10/10/2009
Até Ledezma, oposição a Chavez,
quer Venezuela no Mercosul;
Só os tucanos não querem:
eles jogam contra o Brasil?
Estive na Venezuela duas vezes, nos últimos 3 anos.
No fim de 2007, acompanhei como jornalista o referendo em que Chavez tentou aprovar uma ampla reforma constitucional: ele queria incluir o tema do socialismo na Constituição venezuelana. Perdeu. E aceitou o resultado.
Depois do referendo, passei mais uma semana em Caracas, produzindo reportagens especiais para a TV Record, ao lado do cinegrafista Josias Erdei. Numa delas, mostramos o funcionamento da rede Mercal. Trata-se de uma enorme rede de mercados estatais, que vende produtos a preço subsidiado.
O maior Mercal de Caracas fica dentro do "Forte Tiúna" - local do comando do Exército venezuelano. Lá, vimos a movimentação impressionante de caraquenhos à espera da hora certa para levar sua cesta de produtos.
Duas coisas me chamaram atenção:
1) não havia tumulto, apesar da fila gigantesca; várias pessoas me disseram - "para que os pobres possam comprar mais barato, é preciso ter paciência, porque há muitos pobres em Caracas"; ou seja, a fila era vista como uma contingência;
2) a maior parte dos produtos à venda era de origem brasileira; mostramos isso na reportagem - carne, frango, grãos... tudo importado do Brasil.
Na época, fiquei imaginando quanto os empresários brasileiros estavam ganhando na Venezuela.
E esse é o ponto que me interessa aqui. As empresas brasileiras (de alimentos, mas também as construtoras, nas obras públicas) ganham dinheiro a rodo na Venezuela. Parte da imprensa brasileira grita contra a Venezuela, mas o país de Chavez é um bom parceiro comercial para o Brasil.
Do ponto de vista estratégico, parece-me absurda a tática da oposiçao brasileira, que tenta vetar a adesão da Venezuela ao Mercosul. Tasso Jereisatti (PSDB-CE) apresentou parecer na Comissão de Relações Exteriores do Senado, vetando a entrada. O parecer ainda vai a voto. A oposição acha que - se impedir a entrada da Venezuela - estará impondo uma derrota a Lula. Pensamento torto. Burro.
Até a oposição a Chavez, na Venezuela, quer o país no Mercosul.
Antonio Ledezma é um opositor ferrenho de Chavez. Ganhou recentemente a eleição para governar Caracas; seria o equivalente ao cargo de governador da região metroplitana, porque lá existem vários municípios na capital, cada um com seu "prefeito"; acima deles, há o "governador". Ledezma ocupa esse cargo estratégico. E é da oposição.
Pois bem. Ele esteve no Brasil esta semana, visitou vários jornais (claro, os jornais brasileiros são grandes parceiros da oposição venezuelana) e advinhem o que ele falou ao "Estadão"? Disse que o Brasil precisa apoiar a entrada da Venezuela no Mercosul. O argumento dele é muito inteligente. Confiram. A reportagem está aqui - http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,ledezma-fui-vitima-de-um-golpe-de-estado-de-chavez,447211,0.htm .
Ou seja: a oposição brasileira é tão mesquinha, tão equivocada, que nesse ponto até a oposição venezuelana é mais avançada.
Venezuela (com Chavez ou sem Chavez) no Mercosul significa Mercosul mais forte.
Mercosul mais forte signifca América do Sul mais estável, e significa Brasil mais forte.
Mas a oposição brasileira não quer Brasil mais forte. Parece mais ocupada em ser despachante de luxo para interesses de empresas petroleiras dos EUA (empresas que estão de olho no pré-sal).
Essa oposição brasileira é fraquinha demais. Até o Ledezma, lá da Venezuela, já percebeu.
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PITACO DO ContrapontoPIG
Tasso representa a direita troglodita no Brasil.
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