14/10/2009
Enquanto a Vale pára, a China anda
Tijolaço - terça-feira, 13 outubro, 2009 às 12:27
Você viu aí embaixo o post em que falo que está evidente a crise de comando instalada em relação a Vale. E vai ver agora como é grave que o Brasil fique para trás em matéria de produção de aço, um setor onde a “sede” mundial só é comparável à que se tem por petróleo. O The Wall Street Journal, cujo nome dispensa maiores comentários, publica hoje uma matéria intitulada “China planeja corte de imposto e consolidação da siderurgia”, dando conta de que aquele país está lançando um plano de modernização de seu parque siderúrgico.
Um dos objetivos é concentrar as compras de minério de ferro, forçando o rebaixamento dos preços, o que deixa o Brasil numa situação difícil como exportador de minério. O jornal americano registra que “tentativas da China de negociar com mineradores como a Vale SA, do Rio, os preços ou ingredientes da matéria-prima do aço foram enfraquecidos este ano por contratos paralelos fechados por pequenas siderúrgicas chinesas”.
acusiderAcontece que a Vale não quer investir na siderurgia própria, em razão da queda de demanda por aço ocorrida com a crise mundial. A indústria siderúrgica brasileira recém está recuperando seus níveis de atividade, depois de começar o ano produzindo apenas metade de sua capacidade, hoje avaliada em pouco menos de 40 milhões de toneladas. Para que você tenha uma idéia, as chinesas têm capacidade para cerca de 600 milhões de toneladas/ano, de aço feito, em boa parte, com o ferro brasileiro. E já querem tanto que planejam uma grande planta siderúrigica (na ilustração ao lado) no Porto do Açu, na ponta do famoso mineroduto que está, neste momento, embargado pelo Ministério Público.
O mundo, porém, vai sair da crise, mais rápido ou mais lentamente. E a demanda voltará a ser intensa. Quem estiver pronto para ela, lucrará muito. Quem se deixou ficar para trás, vai ficar lamentando as oportunidades perdidas.
Tal como a mineração, a siderurgia segue sendo uma atividade estratégica. Entre a decisão de fazer uma siderúrgica e ela iniciar sua produção, são necessários vários anos e até cinco anos para que os investimentos se paguem. Os executivos privados têm horror a estes prazos. O negócio deles é dinheiro rápido - inclusive pelas comissões que recebem - e nenhum compromisso com os objetivos estratégicos do setor ou do país.
É apenas a fria e dura lógica dos negócios.
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