quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Contraponto 685 - As entranhas da Globo (4) - o apresentador enólogo


11/11/2009
Da série ficção

...................................Renato Machado

DoLaDoDeCa Marco Aurélio Mello 8.11.09

Da série ficção. Vamos imaginar que um jornalista que é repórter, com o tempo vire apresentador de televisão. Digamos que esse profissional tenha conhecido e se encantado por vinhos. Suponhamos que desse hobby tenha surgido uma oportunidade de se transformar em comentarista e até em meio de se fazer reportagens especiais sobre adegas e casas vinícolas em todo o mundo, caso quisesse. Digamos que um grupo de apreciadores, sommeliers e enólogos, tenha se reunido em torno de uma confraria, para ao lado do jornalista, degustar vinhos raros, de safras especiais, etc... Com o tempo o grupo descobriu que era possível classificar um paladar adaptado ao país e fazer 'harmonizações' com a culinária típica brasileira, ou mesmo com a culinaria internacional, de excelência. A paixão virou negócio. As pequenas compras viraram importações em boa escala. A especialização permitiu até conquistar representações exclusivas no Brasil de vinhos californianos e australianos, por exemplo, bem adaptados ao calor dos trópicos. Aí eu pergunto: seria possível ao jornalista - a essa altura - exercer sua profissão, sem que houvesse conflito de interesses? Senão, vejamos: O repórter sugere ao apresentador uma reportagem especial sobre a qualidade dos vinhos gauchos, que passaram a ter relevância internacional, com melhoria no plantio, fabricação e envelhecimento. A pauta é vetada. Numa outra ocasião, outro repórter sugere uma reportagem especial sobre o desafio de se plantar uvas e produzir vinhos no sertão pernambucano. A resposta mais uma vez é negativa. Curioso é que esse mesmo telejornal se dá ao luxo de enviar um jornalista para o Chile, para contar a história de uma tradicional casa vinícola daquele país. Tempos depois, mais curiosamente ainda, os experts passam a oferecer no mercado vinhos de origem chilena, sempre elogiados pelo comentarista. Há ou não um tráfico de influência e, consequentemente, um conflito de interesses? O público, sedento por informação sobre vinhos de qualidade ganha ou perde com isso? Discutir uma concessão pública, sobretudo quando o que está em jogo é o acesso à informação, na medida do possível, imparcial e isenta, passa ou não por isso? Quem emprega, quem faz vistas grossas, quem bajula e quem aceita, é ou não, conivente na melhor das hipótes, e cúmplice, na pior delas? Portanto, um jornal que é feito atendendo aos interesses particulares - de um pequeno grupo - deve ou não ter nosso respeito e credibilidade? Se alguém me perguntar se isso acontece no nosso país nos dias de hoje, eu nego.

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PITACO DO ContrapontoPIG


Numa série de posts, com a necessária cautela, Marco Aurélio Mello do Blog DoLaDoDeDa mostra as entranhas da "poderosa" Rede Globo. Veja o Contrapontos 559, 578, 624, 625 e 650 do Blog ContrapontoPIG . Acompanhe o Blog DoLaDoDeLá
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