sábado, 19 de abril de 2014

Contraponto 13.774 - "Blogueiro viajando"

.
19/04/2014

Blogueiro viajando





O editor do ContrapontoPIG estará viajando para o exterior em visita a familiares no período de 20de abril a 08 de maio.

Neste período as postagens não terão a regularidade costumeira.    

Obrigado.

.
.

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Contraponto 13.773 - "O melhor teste para descobrir se uma sociedade é justa"

.

18/04/2014

O melhor teste para descobrir se uma sociedade é justa


O filósofo americano John Rawls investigou a justiça social. E criou uma teoria simplesmente brilhante

Copenhague: a sociedade escandinava é mais igualitária e mais feliz que a americana

Copenhague: a sociedade escandinava é mais igualitária e mais feliz que a americana



Paulo NogueiraO filósofo americano John Rawls (1921-2002) se debruçou sobre esta pergunta. Em 1971, Rawls publicou um livro aclamado: “A Teoria da Justiça”.

A idéia central de Rawls era a seguinte: uma sociedade justa é aquela na qual, por conhecê-la e confiar nela, você aceitaria ser colocado de maneira randômica, aleatória. Você estaria coberto pelo que Rawls chamou de “véu de ignorância” em relação à posição que lhe dariam, mas isso não seria um problema, uma vez que a sociedade é justa.
Mais de quarenta anos depois do lançamento da obra-prima de Rawls, dois acadêmicos americanos usaram sua fórmula para fazer um estudo. Um deles é Dan Ariely, da Universidade Duke, especializado em comportamento econômico. O outro é Mike Norton, professor da Harvard Business School.

Eles ouviram pessoas de diferentes classes sociais. Pediram a elas que imaginassem uma sociedade dividida em cinco fatias de 20%. E perguntaram qual a fatia de riqueza que elas supunham que estava concentrada em cada pedaço.

“As pessoas erraram completamente”, escreveu num artigo Ariely. “A realidade é que os 40% de baixo têm 0,3% da riqueza. Quase nada. Os 20% de cima têm 84%.”

Em seguida, eles aplicaram o “véu de ignorância de Rawls”. Como deveria ser a divisão da riqueza para que eles se sentissem seguros caso fossem colocados ao acaso na sociedade?

 Cena comum nos Estados Unidos de hoje: “tent cities”,
 concentração em barracas de gente que perdeu a casa

Veio então a maior surpresa dos dois acadêmicos: 94% dos entrevistados descreveram uma divisão que corresponde à escandinava, tão criticada pelos conservadores dos Estados Unidos por seu elevado nível de bem-estar social, e não à americana. Na Escandinávia, os 20% de cima têm 32% da riqueza. (Disse algumas vezes já e vou repetir: o modelo escandinavo é o mais interessante que existe no mundo, um tipo de capitalismo extremamente avançado do ponto de vista social.)

“Isso me levou a pensar”, escreveu Ariely. “O que fazer quando num estudo você descobre que as pessoas querem um determinado tipo de sociedade, mas ao olhar para a classe política parece que ninguém quer isso?”

Bem, uma das respostas à questão está na eclosão de protestos nos Estados Unidos. Os “99%” do movimento Ocupe Wall Street estão esperneando por uma sociedade mais justa, que se encaixe na tese do “véu de ignorância” de Rawls.

Os 99% não são representados nem pelos democratas e nem, muito menos, pelos republicanos. Barack Obama e Mitt Romney jamais aceitariam ser colocados aleatoriamente na sociedade americana tal como é. As chances de que eles terminassem num lugar bem diferente daquele que ocupam seriam enormes. Talvez eles tivessem que dormir em carros ou em barracas, depois de perder a casa na crise econômica, como acontece hoje com milhões de americanos.

Para usar o método de Rawls, eis aí a demonstração do que é uma sociedade injusta.
Paulo Nogueira. Jornalista, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
.

Contraponto 13.772 - "Globope pode fazer o que quiser com 30 milhões"

 .

18/04/2014

Globope pode fazer o que quiser com 30 milhões


Conversa Afiada - Publicado em 18/04/2014

Esses 4 ou 5% dispersos pelos factóides são totalmente aleatórios.


Como se sabe, o Brasil leva o Globope e o Datafalha a sério – uma prova de irremediável subdesenvolvimento, disse o Marcos Coimbra.

O último Globope, exibido como sequel do programa eleitoral – sem que seja candidato … – do Aécio Never, tinha distorções graves, como observa amigo navegante que se irrita com o tempo que se gasta com essas pesquisas inúteis.

Diz ele:

Quando a pergunta se restringe a 3 candidatos (Dilma, Aécio e Eduardo ou Marina), Dilma chega a 39%, Aécio e Eduardo e Marina ficam lá patinando como sempre.

Por que o IBOPE enfatiza a pesquisa com maior dispersão, incluindo pastores e outros factóides eleitorais?

Veja que no questionário relevante, repito, Dilma vai a 39% da preferência.

Estável, portanto, se admitirmos, como é razoável admitir, que esses 4 ou 5% dispersos pelos factóides são totalmente aleatórios.


NAVALHA 









Navalha




E não é só isso.
Vamos supor que o Globope e o Datafalha NÃO sejam virtuosos.

O que está muito longe de qualquer isenta análise.

Eles têm uma história de virtude e precisão.

Mas, vamos supor que, às vezes, num ato de irresistível tentação, eles pretendessem ajudar seus candidatos: da Folha e da Globo Overseas. Nas úultimas eleições presidenciais de 2010 – aquela em que o Cerra (que o Bessinha se permitiu homenagear nessa Semana da Paixão) deu uma surra num poste -, votaram 140 milhões de brasileiros.

10% dos votos foram brancos e nulos.

Sobram 126 milhões de votos validos.

Se o Datafalha e o Globope NÃO fossem virtuosos, eles teriam à disposição dois pontos percentuais para lá e dois pontos percentuais para cá para administrar.

Porque, como se sabe, “margem de erro” é mais flexível que bambu na ventania.

Dois pontos pra lá e dois pontos pra cá num universo de 126 milhões equivalem à população de Minas e do Rio Grande do Sul somadas !

É muito poder !

Seria inadmissível que DOIS institutos de pesquisa (?), se não fossem virtuosos, pudessem, numa canetada, num telefonema – como o Augusto Montenegro costumava fazer no fechamento da cobertura de eleições da Globo quando o ansioso blogueiro lá trabalhava – num telefonema pudesse administrar os votos da população de Minas e do Rio Grande do Sul:
“Tira daqui, põe ali !”.

Ainda bem que eles são virtuosos !
E a Globo e a Folha (*) também.

 Paulo Henrique Amorim

____________________________

PITACO DO ContrapontoPIG

 
Globope metendo a mão na margem...
____________________________ 
.

Contraponto 13.771 - "A manipulação da informação por parte da imprensa com fins eleitorais"

  .

18/04/2014  

A manipulação da informação por parte da imprensa com fins eleitorais

A manipulação da informação por parte da imprensa com fins eleitorais detonada por professores de direito constitucional em um programa da TV Globo.

A tentativa da grande imprensa para influenciar o resultado as eleições é clara.

Um próprio jornalista de uma das empresas, a rede Globo, critica severamente esta forma de jornalismo:

Neste ano, a leitura enviesada dos dados fornecidos pela Petrobras e a tentativa de colocar Dilma como responsável por supostas irregularidades na empresa é mais uma tentativa da grande mídia influenciar no processo eleitoral....

.... o que é crime....

Nassif abordou essa "ginástica" em:

http://jornalggn.com.br/noticia/comecaram-as-interpretacoes-da-fala-de-c...


16/04/2014 - 15:52 - Atualizado em 16/04/2014 - 16:22
 

 
É curiosa a ginástica dos bons comentaristas da Globonews.

Parecem em palpos de aranha, entre analisar com isenção a fala de Nestor Cerveró e atender às demandas da casa.

No intervalo da fala de Cerveró, disseram que na época a compra foi um bom negócio, indo totalmente contra a avaliação da presidente da Petrobras Graça Foster que afirmou que foi um mau negócio.

Em seu depoimento, Graça afirmou a mesma coisa: na época a compra foi considerada um bom negócio. Tornou-se mau negócio após a mudança nas condições mundiais do mercado.

Depois, os comentaristas admitem que Cerveró se saiu bem, que a oposição estava mal preparada. No momento seguinte, afirmam não tem como explicar o prejuízo de US$ 500 milhões. Batem na afirmação de Graça Foster, de que foi um mau negócio.

