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12/02/2014
A toga do 1%
Eu não seria cínico o suficiente para dizer que não gostei do braço
erguido do deputado petista André Vargas diante de Joaquim Barbosa no
Congresso.
Foi infantilidade? Foi. Foi desabafo? Foi. Foi desrespeito? Não. Por que não? Porque JB mereceu.
Não é desrespeitado quem merece ser desrespeitado.
Mesmo para um não petista como eu, ele simboliza o que existe de mais atrasado e retrógrado no Brasil. É a toga do 1%. Se eu me sinto assim, imagine o que sentem militantes e simpatizantes do PT, como Vargas.
O gesto de Vargas não feriu ninguém. Mas as ações de JB ferem.
Agora mesmo: faz sentido ele revogar uma decisão de Lewandowski apenas para punir Dirceu e impedi-lo de trabalhar quanto antes?
Ah, mas Lewandowski desautorizou Barbosa antes.
Mas entre as duas desautorizações vai uma distância formidável.
JB colocou Dirceu na geladeira por causa de uma nota – isto, uma nota – da Folha de S. Paulo.
Conhecemos todos a precisão da Folha. No obituário do jornalista Renato Pompeu, na segunda feira, a homenagem foi para Renato Pompeu de Toledo.
A nota falava de um telefonema que Dirceu trocara com um secretário do governo da Bahia. Dirceu negou, o secretário negou, o presídio – depois de uma investigação – negou.
Mas JB permaneceu acreditando na veracidade da nota, como uma velhinha de Taubaté ao contrário.
Isto – a fé cega numa mídia cujos interesses são conhecidos — mostra muita coisa. Grande parte das alegadas evidências do Mensalão derivou de “denúncias” da mídia.
Num voto louvado por colunistas no Mensalão, um juiz se declarou indignado porque todo dia, ao abrir os jornais, via um escândalo.
Não passava pela cabeça do ministro, aparentemente, que as denúncias pudessem ser, simplesmente, infundadas. Ele tomava as coisas que lia como verdade inquestionáveis, como um muçulmano diante do Alcorão.
Ora, a Veja – confiante na impunidade que calúnias têm perante a justiça brasileira – chegou a publicar uma capa com uma suposta conta de Lula no exterior em que dizia, numa das coisas mais patéticas que já cometidas no jornalismo nacional, que não conseguira provar nem desmentir a acusação.
Não conseguiu provar, e ainda assim publicou um fato de extrema gravidade em relação à honra do acusado, o “presidente-retirante”, como o definiu um aristocrático blogueiro de Taquaritinga.
A sociedade, nos últimos anos, foi aprendendo a entender melhor a lógica da imprensa. Daí a perda de influência. Mar de lama só aparece em governos populares.
Mas os ministros do STF não aprenderam o que a voz rouca das ruas, em sua humildade insuperável, aprendeu. E dão um valor desmedido ao festival de escândalos com o qual se tenta minar qualquer presidente que não governe para o 1%.
Foi assim que uma nota da Folha – a Folha do Renato Pompeu de Toledo – virou uma coisa capaz de afetar (piorar é um verbo mais preciso) a vida de um presidiário quando lida por Joaquim Barbosa.
A presidência de JB caminha para seus últimos meses. Eleito em outubro de 2012, ficará no cargo dois anos – a não ser que saia antes para concorrer a algum cargo.
Pelo conjunto da obra, pela mistura deletéria de rancor com pequenez de espírito, JB se credencia a concorrer ao título de pior presidente da história do STF.
Basta ver quem o apoia: apenas o que há de mais reacionário na sociedade brasileira.
Se JB fosse um produto da Amazon, apareceria o seguinte. Quem gosta dele gosta também de Feliciano, Bolsonaro, Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo, Lobão, Veja, Globo, Sheherazade, Gentili, Tas et caterva.
Foi infantilidade? Foi. Foi desabafo? Foi. Foi desrespeito? Não. Por que não? Porque JB mereceu.
Não é desrespeitado quem merece ser desrespeitado.
Mesmo para um não petista como eu, ele simboliza o que existe de mais atrasado e retrógrado no Brasil. É a toga do 1%. Se eu me sinto assim, imagine o que sentem militantes e simpatizantes do PT, como Vargas.
O gesto de Vargas não feriu ninguém. Mas as ações de JB ferem.
Agora mesmo: faz sentido ele revogar uma decisão de Lewandowski apenas para punir Dirceu e impedi-lo de trabalhar quanto antes?
Ah, mas Lewandowski desautorizou Barbosa antes.
Mas entre as duas desautorizações vai uma distância formidável.
JB colocou Dirceu na geladeira por causa de uma nota – isto, uma nota – da Folha de S. Paulo.
Conhecemos todos a precisão da Folha. No obituário do jornalista Renato Pompeu, na segunda feira, a homenagem foi para Renato Pompeu de Toledo.
A nota falava de um telefonema que Dirceu trocara com um secretário do governo da Bahia. Dirceu negou, o secretário negou, o presídio – depois de uma investigação – negou.
Mas JB permaneceu acreditando na veracidade da nota, como uma velhinha de Taubaté ao contrário.
Isto – a fé cega numa mídia cujos interesses são conhecidos — mostra muita coisa. Grande parte das alegadas evidências do Mensalão derivou de “denúncias” da mídia.
Num voto louvado por colunistas no Mensalão, um juiz se declarou indignado porque todo dia, ao abrir os jornais, via um escândalo.
Não passava pela cabeça do ministro, aparentemente, que as denúncias pudessem ser, simplesmente, infundadas. Ele tomava as coisas que lia como verdade inquestionáveis, como um muçulmano diante do Alcorão.
Ora, a Veja – confiante na impunidade que calúnias têm perante a justiça brasileira – chegou a publicar uma capa com uma suposta conta de Lula no exterior em que dizia, numa das coisas mais patéticas que já cometidas no jornalismo nacional, que não conseguira provar nem desmentir a acusação.
Não conseguiu provar, e ainda assim publicou um fato de extrema gravidade em relação à honra do acusado, o “presidente-retirante”, como o definiu um aristocrático blogueiro de Taquaritinga.
A sociedade, nos últimos anos, foi aprendendo a entender melhor a lógica da imprensa. Daí a perda de influência. Mar de lama só aparece em governos populares.
Mas os ministros do STF não aprenderam o que a voz rouca das ruas, em sua humildade insuperável, aprendeu. E dão um valor desmedido ao festival de escândalos com o qual se tenta minar qualquer presidente que não governe para o 1%.
Foi assim que uma nota da Folha – a Folha do Renato Pompeu de Toledo – virou uma coisa capaz de afetar (piorar é um verbo mais preciso) a vida de um presidiário quando lida por Joaquim Barbosa.
A presidência de JB caminha para seus últimos meses. Eleito em outubro de 2012, ficará no cargo dois anos – a não ser que saia antes para concorrer a algum cargo.
Pelo conjunto da obra, pela mistura deletéria de rancor com pequenez de espírito, JB se credencia a concorrer ao título de pior presidente da história do STF.
Basta ver quem o apoia: apenas o que há de mais reacionário na sociedade brasileira.
Se JB fosse um produto da Amazon, apareceria o seguinte. Quem gosta dele gosta também de Feliciano, Bolsonaro, Olavo de Carvalho, Reinaldo Azevedo, Lobão, Veja, Globo, Sheherazade, Gentili, Tas et caterva.
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