15/09/2018
Terça e quinta, novas pesquisas na eleição das ausências
Do Tijolaço· 15/09/2018
por Fernando Brito
No JB, Teresa Cruvinel observa que essa tornou-se uma eleição de dois ausentes e que acaba sendo governada, em parte, pelas pesquisas:
A pesquisa Datafolha de ontem mostrou a força de dois ausentes: em quatro dias como candidato apoiado pelo ex-presidente Lula, Fernando Haddad foi o único a crescer acima da margem de erro, passando de 9% para 13%. Jair Bolsonaro, ausente fisicamente da campanha, passou de 24% para 26%.
Há outras ausências, que sentimos bem, além da de Lula, que marca esta como a menos livre das eleições brasileiras desde as de 1965, quando a recém-implantada ditadura militar ainda permitiu eleições para governador no Rio de Janeiro e em Minas Gerais, já em meio a cassações de direitos políticos.
A maior delas é a ausência de livre manifestação, que leva um ministreco do Tribunal Superior Eleitoral a proibir, até nas redes sociais, um vídeo onde Haddad e populares falam “Eu sou Lula”, porque isto “confunde” o eleitor, para ele um bando de energúmenos que só podem entender “Eu sou o Jajá da Jojó, número 1234567“.
A outra é a de Bolsonaro, preso a um leito de hospital e orbitado por uma penca de oportunistas, desequilibrados e com a figura soturna do General Mourão a nos lembrar que as coisas sempre podem ser piores.
Mas há, também, a ausência de propostas minimamente sérias. Ficamos do “Arma para Todos” do capitão, nos dez milhões de empregos que Henrique Meirelles vai criar – talvez escondendo o jogo, pois não criou nem uma migalha disso em dois anos de ministro da Fazenda de Temer – e o SPC do Ciro, que embora seja positivo e possível, está longe de ser um programa econômico.
Sendo assim, nada a estranhar que a volta aos “tempos Lula”, palpáveis e concretos, sejam o que há mais capaz de sensibilizar eleitores.
Ibope, terça-feira, e Datafolha, na quinta, vão sinalizar o período final da campanha com o desenho já inconfundível da polarização Bolsonaro x Haddad.
Com a qual vamos escolher se recolocamos o país no rumo de uma nação iluminada, como tínhamos há alguns anos, ou na treva de meio século atrás, que para ser rompida, precisou queimar vidas, sonhos e juventude.
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