Graça Foster, José Gabrielli e Cerveró falaram a mesmíssima coisa: era um bom negócio antes da mudança de cenário.

A maneira como comentaristas e parlamentares manipulam falas é uma grandiosidade.
Vida difícil!

Na sabatina, com algumas exceções, como Ivan Valente e Rodrigo Maia, o nível dos parlamentares foi baixíssimo. Parlamentares como Roberto Freire e o delegado Franceschini não ajudam a melhorar a imagem do parlamento.
.

.

Contraponto 13.770 - " 'Apanhe quieta', diz a mídia a Dilma. Só falta pedir para dizer 'obrigado'. "

. .

18/04/2014 

 

“Apanhe quieta”, diz a mídia a Dilma. Só falta pedir para dizer “obrigado”.


Tijolaço - 18 de abril de 2014 | 11:56
cordeis
A Folha de hoje noticia que “Dilma atende Lula e parte para o ataque“.



Autor: Fernando Brito 
.

Título impróprio, pois o próprio texto diz que as recomendações feitas por Lula  seriam de que “a ordem agora é não deixar nenhuma crítica sem resposta”.

Portanto, a de defender-se.  E, no máximo, partir para o contra-ataque.

Ou seja, interromper este longo calvário em que seu Governo vem sendo impiedosamente espancado pela mídia – o que é o “natural” neste “antinatural” sistema de comunicação brasileiro.

Defender-se com vigor, por incrível que pareça, não é a regra dos manuais de política.

Embora seja estranho, é mais comum do que parece a reação das pessoas na vida pública  de “não reagir, não responder”.

Milhões de vezes ouvi que “não desse cartaz”, “ninguém leu isso”,  ”se responder só aumenta a divulgação do problema” e outras coisas semelhantes.
Erro grosseiro.

Um governo tem de se defender todo o tempo. De seus adversários e, até, de seus próprios integrantes, porque não é raro que as disputas internas vão parar nos jornais, na forma de “derrubar” desafetos.

É claro que a forma de fazê-lo tem de guardar sintonia com a natureza do próprio governo.
Mas, neste caso, caberia perguntar se os brasileiros que elegeram Dilma elegeram “aquela moça calminha, cordata, pacata”…

Ela até pode e deve ser assim diante dos ataques políticos, que são próprios da democracia e devem ser tratados com a mais absoluta civilidade, exclusivamente no plano das ideias.
Mas não é o que está ocorrendo.

Vejam os exemplos citados na reportagem como reações “bateu, levou” do Governo Dilma e julguem se isso é o natural do embate político:

- “a reclamação disciplinar contra a promotora que pediu quebra de sigilo de celulares do Planalto”
Meu Deus, será isso uma reação violenta ou se é, isto sim, uma violência inominável – e um crime! –  uma promotora servir-se de um estratagema cartográfico para fazer o Supremo Tribunal Federal qubrar o sigilo telefônico do Presidente da República, dos integrantes do Congresso e até, dos seus próprios ministros? Esta senhora deveria, a esta altura, estar respondendo a uma reclamação disciplinar, mas a um processo-crime!

-a elaboração de uma propaganda oficial contra alegação do governo de Minas de que o governo federal seria responsável pelo aumento da conta de luz no Estado

Ué, uma empresa pública estadual vai à televisão dizer que é o Governo Federal o responsável por um aumento de tarifas que ela própria solicitou e em valores dobrados  em relação ao concedido e isso deve ser aceito calado? Ainda mais quando usa, sordidamente, uma linguagem traiçoeira, ao dizer que o reajuste era coisa “lá de Brasília”?

Não recordo de ter havido uma reação indignada da imprensa, procurando saber quem eram os responsáveis por isso, quanto tinha sido gasto para fazer politicagem na TV nem a posição dos patronos políticos do governo mineiro.

Por último, discute-se a realização de uma campanha publicitária sobre a Copa do Mundo…

Ora, o que se deveria estar discutindo, em forma de crítica ao Governo Dilma, era a ausência, até agora, desta campanha, que será tão menos eficiente quanto mais se aproxime a Copa, porque a competição será o mote de, praticamente, toda a atividade publicitária comercial do país e, é evidente, o impacto de uma campanha institucional sobre ela tenderá a se diluir na “multidão” de mensagens.

Então, será que querem o governo Dilma para Cristo, sofrendo aquilo que se lê em Isaías 53:7 :  Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.


Tudo o que se quer – e todos querem, inclusive Lula, a quem a matéria atribui “intervenção”, mesmo depois dizendo que é “recomendação – é que o Governo Dilma Rousseff  e abra a boca preste  contas à sociedade do que fez e do que faz e não, simplesmente, deixe por conta da mídia dizê-lo.

Porque é tão grande o partidarismo desta mídia que, a depender dela, a impressão que se tem é a de que que faz quase nada e aquilo que faz, faz errado.

Até reduzir o preço da energia elétrica já virou “grave erro”.

Aqui no Brasil não querem apenas o diálogo do lobo com o cordeiro. Querem que o cordeiro, de preferência, seja também amarrado e amordaçado.

E que nem berre enquanto as presas do lobo o destroem.
.

Contraponto 13.769 - "Rápido avanço da ultradireita leva judeus a deixar a Europa"

.

18/04/2014


Rápido avanço da ultradireita leva judeus a deixar a Europa



Enviado por Demarchi


A comunidade judaica francesa tem sido alvo de ataques cada vez mais frequentes

Correio do Brasil - Por Redação, com agências internacionais - de Moscou e Paris

O avanço dos partidos de ultradireita, de tendência nazista, tem levado um número cada vez maior de judeus a sair da França e da Ucrânia, principalmente, diante do que a comunidade classifica como uma onda crescente de antissemitismo. Segundo o articulista russo Aleksander Medvedovsky, mesmo na Alemanha – que viveu os horrores dos campos de concentração – tem sido complacente com o neonazismo. “Angela Merkel, que está recebendo críticas no Bundestag (o parlamento alemão) pela inexplicável passividade em relação à ultradireita no país vizinho”, afirmou Medvedovsky.

Segundo dados de uma agência especializada na emigração de judeus para Israel, 3,2 mil pessoas seguiram esta rota em 2013, um aumento de 63% no número registrado em 2012. Muitos afirmam que a crise econômica e o desemprego na França, que chega ao índice de 11%, contribuem para a onda de emigração. O governo de Israel também estimula a mudança, dando ajuda aos que chegam ao país e reconhecimento a diplomas e qualificações conseguidas na França.

Na semana passada, milhares de judeus franceses participaram de uma feira em Paris com informações sobre a mudança para Israel, em meio a um aumento sem precedentes na imigração para o Estado judeu e uma onda de ataques antissemitas. De acordo com a Agência Judaica, a aliá(migração) para Israel, a partir da França, registrou um aumento dramático de três vezes, em janeiro e fevereiro de 2014, em comparação com um ano antes. No total foram 3.280 imigrantes da França que chegaram a Israel, em 2013, em comparação com os 1.917 do ano anterior.

O Bureau Nacional de Vigilância contra o Antissemitismo, um grupo de vigilância conhecido como BNVCA, com base em Drancy, registrou uma série de incidentes antissemitas na França, nas últimas semanas, incluindo um ataque violento contra um professor judeu e um ataque com faca a um rabino e seu filho, em Paris.

Fascismo

Ainda segundo Medvedovsky, “em 1965, 20 anos depois do final da Segunda Guerra Mundial, o cineasta Mikhail Romm produziu o filme chamado Fascismo Ordinário (também conhecido comoFascismo de Todos os Dias), um documentário que conta a história do nascimento do fascismo na Alemanha e suas consequências, e que foi o primeiro filme a ter o objetivo de fazer não esquecer aquilo que a humanidade nunca poderá esquecer”.

Leia, a seguir, os principais trechos do artigo:
Nos anos seguintes, aqui e ali, surgiram alguns movimentos neonazistas, até mesmo nas grandes democracias europeias. Engraçado é que os mais atingidos foram os países que mais sofreram na Segunda Guerra Mundial.

Um dos países onde o fascismo gradualmente começou a ganhar força foi a Ucrânia, devastada durante aquele conflito. Ela foi campo de grandes batalhas contra as forças alemãs, e se transformou numa imensa cova de milhares de soldados que deram suas vidas pela liberdade e pela Pátria.

