17/09/2018
Bolsonaro prenuncia tormenta militar em reação à vitória do Haddad
Do Blog Jeferson Miola - 17/09/2018

por Jeferson Miola

Nele, Bolsonaro passou recibo da vitória do Haddad na eleição de outubro e reconheceu, implicitamente, que poderá ser derrotado já no primeiro turno.
Mais que fazer prognóstico eleitoral, contudo, Bolsonaro gravou o vídeo para prenunciar uma tormenta política e institucional que os militares parecem dispostos a provocar em caso de vitória petista, que é tida como líquida e certa em todas as pesquisas.
Bolsonaro repetiu a versão estapafúrdia que tem sido propagada por lideranças militares ligadas a ele, de que o PT fraudará a apuração da urna eletrônica [sic] para garantir a vitória do Haddad que, eleito, soltaria Lula e o nomearia ministro da Casa Civil.
O desatino do Bolsonaro poderia ser catalogado como delírio puro, é verdade, mas em nenhuma hipótese pode ser subestimado, porque revela a existência do sentimento e do intento real dos segmentos conspirativos atuantes no meio militar.
A mensagem do Bolsonaro deve ser entendida como de fato é, ou seja, como prenúncio de um movimento perigoso que tem o propósito de tumultuar o já conturbado ambiente político e institucional do país para legitimar a entrada em cena das forças armadas.
A posição do Bolsonaro [e do seu vice Mourão] coincide com as manifestações de setores da oficialidade que apregoam abertamente a assunção, pelas forças armadas, de funções políticas e institucionais que não encontram amparo na Constituição do Brasil.
Neste rol de insubordinados está, por exemplo, o Comandante do Exército, que prometeu desrespeitar a soberania popular se a eleição de outubro confirmar a eleição de um petista. O militar que no vizinho Uruguai ocupa cargo homólogo ao Villas Boas ficará detido por 30 dias, e por infração disciplinar menos grave que a cometida pelo general brasileiro.
No programa Painel apresentado pela Globo News no sábado, 15/9, o general Luiz Eduardo Rocha Paiva expôs com assombrosa naturalidade opiniões militaristas e também defendeu abertamente a implantação do poder militar.
O planejamento do establishment deu errado. Fracassaram todas as tentativas de assassinar politicamente e eleitoralmente Lula e o PT, realidade que representa risco de sobrevivência para a ditadura Globo-Lava Jato e para a continuidade do golpe.
São cada vez mais notórios os sinais de que o establishment não aceitará o resultado das urnas, e que está disposto a lançar mão de qualquer método de sabotagem e tumulto, mesmo que isso signifique adicionar o componente militar ao regime exceção.
A eleição do Haddad, antes de significar o início da restauração democrática no Brasil, poderá inaugurar um período de conflito social e de instabilidade política de altíssima intensidade, equiparável aos momentos dramáticos de crise como os enfrentados por Getúlio, Jango e Dilma.
É preciso haver, desde logo, um grande empenho nacional e internacional em defesa da democracia e do Estado de Direito e frontalmente contra a adoção de qualquer saída militarista no Brasil. A OAB, o ministério público, o judiciário e o Congresso têm a obrigação de tomarem imediatamente as medidas legais e institucionais para evitar a concretização desta tragédia anunciada.
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