07/03/2010
Brasil cresce e aparece
Direto da Redação - publicada em:07/03/2010
Eliakim Araújo
A coluna de hoje começa com um voto de louvor ao Supremo Tribunal Federal que, numa atitude justa e digna, manteve na prisão o governador de Brasília, José Roberto Arruda, por tentar subornar testemunhas e assim obstruir as investigações que o colocam como acusado de liderar um amplo esquema de corrupção no governo do Distrito Federal.
Foi, sem dúvida, a melhor noticia da semana para quem quer ver um Brasil limpo e renovado, à altura do prestígio internacional que conquistou nos últimos anos.
O mais importante é que foi uma decisão tomada pelo plenário do STF (nove a um), o que lhe dá mais força e credibilidade, e não uma decisão isolada, de um só ministro, como foram as de Gilmar Mendes nos episódios da libertação do banqueiro Daniel Dantas e do garoto americano Sean.
Destaque-se também que o único voto a favor da libertação de Arruda foi o do ministro recentemente nomeado por Lula, Dias Toffoli, o que afasta liminarmente comentários maledicentes de que o governo só aperta os que lhe fazem oposição.
Ver um político comprovadamente corrupto atrás das grades – embora Arruda esteja numa sala extremamente confortável com mobiliário completo e ar condicionado – é o sonho de toda gente que batalha diariamente pela sobrevivência e não tem força política para fazer valer seus direitos de punir seus algozes que praticam toda sorte de desonestidades nos gabinetes atapetados e refrigerados do poder público.
A atitude exemplar do STF limpa um pouco a barra da Justiça brasileira que tem fama de só prender “preto e pobre”. Tomara que o exemplo frutifique e que, a partir de agora, a letra da lei seja aplicada com o máximo rigor não só aos políticos como à turma do colarinho branco, aqueles que passam a “bola” por baixo dos panos. Assim se pegam as duas pontas, o corrupto e corruptor.
"A prisão de Arruda é um marco na luta contra a impunidade", na palavra de Ophir Cavalcante, presidente da OAB.
Outro voto de louvor da coluna vai para o Chanceler Celso Amorim, representante do governo brasileiro, pela posição firme e coerente assumida diante da poderosa Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton.
Como era previsível, Hillary Clinton, deixou o Brasil com as mãos abanando. Se ela esperava do governo brasileiro um apoio imediato à proposta americana de sanções contra o Irã e a condenação sem piedade do governo de Hugo Chávez, saiu decepcionada.
É possível que depois dessa visita, Dona Hillary e a Casa Branca descubram que os tempos são outros, que o poder político está hoje mais equilibrado no mundo. Nações poderosas de outrora já não têm tanto poder, e nações como o Brasil que dependiam das regras comerciais impostas por Tio Sam, hoje são independentes, não temem a cara feia das chamadas potências e têm voz ativa e respeitada na comunidade internacional.
Deu orgulho ver o Ministro Celso Amorim defender a posição brasileira em favor do diálogo com os iranianos, em relação a seu programa nuclear, enquanto Hillary Clinton pregava medidas de força contra o país dos aiatolás, com a adoção de novas sanções econômicas e comerciais.
Por tudo isso, a coluna deste domingo homenageia o Supremo Tribunal Federal e o governo brasileiro em sua política internacional pelas posições assumidas que, de alguma maneira, revelam que o país está amadurecendo.
*Eliakim Araújo
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