Passaram-se 69 anos. O ultradireitista Dmitri Yarosh, criminoso procurado por participar da guerrilha chechena, defensor da limpeza étnica, dono de um fortemente armado e treinado exército de paramilitares – base da Guarda Nacional ucraniana, de acordo com as revelações da imprensa internacional –, candidatou-se ao cargo de presidente da Ucrânia.

O Governo da Rússia repassou à Interpol a documentação sobre o mandado de prisão desse criminoso, líder da organização ultranacionalista ucraniana Setor de Direita, que mantém o poder em Kiev. O Comitê de Investigação da Rússia emitiu uma ordem de busca e captura internacional para Yarosh, sob a acusação de incitar o terrorismo através da mídia, depois que o ucraniano requisitou pelas redes sociais o apoio do líder extremista e terrorista checheno Doku Umarov.

O líder ultranacionalista ucraniano anunciou em entrevista a uma agência de notícias de seu país que, no caso de um conflito armado da Ucrânia com a Rússia, a sua organização Setor de Direita iria atacar e danificar a infraestrutura de transporte de petróleo e gás russos para a Europa, cortando assim a fonte de renda de Moscou com estes recursos.

Dias depois, Yarosh foi igualmente acusado pelo Comitê de Investigação russo de ter participado de combates contra soldados russos na Chechênia em 1994 e 1995. A informação foi prestada pelo porta-voz do Comitê, Vladimir Markin. Segundo ele, Yarosh considera que a Rússia é um inimigo eterno da Ucrânia e está convencido da necessidade de uma guerra entre os dois países.

Yarosh exigiu do governo da Ucrânia a imediata formação de um Comando Supremo e a declaração de uma mobilização geral da população. Junto a isso, pediu que os armamentos estocados nas regiões fronteiriças fossem transferidos para o interior do país, e requisitou o fornecimento de novas armas junto aos países da União Europeia. No currículo dele e da sua tropa constam a participação mais do que ativa no golpe de estado do dia 22 de fevereiro e a derrubada do legítimo presidente da Ucrânia.

São bem conhecidos os métodos da turma dele, de convencer os deputados de Parlamento Ucraniano a votar de acordo com os seus desejos. A demissão forçada, inclusive com força física, do diretor do primeiro canal de televisão da Ucrânia, só porque permitiu aos espectadores assistir às palavras do presidente da Rússia Vladimir Putin, foi amplamente divulgada pela mídia internacional.

E como reagiram os novos amigos ocidentais – senadores, membros do Parlamento Europeu e governos da Europa, e consultores de toda espécie do novo governo “pré-democrático” da Ucrânia, apoiado pelas forças de extrema direita? Não reagiram, não perceberam nada, muito pelo contrário, abraçaram o pessoal de direita nas ruas de Kiev e declararam que não existem violência e antissemitismo na Ucrânia, e somente em situações super alarmantes pediram um pouco de calma.

Levando em consideração a prática de violência e terror demonstrada recentemente pelos seus correligionários em Kiev e outras cidades ucranianas, e o descontrole que domina o país, o caminho de Dmitri Yarosh para a presidência pode ser bem mais curto do que muita gente imagina, lembrando a Alemanha dos anos 40 do século passado.

Não seria, portanto, uma boa ideia exibir O Fascismo Ordinário para todos aqueles que por ‘ingenuidade’ ou ‘amnésia’ não lembram ou esqueceram as palavras ‘nazismo’, ‘assassinatos’, ‘violência’, ‘guerra mundial’?

Vamos deixar os conselhos de lado. Essa gente boa não precisa de conselhos. Eles conhecem a história, mas pensam que ela preparou para eles outro desfecho.

Os dirigentes da Polônia, por exemplo. Auschwitz não está tão longe da capital, e o gueto estava na própria Varsóvia, mas não se fala do fascismo no país vizinho. Em compensação, há ameaças a outro vizinho, e doze aviões de caça americanos em sua própria terra.

Angela Merkel, que está recebendo críticas no Bundestag (o parlamento alemão) pela inexplicável passividade em relação à ultradireita no país vizinho, quer ensinar o pai-nosso e boas maneiras aos russos?

A França… A ultradireita já está batendo à sua porta, mas o discurso dos dirigentes continua… Sem comentários…

A subsecretária de Estado dos EUA, Wendy Sherman, depois de visita à praça da Independència, em Kiev, e conversas com seus novos parceiros na luta “pela democracia e a liberdade”, por sua vez deverá estar muito ocupada no próximo Yom Kippur – o dia mais sagrado para os judeus – quando cada um deverá pedir perdão pelas besteiras que cometeu.

Tudo isso é ao mesmo tempo triste, nojento, mas tremendamente ridículo e medíocre como são aqueles que se consideram democratas e os únicos e perpétuos donos da verdade, na sua ganância e interesses mesquinhos, sempre distantes da vontade de seus povos.

E o fascismo de 2014? Horroroso, intragável, abominável, mas continua ordinário como todo fascismo, porque não tem como ser diferente.

Finalmente, três pequenos acréscimos para concluir:

1 – Vazou recentemente para a imprensa a conversa da ex-primeira-ministra e possível candidata à presidência da Ucrânia, Yulia Tymoshenko, na qual ela foi muita clara ao dizer “matar todos os russos”, referindo-se aos oito milhões de russos que moram na Ucrânia.

2 – Em 24 de março completam-se 15 anos do bombardeio da Iugoslávia pela Força Aérea dos Estados Unidos, cuja autorização não foi concedida pelo Conselho de Segurança da ONU.

3 – Poucos dias antes do golpe de Estado em Kiev, nos Jogos Olímpicos de Sochi, a jovem patinadora russa Yulia Lipnitskaya conquistou a medalha de ouro ao dançar a música-tema de “A Lista de Schindler”, numa homenagem a uma famosa cena desse filme de Steven Spielberg.

Que coincidências marcantes.

Como diz a expressão popular, ‘Cada macaco no seu galho”.
.

Contraponto 13.768 - "O Globo é barão ou coronel da mídia?"

.
18/04/2014

O Globo é barão ou coronel da mídia?

 

Blog da Cidadania - 18/04/14 


Eduardo Guimarães 
 
O jornal O Globo fez dois tipos de entrevista com os blogueiros que entrevistaram Lula: do tipo espontâneo e do tipo compulsório. Este que escreve aceitou fazer do jeito mais fácil, do tipo relaxa e goza, mas a maioria dos outros entrevistados teve que fazer na marra, do tipo estupra mas não mata.

Imagine a seguinte situação, você que acha que poder dizer o que pensa politicamente é um direito seu. Ledo e Ivo engano. Um dia, você desagrada um coronel do século XXI, daqueles que não se limitam a não concordar passivamente com uma ideia, se é que me entende, e esse coronel manda seus capangas atrás de você.

Só que estamos no século XXI, caro leitor. Hoje em dia não pega bem um coronel da mídia mandar brutamontes invadirem o seu local de trabalho ou a sua casa e quebrarem você em dois. Até porque, é muito mais eficiente usar uma mocinha esperta, daquelas que, como quem não quer nada, dizendo-se imbuída das melhores intenções, conduza a conversa a um rumo que leve você a produzir uma frase da qual ela possa extrair as necessárias aspas.

O capanga de luxo do século XXI não chuta ou soca costelas, ele publica uma entrevista em que o entrevistador acusa o entrevistado, fala oitenta por cento do tempo e ainda edita o pouco espaço daquele que acusou.

Democrático, não?

Bem, caso você não tenha entendido, leitor, não se trata de uma democracia, mas de uma ditadura, a ditadura da mídia, com seus recursos de divulgação, com suas mocinhas que dão nó em pingo d’água.
Mas em que será que os leitores de O Globo prestaram mais atenção na entrevista dos blogueiros entrevistadores de Lula? Será que foi no que eles tinham a dizer ou na acusação velada (pero no mucho) que lhes foi feita por aquele veículo de comunicação?

Os entrevistadores de Lula foram todos acusados, tanto os que concordaram em participar da entrevista com o Globo quanto os relutantes, os quais o coronel midiático do século XXI entrevistou na marra ao selecionar frases deles e reproduzir.

Fico me perguntando se aqueles que O Globo acusou não têm o direito de responder nas páginas desse jornal. Até para esclarecer, porque, da forma como as palavras deste blogueiro foram selecionadas, ficou a impressão de que todos os outros entrevistados pensam igual sobre Lula, o que não se pode afirmar.

Não sei se mais alguém tem interesse em direito de resposta a ser concedido por O Globo aos blogueiros que “retratou” como mercenários que trocam opiniões políticas por banners em seus blogs, mas eu tenho. E, além de interesse, eu e todos os blogueiros “retratados” por esse jornal temos o DIREITO.

