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15/05/2013
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Candidatura de Eduardo Campos volta à prancheta
Blog da Helena por Helena Sthephanowitz, para a Rede Brasil Atual publicado 15/05/2013 15:55, última modificação 15/05/2013 15:58
A pré-candidatura do
governador de Pernambuco à Presidência da República sempre foi de alto
risco para sua imagem. A aposta já pode estar se mostrando uma 'furada'
Segundo noticiado no mês passado, o PSB iria realizar pesquisa após a veiculação do seu programa partidário na TV, que foi ao ar no dia 25 de abril, estrelado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Passados 15 dias, nada se diz a respeito de tal pesquisa. Presume-se que os resultados não tenham sido bons para a pretensa candidatura presidencial, senão seus aliados divulgariam.
Desde então o governador mudou
completamente seu comportamento, tendo se recolhido em Pernambuco,
sempre fazendo agenda local, percorrendo cidades do estado.
Convidado de honra, declinou de
aparecer em eventos que o exporiam na vitrine nacional, como a
comemoração do primeiro de maio em São Paulo da Força Sindical. Também
não foi no encontro do MD (Mobilização Democrática), nem na tradicional
Expozebu, em Minas Gerais, dividir os holofotes com a presidenta Dilma
Rousseff e o senador Aécio Neves.
A pré-candidatura de Campos sempre
foi de alto risco para sua imagem construída como aliado às candidaturas
presidenciais de Lula e Dilma desde 2006.
Fora de seu estado, ele ainda é
pouco conhecido do grande público. Não tem uma identidade política já
formada. Mostrou-se no programa de TV como oposição ao governo Dilma,
num momento em que a presidenta bate recordes de aprovação popular.
É provável que o programa de TV
tenha trazido mais rejeição do que despertado intenções de votos. Para
complicar, Campos apresentou-se ao Brasil sem dizer o que fez em
Pernambuco, aparentando um currículo vazio. Quem o viu como novidade,
ficou com a impressão de que ele não fez nada como governador. Péssima
estratégia.
Dentro de Pernambuco, os
telespectadores que aprovam tanto Dilma no governo federal como Campos
no governo estadual, e os veem como aliados, herdeiros do lulismo,
também não devem ter gostado de ver o governador virar oposição. Parece
apenas um projeto pessoal do governador, pois Dilma é candidata natural à
reeleição. Por que não aguardar até 2018, quando sua candidatura teria
razão para existir? Os telespectadores mais ponderados devem preferir
ver os governos federal e estadual unidos, coisa que deu tão certo para o
estado, de 2006 para cá. E certamente há os que associam o gesto à
"traição". Em qualquer dos casos, há um forte desgaste na imagem
política.
Além do programa do PSB na TV, as
andanças do governador, passando quase a semana inteira fora do estado,
também trás desgastes perante a população. Estamos ainda no início de
2013, e Campos ainda tem pela frente quase um ano com o compromisso de
governar seu estado. Haverá tempo suficiente para viajar à vontade em
campanha a partir de abril de 2014, prazo para desincompatibilização do
cargo. Também, pegou mal para os pernambucanos a declaração de que ele
governava pelo "tablet", quando perguntado sobre passar a semana ausente
de Pernambuco.
Por esses motivos, é possível que a pesquisa que o PSB escondeu tenha captado queda na aprovação do governador.
Além dos problemas com o eleitor,
há os problemas com a articulação política, a começar pelos governadores
do PSB. No Ceará, o governador Cid Gomes defende abertamente o apoio à
Dilma. No Espírito Santo, o governador Renato Casagrande, e no Amapá, o
governador Camilo Capiberibe, querem Dilma em seus palanques. Se Campos
sair candidato defendem o palanque duplo. O governador do Piauí, Wilson
Martins, quer concorrer ao Senado, e não se sente confortável com Dilma e
a Lula em palanques adversários. Só Ricardo Coutinho, na Paraíba, se
anima com a candidatura de Campos, já que no estado PT e PMDB lhe fazem
oposição.
A própria deflagração de sua
pré-campanha presidencial, provocou o processo sucessório ao governo de
Pernambuco, muito antes do que o desejado. Hoje há pelo menos três
pré-candidatos disputando seu apoio: o vice João Lyra (PDT), o ministro
da integração, Fernando Bezerra (PSB), e o senador Armando Monteiro Neto
(PTB). Se Campos já optar por um, corre o risco de perder o apoio dos
outros dois. Precisa apagar o incêndio para não perder o controle de sua
sucessão e evitar que sua base de apoio rache. Isso sem contar com a
movimentação do PT, que certamente terá candidato forte se Campos não se
compuser com Dilma.
Apesar de suas intensas
articulações em outros estados, Campos não conquistou apoios de peso.
Pelo contrário, levaram pretensos aliados a se aproximarem mais de
outros candidatos. José Serra, cogitado para sair candidato a governador
pelo MD apoiando Campos para presidente, usou essa hipótese apenas para
se cacifar dentro do PSDB. Se sair, muito provavelmente será para
candidatar-se a presidente por outro partido, e não para apoiar Campos. O
PSD de Kassab, que já cogitou até a fundir com o PSB em passado
recente, aproximou-se mais do governo Dilma, inclusive compondo o
ministério.
O cenário político sempre pode
mudar e muda, mas as pré-candidaturas, para angariar apoios, dependem
muito de expectativa de poder. É bem possível que a expectativa de poder
da candidatura de Eduardo Campos tenha diminuído nas últimas semanas.
Isso também explica o governador ter se voltado mais para a política
pernambucana do que a nacional, ultimamente.
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