domingo, 13 de maio de 2018

Nº 24.112 - "Senhores da vida e da morte"

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13/05/2018


Senhores da vida e da morte


Do Jornal O Povo - 00:00 | 13/05/2018


por Valdemar Menezes

Valdemar MenezesA semana terminou de forma traumática para uma grande parte da opinião pública brasileira(ainda desinformada sobre o que se passou durante a ditadura), ao tomar conhecimento da liberação de um documento da CIA, revelando uma reunião ocorrida, em 1974, logo após a posse do ditador Ernesto Geisel. Nela estavam presentes, além do próprio, os chefes do Centro de Informações do Exército (CIE), general Milton Tavares, e do Serviço Nacional de Informações (SNI), general João Baptista Figueiredo. Foi quando o primeiro repassou a Geisel os dados da política de execução de opositores do regime. O balanço do governo Médici tinha sido de 104 pessoas executadas pelo CIE. Milton Tavares indagou se deveria prosseguir com a mesma política. Geisel pediu para refletir. Dias depois, comunicou sua aprovação. Apenas exigiu que ninguém fosse eliminado sem o prévio consentimento de Figueiredo. OMISSÃO

O resultado dessa decisão de Geisel é que daí até o fim da ditadura mais 89 pessoas foram mortas, segundo registros da Comissão Nacional da Verdade (CNV). O balanço geral de mortos e “desaparecidos” chegaria a mais do dobro dos números aqui registrados. Todas essas revelações reforçam a necessidade imperativa de se rever o posicionamento passivo do que resta das instâncias democráticas em relação à caixa-preta do regime ditatorial militar. Por não se ter feito isso, voltam as ameaças ilegítimas de segmentos militares contra a ordem democrática. A Comissão da Verdade não pôde fazer um trabalho de maior profundidade, inclusive expondo os segmentos civis responsáveis pelo golpe de 1964. Nem nenhum desses atores, sobretudo, o Judiciário, reconheceu publicamente que errou ao não proclamar, até hoje, a ilegitimidade do golpe. E eis que os golpistas voltaram com tudo, e desgraçam de novo o País. 

EFEITO ORLOFF

A volta da Argentina aos braços do FMI é uma derrota desastrosa do modelo neoliberal que o capital financeiro voltou a impor na América Latina. Os golpistas brasileiros estão em polvorosa pelo fato de que o governo Macri vinha sendo apresentado como referencial a ser seguido pelos países do continente. Na realidade, virou um espantalho, prenunciando o que será o Brasil, se continuar a apostar nas diretrizes de um modelo voltado para atender a apenas um terço da sociedade. Os dois terços restantes não cabem no orçamento e devem “se virar”. O desastre aconteceu justamente no momento em que aqui, no Brasil, estimativas do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do banco Bradesco e da consultoria LCA, publicadas pelo jornal Valor Econômico, acabam de apontar que quase um milhão de pessoas das classes A e B caíram para faixas mais baixas. Fazem um movimento inverso ao ocorrido nos governos petistas quando 32 milhões ascenderam das classes D e E à classe C. Já são mais de 13,5 milhões de desempregados.

PRECEDENTES 

A semana também serviu para clarear mais o cenário político, com o ex-presidente Lula demonstrando que continua no comando das forças políticas que resistem ao golpe de 2016 e tentam restaurar a democracia no País. Ele mandou o recado de que concorrerá às eleições e não deve existir dúvidas quanto a isso. Além de inocente, pois condenado num processo sem provas e sem trânsito em julgado (sendo, por isso, contestável incluí-lo na Lei de Ficha Limpa), ele não perdeu seus direitos políticos. O PT registrará sua candidatura em agosto. Só então poderá haver, eventualmente, impugnação. Se isso ocorrer, terá de transcorrer todo um trâmite com direito a recursos. A jurisprudência registra que mais de uma centena de prefeitos já concorreram nessas condições. Inclusive, alguns, também presos.

Por que com Lula teria de ser diferente? 

BOIS DE ARADO

Claro, a elite econômica (interna e externa) tem a pretensão de ela mesma decidir em quais candidatos ou forças políticas o povo pode votar. Há de se convir que isso não seria democracia. Se aceitarem essa imposição, os brasileiros serão encangados como bois de arado. Por isso, a leitura feita por correntes políticas não comprometidas com o golpe é que manter a candidatura de Lula é a única alternativa viável para restaurar a democracia plena. Entende-se que só ele tem apoio social suficiente para reverter o golpe.


Nenhum outro candidato de esquerda tem essa representatividade real e apenas serviria para legitimar a fraude que seria uma eleição sem Lula. 

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