A menos que O Globo tenha medo do que esses blogueiros que entrevistou possam dizer, se tiverem espaço equitativo…

.

Contraponto 13.767 - " O Ibope, o fogo brando e o medo de ser feliz"

.

18/04/2014

 O Ibope, o fogo brando e o medo de ser feliz

 
Tijolaço - 17 de abril de 2014 | 21:21 Autor: Fernando Brito 
 
pesquisas


Autor: Fernando Brito 
 .
Tanto cuidado quanto se deve ter com estas pesquisas ibopeanas – que vão, dentro das margens de erro, criando um clima de dissolução contínua do prestígio do Governo, o que as pesquisas eleitorais não confirmam inquestionavelmente – deve ter com os que consideram tranquila a posição da presidenta Dilma na campanha pela reeleição e contam em “chegar lá” apenas sem fazer marola.

Este raciocínio preguiçoso – e nada raro para quem se acostuma a viver nas franjas do poder, com seus confortos – esbarra num grave problema de avaliação eleitoral.

O da satisfação com a percepção que a presidenta tem por parte dos seus  eleitores de 2010, cuja tendência a repetir o voto deve ser o centro de toda a contabilidade eleitoral.

E os eleitores de Dilma a sufragaram por dois motivos essenciais.

O primeiro, o depoimento de Lula de que ela iria dar continuidade aos seus programas sociais e desenvolvimentistas, e não há dúvidas de que as diferenças essenciais que se sentem na economia vêm mais de fatores externos  - um mundo econômico de incertezas, onde nem se está num aprofundamento explícito da crise nem se está numa recuperação – e das dificuldades diante da tarefa nada fácil – às vezes quase impossível – de fazer o empresariado nacional – ou estrangeiro com produção local – acreditar e apostar em uma visão estratégica de Brasil.

O outro, o perfil pessoal de Dilma. Sim, a “gerentona”, dura, eficaz, capaz de tocar a administração com energia, austeridade, coerência com princípios e, sobretudo, entregar resultados. Mas também a da ex-guerrilheira, da mulher independente, dona de seu nariz, capaz de enfrentar e vencer qualquer cara feia.

Se é, como qualquer raciocínio eleitoral elementar indicaria, importante, antes de tudo, “tocar reunir” às suas próprias forças é, evidentemente, necessário que o que está disperso possa orientar seu caminho a essa reunião por uma referência indispensável, que é ver e ouvir aquela que, junto com Lula, estará à testa da batalha.

E Dilma, que ameaçou ter uma maior visibilidade após os protestos do ano passado, voltou a desaparecer.

Tem, até, uma agenda muito intensa de eventos – inaugurações e entrega de obras – e atividades administrativas.

Mas, afora os grupos muito restritos que estão nestes lugares, certamente o país não a vê ou a ouve.

Dela, só tem notícias onde sua administração está um caos e a economia do país, um desastre.

E, como não está – nem poderia, debaixo do temporal de pessimismo-  estar ótima vai se solidificando em setores cada vez maiores a ideia de que está mesmo.

Se isso não atinge a intenção de voto – Dilma, com os 37% do Ibope, tem os mesmos 60,6% dos votos válidos registrados na pesquisa de ontem do Vox Populi – atinge o ânimo de seus eleitores mais aguerridos e fiéis e a mantém distante da paixão popular que, ninguém duvide, será decisiva na reta final da campanha.

O que é mais necessário para Dilma, tão necessário como Lula?

É simples: é Dilma.

É dela, de Dilma, da Dilma que o eleitor identificou como a sucessora de Lula, que sua campanha está sentindo falta.
.

Contraponto 13.766 - "A história por trás do jornalista dinamarquês que desistiu de cobrir a Copa"

.
18/04/2014


gringo
Publicado originalmente no Pragmatismo Político. 


Por Igor Natusch

Tanto falaram de Mikkel Jensen, o jornalista dinamarquês que desistiu de cobrir a Copa chocado com os dramas do Brasil, que resolvi pesquisar um pouco o cara. Não fui com uma tese pronta: apenas queria ver qual era. Achei infos que julgo interessantes, que postei no meu perfil do twitter e vou tentar compilar aqui. Se eu estiver errado em qualquer coisa, por favor me corrijam, já que não há nenhum AMOR PRÓPRIO meu envolvido. Nâo considero isso senão um levantamento divertido de fazer. Lá vai:

- Antes de mais nada: Mikkel Jensen não é o nome profissional dele. Será bem mais fácil achar referências sob o nome Mikkel Keldorf, que ele usa com bem mais frequência;

- Seu perfil no Facebook (https://www.facebook.com/mtkjensen) parece que não existia antes de fevereiro de 2013. Suas primeiras postagens, já críticas à Copa, são de 19 de novembro.
Antes, só likes. (que o perfil seja novo não é absurdo: muitos criam perfis em redes sociais para uso em viagens ou contato com pessoas em países distantes. Tenho amig@s nessa situação e pode perfeitamente ser o caso aqui. talvez não postasse porque não tinha o que dizer – usava apenas para falar no chat, sei lá);

- O curioso é que a pessoa creditada como sua namorada, Melanie Festersen Spile (https://www.facebook.com/melanie.spile), também não tinha perfil no Facebook antes de fev/2013. Ela viajou junto com ele? Criou perfil exclusivamente para conversar com o namorado que viajava? É possível;

- O único lugar onde é possível achar contribuições frequentes de Mikkel Keldorf é no Pladepressen (http://pladepressen.dk), que parece ser um site focado na cena musical da região. Mikkel escreveu uns artigos e tirou fotos para o veículo, que durou um ano ou um pouco mais. As últimas atualizações na página do Pladepressen no Facebook (https://www.facebook.com/Pladepressen) são de… fevereiro de 2013. Ou seja, razoável deduzir que Mikkel Keldorf era um dos sócios do Pladepressen e desistiu da empreitada quando resolveu vir ao Brasil, no começo do ano passado (se quiserem ler uma edição do Pladepressen:http://pladepressen.dk/wp-content/uploads/2012/10/PladePressens-e-mag-oktober.pdf);

- Então Mikkel Keldorf – que tem material esparso publicado em alguns lugares desde 2012,
incluindo viagem à China e uma reportagem sobre Ronaldinho (http://www.tipsbladet.dk/content/druk-og-damer-ronaldinhos-fede-fodboldferie), mas nada antes disso – vem ao Brasil. Edita, até onde consegui puxar, um único material jornalístico entre setembro de 2013 e abril de 2014: uma reportagem em vídeo para a TV2 dinamarquesa (http://nyhederne.tv2.dk/2014-03-31-reportage-sikkerheden-i-rio-vakler-forud-vm) sobre ações policiais na Favela da Maré, no Rio;

- Aí, como sabemos, ele se revolta com coisas que descobre em Fortaleza e, ao invés de fazer um material jornalístico bombástico sobre o que achou, decide largar a cobertura da Copa (seu sonho) e volta para casa. Sabe onde sua decisão é noticiada primeiro? Na Dinamarca, mais precisamente no dia 9 de abril: http://ekstrabladet.dk/sport/fodbold/landsholdsfodbold/vm2014/article2258090.ece
Até aí, ninguém noticiou nada a respeito dele no Brasil;

- Curiosamente, um vídeo de quase 40mins é publicado no canal de Mikkel Keldorf no Youtube no dia 12: https://www.youtube.com/watch?v=SjxWXjeOFc8 Esse vídeo é curiosíssimo e para mim, intrigante. Nele, o jornalista não faz matéria alguma: é entrevistado por figuras ocultas, que em nenhum momento se identificam – o vídeo, embora editado de forma competente, não tem créditos senão o do próprio Mikkel, aqui também Keldorf e não Jensen. Quem o entrevista? Por que esse material (uma boa história em potencial) só aparece na página do próprio Keldorf e não da(s) pessoa(s) responsável(is) pelo vídeo? Por enquanto, não se sabe;

- Finalmente, dois dias depois de postar o vídeo no YouTube, Mikkel faz um desabafo em sua conta no Facebook, que serviu de base para todas as matérias feitas até aqui. Ninguém parece saber que a história foi divulgada semana passada na Dinamarca, nem que um vídeo enorme foi publicado pelo próprio Mikkel no fim de semana. Ou seja, ninguém falou com Mikkel Keldorf Jansen ou foi além do post no facebook para escrever suas matérias.

