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16/02/2013
Pró-Yoani, Veja quer embaixador cubano fora
Do Brasil 247 - 16 de Fevereiro de 2013 às 09:33
Reportagem deste fim de semana denuncia suposta
conspiração cubana, com apoio do governo brasileiro, para manchar a
imagem da polêmica blogueira Yoani Sanchéz, que vem ao País; Reinaldo
Azevedo fala em "escândalo, baixaria, ilegalidade" e que pede
autoridades brasileiras (Álvaro Dias, Roberto Freire, Aloysio Nunes,
Roberto Gurgel...) se movimentem para que o diplomata Carlos Zamora
Rodríguez seja expulso do País; Leandro Fortes, de Carta Capital, vê a
blogueira como "farsante" e "dissidente de luxo"
247 - A blogueira cubana Yoani
Sanchéz, que chega ao Brasil neste domingo, já protagoniza um ridículo
embate ideológico entre seus defensores e detratores. Em reportagem
especial publicada neste fim de semana, a revista Veja denuncia um
suposto eixo PT-Havana, que teria sido montado para destruir a reputação
da polêmica dissidente cubana. Yoani, que produz textos sobre a
realidade cubana em seu blog Generación Y,
será transformada em visitante ilustre apenas por que este é o desejo
de veículos de comunicação alinhados com a Sociedade Interamericana de
Imprensa, a SIP, que a nomeou como vice-presidente da comissão de
liberdade de expressão na Ilha.
No editorial de Veja desta semana, o diretor Eurípedes
Alcântara não se envergonha em falar do Brasil como um país que segue o
comando dos irmãos Fidel e Raúl Castro. Diz Eurípedes que, até antes do
episódio agora descoberto pela revista, o Brasil "não podia ser descrito
como um país-satélite de Havana". O caso em questão trata de uma
suposta reunião promovida pela embaixada de Cuba em Brasília. Nela, o
embaixador Carlos Zamora Rodriguez teria distribuído dossiês sobre
Yoani, em que ela é acusada de tomar cerveja e de comprar bananas – e
que, portanto, teria se rendido ao capitalismo. Diante de representantes
de movimentos sociais, o embaixador teria também revelado uma
estratégia para seguir os passos da cubana no Brasil, numa típica ação
de espionagem internacional.
Como, desta reunião, teria também participado o
funcionário do Planalto Ricardo Poppi, subordinado ao ministro Gilberto
Carvalho, estaria aí a prova do eixo PT-Havana. Um eixo, segundo Veja,
comprovado desde que a revista denunciou dólares de Cuba na campanha
presidencial de Lula em 2002 – algo que, por sinal, jamais se provou.
Liderando a indignação de Veja com a subordinação do
governo brasileiro aos interesses da Havana, o blogueiro Reinaldo
Azevedo pede, nesta manhã, a expulsão do embaixador cubano e cobra
explicações de Gilberto Carvalho. "Com a palavra, a presidente da
República. Com a palavra, o Ministério da Justiça. Com a palavra, o
Senado Federal. Com a palavra, a Polícia Federal. Com a palavra, a Abin.
Com a palavra, o Ministério Público Federal. Com a palavra, os líderes
das oposições", diz Azevedo, em seu post intitulado "Escândalo,
baixaria, ilegalidade" (leia mais aqui sobre o seu mimimi).
Como sempre ocorre, é bastante previsível saber quem usará
a palavra: Álvaro Dias (PSDB-PR), Roberto Freire, Aloysio Nunes
Ferreira (PSDB-SP) e, talvez, Roberto Gurgel.
Do outro lado, o jornalista Leandro Fortes, de Carta
Capital, também escreve sobre Yoani Sánchez, a quem define como uma
dissidente de luxo.
Leia abaixo:
Yoani
Sánchez vive, hipoteticamente, em uma terrível ditadura comunista onde
fazer oposição ao governo é proibido. Mas, ao contrário do que ocorria
com os dissidentes soviéticos, por exemplo, ela não vive presa em um
gulag submetida a trabalhos forçados, mas em casa, em frente ao um
computador, postando em um blog particular.
Além
disso, Yoani Sánchez, ao contrário dos verdadeiros dissidentes cubanos,
aqueles que enfrentavam tubarões para fugir da ilha e aportar nas
areias de Miami para viver o sonho americano, nunca precisou passar por
esse perrengue.
Quando
quis, a brava dissidente cubana foi morar na Suíça, mas percebeu que
entre chocolates finos e paisagens lúdicas logo seria esquecida por seus
financiadores e por seu público ávido por heróis anticomunistas: a
comunidade cubano-americana da Flórida, a Sociedade Interamericana de
Imprensa (SIP) e, claro, o nosso glamouroso Instituto Millenium, da qual
ela é uma das “especialistas”.
Assim,
por motivos extremamente patrióticos, Yoani Sánchez voltou a Cuba para
continuar sendo maltratada, torturada e perseguida pelo famigerado
regime dos irmãos Fidel e Raul Castro.
Mais
ou menos como Morena, da novela Salve Jorge, ao voltar para a Turquia
certa de que, em momentos cruciais da vida, o Ibope é mais importante
que a própria segurança.
Agora,
Yoani Sánchez está chateadíssima com a reforma migratória baixada pela
ditadura cubana, em janeiro, que acabou com a necessidade de se pedir
permissão ao governo para sair do país. Será o fim da vitimização
permanente da blogueira-prisioneira e de seus lamentos virtuais ecoados,
por essas bandas, pelo que há de mais reacionário na mídia e na
sociedade ocidental.
Será,
também, o fim da bolsa-dissidente que a SIP paga a Yoani Sánchez para
ela não ser obrigada a enfrentar as filas para compra de produtos
básicos em Cuba, resultado direto de meio século do criminoso bloqueio
econômico liderado pelos Estados Unidos. Tema, aliás, sobre o qual a
blogueira não costuma se debruçar.
Yoani
Sánchez, quem diria, terá, a partir de agora, que enfrentar a dura
realidade de países capitalistas como o Brasil, onde milhões de pessoas
gostariam de viajar a Cuba para conhecer as delícias, a cultura e a
história desta ilha singular.
Mas não têm dinheiro para isso.
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