no partido. De certa forma, aquele PSDB nascido sob o signo da social democracia europeia, morreu junto com Covas, em 2001. Restaram espectros do nível de José Serra, Geraldo Alckmin e Álvaro Dias.
Aliás, o sonho tucano só não morreu próximo ao nascedouro, em 1992, porque Covas impediu, sabiamente, que o PSDB se agregasse ao moribundo governo de Fernando Collor de Mello, às vésperas do processo de impeachment. A mídia, em geral, nunca toca nesse assunto, mas foi o bom senso de Covas que barrou o movimento desastrado liderado por Fernando Henrique Cardoso, que pretendia jogar o PSDB na fossa sanitária do governo Collor em troca de assumir o cargo de ministro das Relações Exteriores. FHC, mais tarde chanceler e ministro da Fazenda de Itamar Franco, e presidente da República por dois mandatos, nunca teria chegado a subprefeito de Higienópolis se Covas não o tivesse impedido de aderir a Collor.
Fala-se muito da extinção do DEM, apesar do suspiro do carlismo em Salvador, mas essa agremiação dita "democrata" é um cadáver insepulto há muito tempo, sobre o qual se debruçam uns poucos reacionários leais. É no PSDB que as forças de direita e os conservadores em geral apostam suas fichas: há quadros melhores e, apesar de ser uma força política decadente, ainda se mantém firme em dois dos mais importantes estados da federação, São Paulo e Minas Gerais.
E é justamente por isso que a nota de Sérgio Guerra, um texto que parece ter sido escrito por um adolescente do ensino médio em pleno ataque hormonal de rebeldia, é, antes de tudo, um documento emblemático sobre o desespero político do PSDB e, por extensão, das forças de oposição.
Essas mesmas forcas que acreditam na fantasia pura e simples do antipetismo, do antilulismo e em outros venenos que a mídia lhes dá como antídoto ao obsoletismo em que vivem, sem perceber que o mundo se estende muito além das vontades dos jornalões e da opinião de penas de aluguel que, na ânsia de reproduzir os humores do patrão, revelam apenas o inacreditável grau de descolamento da realidade em que vivem.
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