Meu palpite (e é tudo palpite mesmo, nada além): Mikkel Keldorf é um jornalista eventual – um cara que viaja para lugares distantes como turista e oferece material a jornais dinamarqueses para ajudar a pagar as contas. Posso ter pesquisado mal, mas não achei nenhuma produção jornalística consistente de sua parte, a não ser no Pladepressen, uma pequena revista regional sobre música que parece ter sido projeto dele próprio. Ou seja, dizer que é jornalista é algo que refere-se a parte de suas atividades, talvez sua formação, mas não é exatamente a coisa que ele mais faz na vida. Confiram o perfil profissional dele: http://www.mikkelkeldorf.dk/category/resume/ Veio para o Brasil tentar cobrir a Copa e ganhar dinheiro, o que não conseguiu (vendeu uma só matéria, ao que parece). Acho razoável deduzir que volta à Dinamarca especialmente por isso, ainda que o choque com as mazelas do Brasil possa, é claro, ter influenciado sua decisão.

Antes de ir, alguém descobre sua história e faz o vídeo – pessoas das sombras, que não se identificaram e não fizeram menção de usar o material que fizeram ou jogá-lo na imprensa. Ninguém sabe nada dele além do Facebook – a própria versão que apresentam sobre sua carreira e sua preparação para cobrir a Copa é a que ele próprio oferece, sem nenhuma investigação por cima. E o vídeo – potencialmente bombástico, ainda que (frisemos) sem créditos – passa despercebido. Deduzo que alguém gravou o depoimento para uso futuro, mas não contava que o próprio Keldorf o publicasse – e talvez mais ainda, que os posts de Keldorf no Facebook chamassem atenção. O noticiário dinamarquês descobre o caso primeiro, de qualquer modo. Não é um cara com faro jornalístico – se fosse, tentaria vender sua história e iria atrás da pauta que descobriu, ao invés de voltar correndo para seu país natal.

Não: ele volta depois de vender uma só matéria televisiva, e após gravar um depoimento para pessoas misteriosas. Que acharam sua história ótima para um vídeo de 40mins, mas que perdem a exclusividade dela para um post no facebook – por acidente ou por plano, não sabemos. E que permitem (ou não impedem) que o próprio Mikkel Keldorf publique o vídeo em sua conta pessoal no YouTube.

Não acredito na história de Mikkel Keldorf. Para mim, ele voltou por falta de trabalho e romantizou a situação em benefício próprio, convencendo algumas pessoas no meio do caminho – que chegaram a gravar um vídeo, mas não o publicaram. Talvez por acharem que não valia a pena. Chamo a atenção para o fato de que o único trabalho que Keldorf comercializou aqui é… em vídeo. Editado por ele próprio. Pode ser tudo um hoax razoavelmente bem elaborado, mas não creio nisso: acho que é apenas a tentativa de um jornalista meia-boca em tirar algo de bom de uma iniciativa profissional fracassada. E uma mostra de como, para ganhar cliques, nossa imprensa brasileira publica qualquer coisa. Inclusive longas matérias cuja única fonte é uma postagem de um desconhecido no Facebook.

.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Contraponto 13.765 - "Cerveró deu uma aula de Pasadena"

  .

17/04/2014

Cerveró deu uma aula de Pasadena


Diário do Centro do Mundo - 17 abril 2014


Tirou as dúvidas que Dilma criou

Tirou as dúvidas que Dilma criou


por :
.
Fabiano AmorimOntem houve uma sessão da Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara dos Deputados em que o ex-diretor da área internacional da Petrobrás Nestor Cerveró foi prestar esclarecimentos sobre a compra de uma refinaria de petróleo em Pasadena no Texas em 2006.

O caso se tornou um dos principais temas discutidos pela imprensa nos últimos 30 dias, após divulgarem de maneira massiva que a Petrobrás teria gasto mais de U$1 bilhão para comprar uma refinaria que supostamente valeria apenas 42 milhões. Essa mensagem foi repetida à exaustão pela imprensa, por políticos da oposição e por muitos em postagens nas redes sociais.

Os números mencionados nessas matérias da imprensa estão repletos de informações incompletas, pois a intenção da imprensa não é de informar bem aos leitores e sim provocar um escândalo que prejudique a atual presidente e favoreça outro candidato à presidência de sua preferência.

No dia 19 de março, a presidenta Dilma Roussef, que em 2006 comandava o conselho de administração da Petrobrás, emitiu uma declaração dizendo que na época em que o conselho tomou a decisão, não constavam no resumo executivo (que teria embasado a decisão do conselho) informações sobre duas cláusulas, chamadas Marlim e Put Option. De acordo com Dilma seriam informações essenciais sobre o negócio. Ela disse que se tivesse conhecido essas cláusulas na época, não teria votado pela compra da refinaria.

Segundo Dilma, quem deveria ter inserido essas informações no resumo executivo era Nestor Cerveró, o diretor da área internacional da Petrobrás na época.

A partir daí, uma enorme “batata quente” foi jogada nas mãos de Cerveró, pois ficou no ar uma enorme suspeita de fraude ou negligência, em que ele seria o grande responsável.

Essas suspeitas cresceram bastante ao longo das últimas semanas por duas razões: a primeira foi a Petrobras resolver, bem no meio da chuva de denúncias da imprensa, demitir Nestor Cerveró do cargo de diretor financeiro da BR Distribuidora, cargo que ele ocupava até o mês passado. A segunda foi o fato de Cerveró ter ficado quase 30 dias sem dar qualquer declaração sobre o assunto.

O depoimento de Nestor Cerveró na Câmara

No início da reunião ocorrida ontem na Câmara dos Deputados, Nestor Cerveró falou por um longo período. Explicou todos os detalhes do negócio e defendeu a compra da refinaria. Disse que não enganou Dilma, que as cláusulas Marlim e Put Option não eram essenciais para tomar uma decisão sobre o negócio, que a compra teria sido planejada durante um ano e não 20 dias como a imprensa falava e que a refinaria de Pasadena não teria sido comprada pela antiga dona, a Astra, por apenas U$ 42 milhões e sim U$ 360 milhões.

Após as declarações de Cerveró, os deputados se revezaram em fazer declarações e perguntas para que fossem respondidas por ele.

Vários deputados da oposição elogiaram o trabalho dele, disseram que ele parecia ser um ótimo funcionário da Petrobras, que estava sendo acusado injustamente de algo por que ele não seria o responsável e que a cúpula do PT o estaria colocando como “bode expiatório” nessa história. Ele iria ter sua carreira totalmente destruída para salvar o governo do PT, que logo o abandonaria.

O discurso dos deputados tinha claramente a estratégia de fazê-lo dar qualquer declaração que culpasse alguém da cúpula do governo, principalmente Dilma. Qualquer declaração contra o governo seria prontamente usada nos dias seguintes para ataques da imprensa.

A todo momento diziam que as declarações da Dilma e as dele não combinavam (o que é verdade) e faziam perguntas como: “Quem é que está falando a verdade, você ou a Dilma?” “Quem está mentindo?” “Quem cometeu o erro, você ou ela? Você enganou a presidente?” “Você disse aqui que a compra da refinaria foi um bom negócio, mas o governo diz que foi um mau negócio. A Dilma e a Graça Foster estão equivocadas?”

Mas Nestor Cerveró, que estava acompanhado de seu advogado, certamente se preparou bastante antes de se submeter a essa sessão e percebeu claramente essa intenção dos deputados da oposição. Por isso se esquivou de qualquer resposta do tipo “Dilma mentiu”, “Dilma não leu tal documento” ou “Dilma está enganada”.

Sobre as divergências nas declarações

Creio que a raiz de todo esse barulho criado pela imprensa está na declaração de Dilma feita em 19 de março, quando disse que se soubesse das cláusulas Marlim e Put Option não teria comprado a refinaria de Pasadena. Hoje, após tudo que li sobre o caso, vejo que foi uma das maiores loucuras que alguém poderia ter dito.

Primeiramente porque a cláusula Marlim, que garantia que a Astra, a sócia do negócio com a Petrobrás, teria direito a 6,9% de lucros independentemente das condições de mercado, jamais foi aplicada ao negócio, pois não ocorreu o investimento bilionário que a Petrobras faria para fazerva refinaria processar óleo pesado.

Segundo, porque, pelo que já foi informado pelo ex-presidente da Petrobras Sérgio Gabrielli e por Nestor Cerveró, a cláusula Put Option é extremamente comum em quaisquer compras de empresas. É uma cláusula em que os sócios estabelecem em contrato como será feita a saída de algum deles do negócio. Como já foi dito, o mesmo Conselho de Administração da época aprovou a compra de uma refinaria em Okinawa, no Japão, que também continha a cláusula Put Option.

