sábado, 6 de novembro de 2010

Contraponto 3861 - " Lula dá o sinal para as 'duas oposições' "

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06/11/2010

Lula dá o sinal para as "duas oposições"



Tijolaço - 06/10/2010

Brizola Neto

Posto aí em cima, para quem não assistiu, a fala de Lula ontem à noite, em cadeia de rádio e televisão.

Foi equilibrada e contida, como é natural num pronunciamento oficial e pós-eleitoral.

Nitidamente, foi uma fala mais voltada aos agentes políticos do que ao povão, embora tenha, sobretudo no final, dado o recado de que igualdade de direitos para a qual o país se encaminha é um destino que já não se pode mais apenas dizer que está distante e que alcançá-lo exija a paciência dos séculos.

Não, ele não é mais apenas um horizonte, ele é o próprio rumo, o Norte a bússola de qualquer projeto para o Brasil.

A fala foi, antes, um apelo – um tanto quanto inócuo – à boa vontade no convívio político. Não creio que ele vá acontecer, exceto lateralmente, na oposição.

Cada vez mais me convenço de que se formará uma espécie de “núcleo duro” oposicionista, capitaneado pela mídia e pelo tucanato paulista.

O restante? Bem, acho que foi a estes que Lula acenou, ontem.

Abaixo, a íntegra da fala presidencial:

Minhas amigas e meus amigos,

No último domingo, o Povo Brasileiro, mais uma vez, deu uma extraordinária demonstração do vigor da nossa democracia. Mais de 106 milhões de eleitores foram às urnas. E, num ambiente de tranquilidade e entendimento, mas também de paixão e entusiasmo, promoveram uma grandiosa festa democrática em todo o Brasil.

Estamos todos de parabéns. Como Presidente da República, quero dividir com vocês o meu sentimento: estou muito orgulhoso do nosso Povo e do nosso País.

Quero dar também os parabéns também à Justiça Eleitoral, que dirigiu com equilíbrio e competência a disputa. Horas depois de encerrado o pleito, graças ao sistema eletrônico de votação e apuração, já conhecíamos os resultados.

Minhas amigas e meus amigos,

A festa democrática de domingo foi o coroamento de um processo eleitoral que mobilizou o País durante meses, no qual foram escolhidos não só a nova presidente, como também governadores, senadores, deputados federais, estaduais e distritais.

Esse processo foi realizado sob o signo da liberdade. O Povo pode escolher seus dirigentes e representantes livremente. Também livremente, partidos e candidatos puderam expressar suas opiniões, defender suas ideias e criticar as propostas dos seus adversários.

Foi assim, em meio a um amplo debate nas ruas, no trabalho, nas escolas, no rádio, na televisão e na internet, que cada cidadão e cada cidadã, sem qualquer tipo de coação, pode avaliar candidatos e projetos, firmar convicções e amadurecer seu voto.

Nas urnas, falou o Povo. Falou com voz clara. Falou com convicção. Agora cabe a todos respeitar sua vontade. Os escolhidos para governar devem ter a liberdade para organizar suas equipes e colocar em prática suas propostas, de modo a honrar os compromissos assumidos com a sociedade. Já aqueles a quem o povo colocou na oposição devem ter a liberdade de criticar e apontar os erros dos governantes, para que possam em eleições futuras se constituir como alternativa.

Passadas as eleições, quando é compreensível que o calor da disputa gere confrontos mais duros, é importante que governo e oposição, sem abrir mão de suas opiniões, respeitem-se mutuamente e divirjam de forma madura e civilizada.

Como todos sabemos, o Brasil vive hoje um momento mágico, de crescimento econômico, inclusão social, forte geração de emprego, distribuição de renda e redução das desigualdades regionais. Estou convencido de que, nos próximos anos, o Brasil poderá consolidar-se como uma terra de oportunidades e de prosperidade, transformando-se numa nação desenvolvida. Avançaremos mais rapidamente nessa direção, se soubermos qualificar o debate político.

Minhas amigas e meus amigos,

Quero dar os parabéns à companheira Dilma Roussef. Para mim, primeiro trabalhador eleito Presidente da República, será motivo de grande satisfação transmitir a faixa presidencial, no próximo dia 1º de janeiro, à primeira mulher eleita Presidente da República. Tenho perfeita consciência do imenso simbolismo desse ato.

Ele proclamará ao mundo inteiro – e a nós mesmos – que somos um País com instituições consolidadas, capazes de absorver mudanças e progressos. E que somos também um País que aprendeu a duras penas que não há preconceito, por mais forte que seja, que não possa ser vencido e superado pela tenacidade do povo.

Simbolicamente, estaremos proclamando ainda que ninguém é melhor do que ninguém. Não importam as diferenças de origem social, de sexo, de sotaque ou de fortuna. Somos todos brasileiros. E todos devem ter oportunidades iguais, o direito a sonhar com dias melhores e o apoio para melhorar sua vida e a de sua família.

Boa noite!

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