13/05/2018
Forças Armadas nem aí com a soberania nacional, segundo J. Carlos de Assis
Do Blog do Esmael - 13 de Maio de 2018 por esmael | Comente agora
O jornalista e economista J. Carlos de Assis faz inquietantes questionamentos às Forças Armadas, em especial ao general da reserva Mourão: “Onde estão esses militares, sobretudo os da reserva, com suas espadas brilhantes que dão suas costas para a privatização fatiada da Petrobrás, o maior patrimônio público do país, e a projetada entrega a estrangeiros da Eletrobrás? Por que nada falam? Continuam dando prioridade à caça de comunistas?”, escreve.
General ignora depredação da Pátria e prega virada à direita
por J. Carlos de Assis*
Os últimos pronunciamentos de generais da reserva (Mourão, Girão) indicam o profundo fosso que está separando as Forças Armadas brasileiras, ou pelo menos o Exército, da maioria da sociedade. Mourão fala em intervenção, sem esclarecer o rumo dela. Girão diz que deve ser encontrada uma saída à direita. Nesse último caso, é a mais elevada expressão de substantivos, na extrema direita. O país está sendo estraçalhado pela direita. E o senhor não diz nada sobre isso?
Onde estão esses militares, sobretudo os da reserva, com suas espadas brilhantes que dão suas costas para a privatização fatiada da Petrobrás, o maior patrimônio público do país, e a projetada entrega a estrangeiros da Eletrobrás, o segundo? Por que nada falam? Continuam dando prioridade à caça de comunistas? Quais seriam esses perigosos comunistas, general, se a totalidade deles decidiu aceitar o jogo parlamentar, participar de eleições e do exercício regular da democracia? Falo aos da reserva, pois o melhor que os ativos podem fazer, para a estabilidade do país, é ficarem calados!
Estão as escolas militares bloqueadas para compreender o mundo atual e, especialmente, sua geopolítica? O inimigo, general, não é a esquerda. Lá se vai o tempo em que três presidentes militares sucessivos viram-se no direito de autorizarem o assassinato de opositores.
Se você convencer seus pares da ativa a dar um golpe eles simplesmente não saberão o que fazer pois temos uma situação interna e mundial extremamente complexa na qual o principal adversário são os Estados Unidos, não na sua condição antiga de líder do “mundo livre” contra o comunismo, mas na de busca de afirmação de uma hegemonia sem limites.
Não temos, general, uma direita ideológica tradicional; temos uma direita que tenta se afirmar exclusivamente no plano moral ignorando os conflitos geopolíticos no exterior e o conflito de classes internamente: é contra direitos de homossexuais, direitos de minorias, direito ao aborto, direitos da mulher etc. Gostaria de saber que tipo de governo de direita você faria com base apenas no plano moral. Você, que parece ser muito valente contra a esquerda, não se pronunciou sobre a venda de patrimônio público por este governo, incluindo águas, pré-sal e terras na Amazônia, ou contra a infame reforma trabalhista. Tudo isso tem sido base de resistência da esquerda (eu prefiro dizer progressistas), mas você quer uma virada à direita.
Talvez você pense que seria possível um golpe do tipo de 64. É uma ilusão. O golpe de 64 refuncionalizou as instituições do Estado, mas não as destruiu previamente. O golpe atual, o golpe do Temer, derreteu todas as instituições republicana. Executivo, Legislativo, Judiciário, Procuradoria da República, Polícia Federal – todas destruíram a própria credibilidade e perderam autoridade moral perante a sociedade. Diante dessa situação, general, não há a mais remota hipótese de eficácia de um golpe militar: ele resultaria em mais outro e mais outro, pois, com a sociedade em frangalhos, as Forças Armadas se fragmentariam também.
Deixe em face de sua natureza imbecil as ilusões direitistas encampadas por um candidato que copia as técnicas de Hitler: não temos outra alternativa a não ser ir para as eleições e, através delas, tentarmos redemocratizar o Congresso Nacional. Sou um dos proponentes de um movimento nesse sentido, sabendo, previamente, de todas as imensas dificuldades em torno disso: o poder econômico, o nepotismo político, a manipulação de cargos, ministérios, emendas parlamentares e publicidade governamental. Mas não há saída. É preciso que as eleições regenerem o Congresso para que o Congresso regenere as outras instituições.
*J. Carlos de Assis é jornalista e economista, doutor pela Coppe/UFRJ, da Frente Nacional Em Defesa da Soberania.
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