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17/05/2013
Barbara Gancia ironiza teatro de Barbosa
Do Brasil 247 - 17 de Maio de 2013 às 11:54
Julgamento do mensalão foi um "teatrinho" criado
pelo presidente do STF, diz a colunista da Folha: "Havia ali o papel do
bandido, do mocinho, tinha a pecha de 'maior julgamento da história' e
havia até a certeza indiscutível de que viríamos um final feliz"
Leia abaixo:
Só teatro
Parece que Joaquim Barbosa anda irrequieto. Alega que um carro preto cheio de homens deu para rondar sua casa. Hmmmm. Na minha modestíssima opinião, podem ser asseclas do Pinguim ou, quem sabe, do Coringa. Mas eu não descartaria algum estratagema terrível da Mulher Gato --nunca se sabe, daquela felina pode-se esperar qualquer coisa.
Quinzão não anda vendo espectros gratuitamente. Teme a hipótese de que o plenário do STF decida em favor de recursos que favoreçam os réus do mensalão que tiveram quatro votos a favor.
Joaquim Barbosa, super-herói da nação, salvador da pátria varonil, azul e anil, não admite hipótese que assegure os direitos dos 37 réus que ele reuniu em um só corpo e julgou simultaneamente. Batman quer jogar todos na cadeia já. Caso contrário estaríamos incorrendo em privilégio de poucos, estaríamos entrando no terreno da "impunidade".
Mas, vem cá: foram quatro os juízes que levantaram dúvidas razoáveis acerca da culpabilidade dos réus, não foram? E, que se saiba, há mais de 800 anos a possibilidade de recurso vem sendo assegurada por lei, certo? Não será a entrada desenhada de luva de Barbosa em campo na disputadíssima contenda do Fla-Flu que irá satisfazer a sede de punibilidade a qualquer custo por parte da torcida, não?
Em 20 ou 30 anos, quando o contexto político for outro; a composição do STF for outra e, quem sabe, a temperatura for mais baixa nas áreas da banca em que ficam empilhadas as revistas semanais, as pessoas quem sabe se darão conta de que o acórdão, a sentença final do mensalão, é um documento sem pé nem cabeça, sem sustentação alguma, sem lógica interna, e que não foi a "impunidade" que o fez naufragar, mas sua falta de coerência.
QUEM SABE.
Desde o dia 1º venho martelando que a peça é capenga. Não, não entendo xongas de direito. Eu mais os milhões de fãs de Barbosa que ficaram meses com o nariz grudado na TV vendo o juiz em ação --sem revide da defesa, diga-se. Mas muito especialista que examinou a papelada reconhece que existe ali mais populismo jurídico do que competência de fato --foram 37 réus julgados de uma vez só por crimes diversos, onde já se viu uma coisa dessas?
Ora, ora, por que será que vários ministros retiraram suas considerações da versão final da sentença, não é mesmo, juiz Fux? O caro leitor já tentou ler o documento? Também não li. Mas quem teve de se debruçar sobre a obra atesta que ela não diz lé com cré.
Em sua sentença, um juiz precisa deixar claro para a sociedade os motivos que o levaram a chegar às suas conclusões. No processo do mensalão, Joaquim Barbosa fabricou um teatrinho que criou na sociedade brasileira uma série de falsas expectativas. Havia ali o papel do bandido, do mocinho, tinha a pecha de "maior julgamento da história" e havia até a certeza indiscutível de que viríamos um final feliz.
Agora, quem criou todas essas esperanças, quem usou de fígado em vez de ciência, quem deu um chute no traseiro da oportunidade histórica e será o responsável pela frustração de um país inteiro, além de reforçar uma perigosa polarização entre correntes de esquerda e direita, é o mesmo homem capaz de se dizer tão desencantado com o sistema a ponto de abandonar a toga e se candidatar a presidente. Duvida? Bem, depois não diga que não foi avisado...
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PITACO DO ContrapontoPIG
Bárbara caiu na real. Deve ter lido (ou deveria) o livro do Paulo Moreira Leite "A Outro História do Mensalão", e acompanhado fatos mais recentes.
No meu entender de leigo, no julgamento se viu:
- condenação com provas tênues? (Robertão);
- condenação sem provas? (..."não tenho provas mas a literatura jurídica me permite condenar..." (Rosa Weber)
- condenação sem crime (após auditorias provou-se não haver uso de dinheiro público);
- 'troca' de réu (atribuíram a Genoíno penas de outro réu);
- uso indevido do 'domínio do fato' (contra a opinião do próprio Claus Roxin);
- pressão desmedida da mídia golpista - "a faca no pescoço" (ex:18 minutos no JN);
- atitudes, digamos - esquisitas - do Joaquim, do Fux e doutros... demonstrando estranhíssima gana de condenar.
A Hildegard Angel tem toda razão: chamou a tudo isto de mentirão.
P.S. Isto sem falar na incrível ressurreição de José Carlos Martinez...!
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