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08/11/2013
Nassif: ao mirar em Kassab, MP estaria livrando Serra
Do Brasil 247 - 8 de Novembro de 2013 às 19:44

"Qualquer pessoa minimamente antenada com a
política paulista sabe que os fiscais da prefeitura respondiam à
Secretaria de Finanças, cujo titular era Mauro Ricardo, que respondia
exclusivamente a José Serra", diz o jornalista Luis Nassif, em texto
sobre a máfia dos fiscais da prefeitura
247 - A estratégia
de atacar o ex-prefeito Gilberto Kassab, segundo o jornalista Luis
Nassif, pode servir ao interesse dos que pretendem livrar José Serra,
que seria o verdadeiro chefe das finanças de São Paulo.
Leia abaixo:
As acusações a Kassab e os vícios dos inquéritos dos MPs
Leia abaixo:
As acusações a Kassab e os vícios dos inquéritos dos MPs
Qualquer pessoa minimamente
antenada com a política paulista sabe que os fiscais da prefeitura
respondiam à Secretaria de Finanças, cujo titular era Mauro Ricardo, que
respondia exclusivamente a José Serra.
Não se conclui, a partir dai, que
Mauro seja culpado ou não. Há que se juntar mais evidências, além do
fato de ele ter trancado as investigações contra os fiscais ou a
constatação de que bastaria uma mera análise dos processos de pagamentos
de ISS pelos empreendimentos imobiliários para se desvendar os crimes.
A questão é esse empenho dos
promotores e dos jornais de, a partir de uma declaração solta, jogar
toda a conta no colo de Gilberto Kassab. Quem pode garantir que, por
trás dessas denúncias, nao exista a intenção de livrar outros suspeitos?
Apesar da seriedade dos procuradores, ninguém pode garantir, devido ao
amplo desvirtuamento dos inquéritos, por essa simbiose com o jornalismo
sensacionalista.
Aliás, as primeiras versões do
caso diziam que a corregedoria da Prefeitura abriu inquérito para apurar
as denúncias e Mauro Ricardo ordenou seu arquivamento. Depois, essa
versão sumiu do noticiário.
Nos processos judiciais, não
existe o poder absoluto. O procurador está preso às provas colhidas pelo
inquérito conduzido pela Polícia Federal e por ele próprio; depois,
apresentado à Justiça, com a possibilidade dos suspeitos mostrarem sua
versão. Tudo de modo público e transparente, evitando que qualquer parte
disponha do poder absoluto sobre os fatos.
Quando se monta essa parceria procurador-jornalista, todos esses filtros desaparecem.
Cada inquérito tem, por assim
dizer, duas pastas. Na pasta A, os documentos e provas obtidas
legalmente, com autorização da Justiça e cumprindo os procedimentos
legais. Na pasta B, os documentos e provas de procedência duvidosa,
quebras de sigilo telefônico sem autorização judicial, buscas
irregulares etc. É a pasta mais apimentada - e aquela cuja existência
pode contaminar o inquérito.
Em geral, essas pastas são a moeda
de troca dos procuradores e jornalistas. Ambos se tornam os juízes
finais do caso, porque podem selecionar as provas que quiserem,
escandalizarem a parte que lhes interessa, direcionar a opinião pública
para a linha de investigação que planejarem, mesmo porque a maior parte
das manchetes será feita em cima de elementos que não constarão dos
autos.
Investigam, julgam e condenam -
pela imprensa - sem direito ao contraditório e sem mostrar o conjunto de
provas. Depois, no julgamento formal, ou as provas obtidas legalmente
são insuficientes ou, com o vazamento das irregulares, se fornece o
argumentos de que os advogados necessitam para anular o inquérito.
Ambos os MP - o Federal e o
Estadual - são constituídos de procuradores sérios e empenhados. A
questão é que o método adotado não permite separar o joio do trigo,
induz a abusos, sim.
Em ambos os casos, afeta-se profundamente a imagem da Justiça.
Tome-se o procurador Rodrigo de Grandis. Seu primeiro caso célebre foi o inquérito contra o contrato da MSI com o Corinthians.
Conforme a descrição bombástica da Veja:
"Um dos maiores escândalos já
ocorridos no esporte brasileiro. E o caso está longe de terminar: há
possibilidade real de que os principais envolvidos na parceria terminem
presos. As investigações da Polcia Federal e do Ministrio Público
identificaram uma longa lista de crimes no clube. Há suspeitas de evaso
de divisas e sonegação fiscal. Gravações telefônicas interceptadas com
autorização judicial mostram Kia falando abertamente em lavagem de
dinheiro. Um inquérito da PF também investigará dirigentes do clube e da
MSI por formação de quadrilha".
Até hoje não há sequer sentença de primeira instância. Cadê a imensidão de provas?
Ou, agora, essa enxurrada de
matérias sobre os inquéritos do Metrô. Antes disso, 16 inquéritos haviam
sido arquivados em São Paulo e motivado uma representação do PT junto
ao CNMP (Conselho Nacional do MInistério Público). A satisfação dada vem
na forma desse vazamento seletivo de provas, que nem se sabe se têm
valor legal ou se representam de fato a essência das acusações.
Em boa hora o novo Procurador
Geral da República Rodrigo Janot anunciou a intenção de disciplinar o
manuseio de documentos pelo Ministério Público. Na medida, a intenção de
devolver ao inquérito seu papel sério de peça jurídica, acabando com
essa história de jogar apenas para a mídia.
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