Quando Dilma emitiu uma nota dizendo que não teria comprado a refinaria de modo algum se soubesse dessas duas cláusulas, ela deu um grande tiro no pé. Apenas essas cláusulas não seriam justificativas para deixar de comprar a refinaria. Quando começou a demitir alguns diretores da Petrobras por causa do barulho da imprensa, o governo passou mais declarações de culpa. A oposição vibrou. O governo fez uma besteira atrás da outra.

Dilma deveria ter dito o mesmo que Cerveró e Gabrielli, que me parecem muito mais realistas.

Deveria ter dito que a decisão da compra na época em 2006 se justificava, que era um negócio muito lucrativo, que a refinaria estava dentro do preço médio de refinarias daquele porte (algo que já comprovei), que era falsa a informação de que Pasadena tinha sido comprada por apenas U$ 42 milhões.

Deveria ter explicado que o negócio se tornou ruim por causa da mudança nos rumos dos investimentos da Petrobras, que passou a se dedicar ao Pré-sal, deixando de fazer o investimento planejado em Pasadena, e que a crise econômica internacional prejudicou muito o negócio.

Dilma deveria ter assumido desde o início que a refinaria deu prejuízo mesmo, mas que era apenas mais um dentre os centenas de negócios nos quais a Petrobras estava envolvida. Deveria ter dito que os 530 milhões de prejuízo que Pasadena teve não eram nada em comparação com os mais de 200 bilhões de lucro líquido da Petrobras obtidos de 2006 até hoje.

Enfim, a Dilma deveria ter partido para o ataque. Ficou somente na defensiva e foi bombardeada sem dó nem piedade pela imprensa. E acho bem feito, para aprender a ser mais esperta.

Às vezes tenho a impressão de que tem alguém ao lado da Dilma aconselhando-a a tomar as piores decisões possíveis e imagináveis, para prejudicá-la. Isso me lembra alguns episódios do seriado americano House of Cards, em que o vice-presidente americano bajula o presidente com frequência e a todo momento dá maus conselhos, com a intenção de prejudicá-lo, para garantir seus interesses. Parece ficção, mas diante de tantas trapalhadas do governo, faz sentido pensar nessa possibilidade.
Fabiano Amorim é nascido em Palmeiras dos Índios, e atualmente mora em Maceió, Alagoas. Ele escreve no blog http://fabiano-amorim.blogspot.com.br. É autor do aclamado documentário “Derrubaram o Pinheirinho”, sobre a reintegração de posse do acampamento Pinheirinho em São Jose dos Campos.



_____________________________


PITACO DO ContrapontoPIG

Fica cada vez mais claro  que o caso Pasadena apresenta um quadro completamente diferente do mostrado pela mídia golpista - notadamente a Globo -  defensora há anos de grupos que desejam a privatização da Petrobras. A Rede Globo jamais em sua história deu sequer uma notícia ou nota positiva ou pelo menos sincera em relação à nossa empresa de petróleo.

Números inteiramente distorcidos pela mídia em relação à Pasadena  são diariamente publicados. aproveitando-se  de uma declaração precipitada e  infeliz da Presidente Dilma. A nossa Presidenta realmente pisou na bola. Contudo, craques como Pelé, Maradona, Messi e Neymar frequentemente fizeram e fazem a mesma coisa ... e continuam craques.

No tabuleiro do xadrez da economia, a Petrobras, representa representa a dama ou rainha, pedra de vital importância na defesa dos interesses do País. Por isso  os inimigos direitistas do Brasil querem vê-la tombar com vistas  a sua privatização. 

Querem retomar o poder com base na exploração de mais  uma grande mentira, tal qual ocorreu no caso da hoje desnudada mentira que foi o chamado escândalo do mensalão. 

"Olho" e muito cuidado  na hora de votar nas próximas eleições que irão definir os destinos do Brasil.

______________________________ 
.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Contraponto 13.764 - "Vox Populi: Dilma venceria no 1º turno, com 40% "

247 – Levantamento realizado pelo Instituto Vox Populi e divulgado pela revista CartaCapital na tarde desta quarta-feira 16 aponta, mais uma vez, a vitória da presidente Dilma Rousseff já em primeiro turno, com 40% das intenções de voto.

Em relação à pesquisa Vox Populi divulgada em fevereiro, Dilma caiu 1 ponto percentual, o que demonstra estabilidade. Os dois adversários praticamente não avançaram sobre os índices da presidente. Aécio Neves, do PSDB, registrou 16%, e Eduardo Campos, do PSB, 8%.

Juntos, os opositores têm 14 pontos a menos do que a presidente, a menos de três meses do início da campanha. O senador Aécio Neves também oscilou um ponto para baixo, comparado com a mostra de dois meses atrás.

Já Eduardo Campos, que nesta semana lançou oficialmente sua pré-candidatura com a vice Marina Silva na chapa, ganhou dois pontos. O candidato do PSC, Pastor Everaldo Pereira, foi lembrado por 2% dos eleitores.

Os pré-candidatos Levy Fidelix (PRTB), Randolfe Rodrigues (PSOL), Eymael (PSDC) e Mauro Iasi (PCB) não registraram nenhum ponto. Votos brancos ou nulos representam 15% dos entrevistados e percentual que não sabe em quem votar ou não respondeu é de 18%.

O instituto ouviu 2.200 eleitores em 161 municípios para realizar a pesquisa, entre os dias 6 e 8 de abril. Os detalhes da mostra serão divulgados nesta quinta-feira 17.

.

Contraponto 13.763 - "Cotas raciais crescem.Chora, Kamel, chora !"

 

16/04/2014  

 

Cotas raciais crescem. Chora, Kamel, chora !


Os cotistas tem desempenho semelhante ao de não-cotistas.

Do Conversa Afiada - 16/04/2014

Na foto, outra "obra" do Freire (*)


Amigo navegante, fã fervoroso do Gilberto Freire com “i” (*), enviou essas informações extraídas do PiG (**):


O número de vagas reservadas nas universidades federais do País cresceu 155,6% nos dois anos em que a Lei de Cotas está em vigor. O total de cadeiras destinadas aos cotistas saltou de 30,2 mil, em 2012, para quase 77,4 mil nos processos seletivos deste ano, que ofertaram pouco mais de 191,7 mil vagas. Os dados fazem parte de um levantamento divulgado nesta segunda (14) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

A proporção total de cotas já é de 40,3%. Até 2016, a lei prevê que metade das vagas seja destinada a pretos, pardos e indígenas (PPIs) e alunos de escola pública com baixa renda, segundo a distribuição de PPIs em cada Estado definida pelo IBGE. Em 2012, 21,6% das vagas eram reservadas.

(…)

A Unesp apresentou ontem dados que indicam que, em medicina, as notas de cotistas e não cotistas no vestibular foram próximas.

Segundo a universidade, a média dos não cotistas em medicina (Botucatu) foi de 92,2; o de cotistas, 91,1.

Navalha



Como se sabe, Gilberto Freire com “i” (*) publicou notável obra de antropologia, sociologia e astrologia quântica – “Não ! Nós não somos racistas”, um best-seller, para defender a tese de que no Brasil quase não há negros e, portanto, as cotas não são necessárias.

Seriamos uma espécie de Noruega tropical …

O Supremo Tribunal Federal, em histórica decisão, com histórica relatoria do Ministro Lewandowski, aprovou as cotas, POR UNANIMIDADE !

De novo, o Freire (*) ficou à margem da História …

Clique aqui para ler “Google compra fábrica de drones – bye, bye Globo” e aqui para acompanhar o destino da audiência do jn, sob a batuta certeira do Freire (*).



Paulo Henrique Amorim


(*) Ali Kamel, o mais poderoso diretor de jornalismo da história da Globo (o ansioso blogueiro trabalhou com os outros três), deu-se de antropólogo e sociólogo com o livro “Não somos racistas”, onde propõe que o Brasil não tem maioria negra. Por isso, aqui, é conhecido como o Gilberto Freire com “ï”. Conta-se que, um dia, D. Madalena, em Apipucos, admoestou o Mestre: Gilberto, essa carta está há muito tempo em cima da tua mesa e você não abre. Não é para mim, Madalena, respondeu o Mestre, carinhosamente. É para um Gilberto Freire com “i”.

(**) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

.

Contraponto 13.762 - "CPI contra a corrupção? É o pré-sal, estúpido!"

16/04/2014

CPI contra a corrupção? É o pré-sal, estúpido!


Escrevinhador - publicada quarta-feira, 16/04/2014 às 00:14 e atualizada quarta-feira, 16/04/2014 às 00:14



Da Federação Única dos Trabalhadores-FUP

A cerrada campanha com que a mídia partidarizada vem sangrando a Petrobrás nas últimas semanas segue incólume, sem as devidas reações por parte dos gestores da empresa. Além das disputas eleitorais que movem a oposição, sabemos que o arsenal de ataques contra a Petrobrás tem por trás interesses muito maiores: acabar com o regime de partilha que fez da estatal a operadora única do maior campo de petróleo da atualidade. “É o pré-sal, estúpido!”, como diria o marqueteiro de Bill Clinton, que nas eleições norte-americanas de 1992, resumiu a vitória dos democratas com uma frase ácida que tornou-se célebre em todo o mundo: “É a economia, estúpido!”.

A última edição da revista Veja não deixa dúvidas sobre as reais intenções da campanha que tenta desmoralizar a gestão estatal da Petrobrás, visando sua privatização. “Como o PT está afundando a Petrobras” é a matéria de capa da  revista,  cuja linha editorial é claramente tucana. Detalhe: o presidente da editora Abril, Fábio Barbosa, foi conselheiro da Petrobrás entre 2003 e 2011 e um dos que mais defendeu na época a compra da refinaria de Pasadena.

O senador Aécio Neves (PSDB/MG), o  principal articulador da campanha contra a Petrobrás, também reafirmou aos empresários paulistanos suas intenções em relação à empresa: “Acredito que as concessões são a melhor forma de atrair investimentos”, declarou no dia 31 de março durante um almoço no Grupo de Líderes Empresariais.

Provável candidato tucano à Presidência da República, Aécio já havia defendido o regime de concessão para o pré-sal em outubro do ano passado, após o leilão de Libra. “A Petrobras não terá condições, sei lá, sequer de participar com os 40% devidos desse leilão de agora, como poderá pensar em participar daqui a dois anos, se fosse necessário, estratégico para o Brasil fazer outros leilões?”, discursou na época no Plenário do Senado.

FHC é outro tucano que voltou a defender publicamente as privatizações do seu governo. Em artigo recente, ele conclama a oposição a “tomar à unha o pião dos escândalos da Petrobras”, “reafirmando a urgência de mudar os critérios de governança das estatais”.

É por essas e outras que precisamos alertar a sociedade e o povo brasileiro para as reais intenções dos setores conservadores que atacam a Petrobrás, inclusive por dentro da empresa, tentando retomar a agenda neoliberal que nos anos 90 sucateou e privatizou parte considerável da estatal.  A Petrobrás é e continuará sendo estratégica para o desenvolvimento do país. Não podemos permitir que sangrem um dos maiores patrimônios do povo brasileiro. Defender a Petrobrás é defender o Brasil!

.

Contraponto 13.761 - "Na louca cavalgada pela CPI da Petrobras, a maior vítima é a verdade"

.

16/04/2014

 

Na louca cavalgada pela CPI da Petrobras, a maior vítima é a verdade







Paulo NogueiraA CPI da Petrobras é uma das maiores palhaçadas da vida política, econômica e jornalística nacional dos últimos tempos.

O perfeito desfecho, nesta primeira etapa, tinha que ser mesmo a entrega da decisão do formato da CPI para o STF.

Mais especificamente, para a ministra Rosa Weber, que se notabilizou no julgamento do Mensalão por dizer que se julgava apta a condenar Dirceu mesmo sem provas.

A oposição defende uma CPI focada na Petrobras. O governo quer estender a investigação para outros assuntos, como o escândalo do metrô de São Paulo.

Alguém tem dúvida sobre a decisão de Weber?

O Mensalão deixou claro como o STF é hoje muito mais um tribunal político que jurídico, e então já podemos antever o que dirá Rosa Weber com altíssima chance de acerto.

Escrevi, recentemente, que a CPI da Petrobras é o novo Mensalão, e repito isso agora.

Mais uma vez, o papel da mídia é decisivo. Não importa informar, não importa esclarecer: a missão da imprensa é criar um clima que leve a uma CPI feita apenas para atrapalhar a campanha de Dilma.
Repare como a cobertura vai se adaptando às novas circunstâncias.

Primeiro, numa manipulação grosseira e desonesta, se dizia  que a Petrobras comprara por 1 bilhão de dólares uma refinaria que custara 42 milhões.

As insinuações – acusações, na verdade – eram claras: haveria corrupção aí. Batata.

Dilma deu uma contribuição milionária aos opositores ao dizer, desastradamente, que só assinou a compra – ela chefiava o Conselho de Administração da Petrobras — porque o sumário executivo era falho.

Ela quis tirar sua responsabilidade na compra e, na prática, tornou enorme um problema que era pequeno.

Com o passar dos dias, ficou claro que não era bem assim — embora a Petrobras tenha demorado uma eternidade a se defender. Nem a compra fora por um valor tão baixo e nem a venda posterior por um valor tão alto.

Desfeita a falácia dos números absurdamente inflados, a luta pela CPI deveria murchar.
Mas então a mídia se incumbiu de encontrar um novo foco por conta de uma declaração  de Graça Foster, presidenta da Petrobras.

Ela disse, ontem no Senado, que a compra de Pasadena foi um “mau negócio”. Pronto: a mídia só fala nisso.

Que companhia não faz, aqui e ali, um mau negócio? Isso não seria motivo suficiente para uma CPI, naturalmente – mas a mídia, como está interessada em tumultuar e não em elucidar, decidiu que é.

A editora Abril da Veja comprou, nos anos 1990, uma boa parte das ações das revistas da chinesa Joana Woo. Rapidamente a Abril perdeu 75 milhões de reais com a aquisição. (A Veja deu uma bofetada estridente  no presidente da Abril, Fabio Barbosa, ao simplesmente desprezar o depoimento em que ele esclareceu a compra da refinaria. Barbosa era do Conselho de Administração.)
A Globo – sem o ambiente protegido que tem no Brasil – fez um péssimo negócio ao tentar se globalizar com uma emissora na Europa. Terminou em lágrimas e prejuízos a aventura transatlântica da Globo.

Nenhum negócio, como disse Graça Foster, é 100% seguro. Mas o bombardeio da mídia se concentra na admissão de Foster de que foi um “mau negócio”.

Faltou provavelmente treinamento para Foster sobre como enfrentar um grupo que vai ficar horas à procura de uma brecha, por menor que seja, para criar um clima de histeria propício à convocação de uma CPI.

Situações extraordinárias pedem ações extraordinárias, como disse Guy Fawkes, o rebelde inglês que tentou explodir o Parlamento no início dos anos 1600.

Graça Foster tinha que ter se preparado para uma situação extraordinária, na qual uma frase sincera seria, como está sendo, usada com propósitos assassinos.

O fato é que, na louca cavalgada pela CPI da Petrobras, a maior vítima  tem sido  a verdade.


Paulo Nogueira. Jornalista, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
.

Contraponto 13.760 - "Conceição Lemes, 33 anos de estrada: Resposta em público a O Globo"

.
16/04/2014

Conceição Lemes, 33 anos de estrada: Resposta em público a O Globo


Do Viomundo - publicado em 16 de abril de 2014 às 0:38


por Conceição Lemes


Nessa segunda-feira 13, uma repórter de O Globo enviou-nos um e-mail:

“Estou fazendo uma matéria sobre a entrevista que o ex-presidente Lula concedeu a blogueiros na semana passada. Gostaria de conversar contigo por telefone”.

Pedi que enviasse as perguntas por e-mail. Hoje, às 12h27 elas foram encaminhadas:

Nada contra a repórter. Embora não a conheça, respeito-a profissionalmente como colega.
Já a empresa para a qual trabalha, não merece a nossa consideração.

Com essas perguntas aos blogueiros, O Globo parece estar com saudades da ditadura, quando apresentava como verdadeira a versão dos órgãos de repressão.  Exemplo disso foi a da prisão, tortura e assassinato de Raul Amaro Nin Ferreira, em 1971, no Rio de Janeiro.

Com essas perguntas, O Globo parece querer promover uma caça aos blogueiros progressistas. Um macartismo à brasileira.

O marcartismo, como todos sabem, consistiu num movimento que vigorou nos EUA do final da década de 1940 até meados da década de 1950.  Caracterizou-se por intensa patrulha anticomunista, perseguição política e dersrespeito aos direitos civis.

O interrogatório emblemático daqueles tempos nos EUA:
Mr. Willis: Well, are you now, or have you ever been, a member of the Communist Party? (Bem, você é agora ou já foi membro do Partido Comunista?)

A sensação com as perguntas de O Globo é que voltamos à ditadura. Agora, a ditadura midiática das Organizações Globo. É como estivéssemos sendo colocados numa sala de interrogatório.

Afinal, qual o objetivo de saber se pertencemos a algum partido político?

Será que O Globo faria essa pergunta aos jornalistas de direita, travestidos de neutros, que rezam pela sua cartilha?

E se fossemos nós, blogueiros progressistas, que fizessemos essas perguntas aos jornalistas de O Globo?

Imediatamente, seríamos tachados de antidemocratas, cerceadores da liberdade de expressão, chavistas e outros mantras do gênero.

Como um grupo empresarial que cresceu graças aos bons serviços prestados à ditadura civil-militar tem moral de questionar ideologicamente os blogueiros que participaram da entrevista coletiva?
Liberdade de imprensa e de expressão vale só para direita e para a esquerda, não?

Como uma empresa que tem no seu histórico o colaboracionismo com a ditadura, o caso pró-Consult, o debate editado do Collor vs Lula, ter sido contra a campanha Pelas Diretas,  pode se arvorar em ditar normas de bom Jornalismo e ética?

Como uma empresa que deve R$ 900 milhões ao fisco tem moral para questionar outros brasileiros?

Como um grupo empresarial que recebe, disparadamente, a maior fatia da publicidade do governo federal pode criticar os poucos blogs que recebem alguma propaganda governamental?

O Viomundo, repetimos, não aceita propaganda dos governos federal, estaduais e municipais. É uma opção nossa. Mas respeitamos quem recebe. É um direito.

No Viomundo, não temos nada a esconder.  Só não admitimos que as Organizações Globo, incluindo O Globo, com todo o seu histórico, se arvorem no direito de fiscalizar a blogosfera.

Por isso, eu Conceição Lemes, que representei o Viomundo na coletiva, não respondi a O Globo. Preferi responder aos nossos milhares de leitores.  Diretamente. E em público.

Seguem as perguntas de O Globo e as minhas respostas.

Qual a sua formação acadêmica?

Formada em Jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP).

Qual a sua atuação profissional antes do blog? Já cobriu política por outros veículos?

Sou editora do Viomundo, onde faço política, direitos humanos, movimentos sociais. Toco ainda o nosso Blog da Saúde
.
No início da carreira, fiz um pouco de tudo: economia, política, revistas femininas, rádio…
Há 33 anos atuo principalmente como jornalista especializada em saúde, tendo ganho mais de 20 prêmios por reportagens nessa área. Entre eles, o Esso de Informação Científica, o José Reis de Jornalismo Científico, concedido pelo Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), e o Sheila Cortopassi de Direitos Humanos na área de Comunicação, outorgado pela Associação para Prevenção e Tratamento da Aids e Saúde Preventiva (APTA) com apoio do Unicef.

Conquistei também vários prêmios Abril de Jornalismo, a maioria por matérias publicadas na revista Saúde!, da qual foi repórter, editora-assistente, editora e redatora-chefe.

Em 1995, fui  premiada pela reportagem “Aids — A Distância entre Intenção e Gesto”, publicada pela revista Playboy. O projeto que desenvolvi para essa matéria foi selecionado para apresentação oral na 10ª Conferência Internacional de Aids, realizada em 1994 no Japão.

Pela primeira vez um jornalista brasileiro teve o seu trabalho aprovado para esse congresso. Concorri com cerca de 5 mil trabalhos enviados por pesquisadores de todo o mundo. Aproximadamente 300 foram escolhidos para apresentação oral, sendo apenas dez de investigadores brasileiros. Entre eles, o meu. Em consequência, fui ao Japão como consultora da Organização Mundial da Saúde.
Tenho oito livros publicados na área.

O mais recente, lançado em 2010, é Saúde – A hora é agora, em parceria com o professor Mílton de Arruda Martins, titular de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da USP, e o médico Mario Ferreira Júnior, coordenador de Centro de Promoção de Saúde do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Em 2003/2004, foi a vez da  coleção Urologia Sem Segredos, da Sociedade Brasileira de Urologia, destinada ao público em geral.

Os primeiros livros foram em 1995. Um deles, o Olha a pressão!, em parceira com o médico Artur Beltrame Ribeiro.

O outro foi a adaptação e texto da edição brasileira do livro Tratamento Clínico da Infecção pelo HIV, do professor John G. Bartlett, da Universidade Johns Hopkins, nos EUA. A tradução e supervisão científica são do médico Drauzio Varella.

Você é filiada a algum partido político?

Não sou nem nunca fui filiada a qualquer partido político.

Mas me estranha muito uma empresa que apoiou a ditadura, cresceu devido a benesses do regime e hoje se alinhe com todos os espectros da direita brasileira, questione a a filiação partidária de um jornalista.

Quer dizer de direita, tudo bem, e de esquerda, não?

Como você definiria os “blogueiros progressistas”? Existe uma linha política?

Somos de esquerda.

Defendemos:

Melhor distribuição da renda no país.

Reforma agrária.

Os movimentos sociais por melhores condições de moradia, trabalho, defesa do meio ambiente, saúde e educação.

Regulamentação dos meios de comunicação.

Valorização do salário mínimo.

Política de cotas raciais nas universidades.

Direitos reprodutivos e sexuais das mulheres brasileiras.

Combate à discriminação e promoção dos direitos de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais

Imposto sobre grandes fortunas.

Financiamento público de campanha.

Reforma política.

Fortalecimento da Petrobras.

Sistema Único de Saúde.

Como você foi chamada para a entrevista? Recebeu alguma ajuda de custo do instituto?

Por e-mail. Nenhuma ajuda.

O que você achou da seleção de blogueiros para a entrevista? Incluiria, por exemplo, representantes da mídia ninja ou blogueiros “de oposição”, como Reinaldo Azevedo?

O Instituto Lula tem o direito de chamar para entrevistar o ex-presidente quem ele quiser.

Engraçado O Globo perguntar isso. De manhã à madrugada, de domingo a domingo, todos os veículos das Organizações Globo privilegiam, ostensivamente, sem o menor pundonor, vozes do conservadorismo brasileiro e internacional. Pior é que travestido de uma falsa neutralidade.
Por que O Globo pode chamar quem quiser e o ex-presidente Lula, não?

Por que as Organizações Globo não dão espaços iguais à esquerda e à direita, garantindo a pluralidade de opiniões?

No dia em que as Organizações Globo garantirem efetivamente a pluralidade de opiniões, respeitando a verdade factual, aí, sim, seus profissionais poderão questionar os nomes escolhidos por Lula.

Qual foi o ponto mais relevante da entrevista para você?

Ter falado três horas e meia com os blogueiros. Uma conversa em que nenhum assunto foi proibido. Tivemos liberdade plena de perguntar o que queríamos. Uma lição de democracia.

O instituto arcou com os seus custos de deslocamento?

Não. Fui de táxi. Paguei do meu próprio bolso.

Por que você acredita ter sido escolhida para a entrevista?

Quantos jornalistas brasileiros têm o meu currículo profissional? Quantos repórteres da mídia tradicional e da blogosfera produziram tantos furos jornalísticos quanto nós no Viomundo nos últimos cinco anos?

Por isso, deixo essa pergunta para você e os leitores do Viomundo responder.
. 
O que você acha do movimento “Volta Lula”?

Quem tem de achar é a população e os militantes dos partidos da base de apoio do governo.
Sou apenas repórter. Cabe a mim, portanto, retratar o que presencio.

Qual nota você daria ao governo Dilma? Por quê?

O Globo tem fetiche por nota. Quem tem de dar a nota é o eleitorado. Sou repórter e minha opinião neste caso é irrelevante. A não ser que O Globo pretenda usá-la para fazer o que costuma fazer: manipular informação com objetivos políticos, em defesa de interesses da direita brasileira.

PS do Viomundo: Todas as nossas batalhas são financiadas exclusivamente pela contribuição de assinantes, a quem agradecemos por compartilhar conteúdo exclusivo generosamente com outros internautas. Torne-se um deles!



Leia também:
Rodrigo Vianna: Globo, que não mostrou o DARF, tenta intimidar blogueiros
;