Ricardo Kotscho
Muita água ainda vai rolar e tudo pode acontecer. Feita a ressalva, todas as pesquisas divulgadas até aqui, após os 10 primeiros dias do horário eleitoral, clarearam o cenário da disputa em São Paulo e indicaram as mesmas tendências, repetindo até os mesmos números.
O novo Ibope divulgado nesta sexta-feira confirma: Celso Russomanno, do PRB, consolida-se na liderança e abre uma vantagem de 11 pontos sobre o segundo colocado, José Serra, do PSDB.
Enquanto a candidatura do tucano derrete, batendo recordes de rejeição, dispara a do petista Fernando Haddad, e agora os dois já aparecem em empate técnico: 20 a 16, dentro da margem de erro de 3%.
Em relação à pesquisa anterior, feita antes da estreia dos programas no rádio e na televisão, Russomano subiu 6 pontos, de 26 para 31%; na curva inversa, Serra caiu 6 pontos, de 26 para 20%, e Haddad saiu de 9 para 16%.
Conclusão: mantidas as atuais condições de tempo e teperatura, as próximas pesquisas de Datafolha, Ibope e Vox Populi já deverão indicar uma disputa entre Russomanno e Haddad no segundo turno, deixando de fora o candidato tucano, algo inimaginável no início da campanha.
A bem da verdade, o marqueteiro petista João Santana já vem prevendo há tempos em conversa com amigos meus que José Serra não iria para o segundo turno por absoluta falta de discurso e fadiga de material.
Em outras palavras, como acontece com os iogurtes e as salsichas, Serra já entrou na campanha com seu prazo de validade vencido.
Aí não tem marqueteiro, por mais genial que seja, capaz de dar jeito. Assim como não dá para brigar com o consumidor que rejeita o produto, também não convém contrariar o eleitor.
Se numa primeira fase da campanha Russomanno vinha avançando no eleitorado petista de Haddad, agora ele recolhe os votos anti-PT que estavam indo para Serra.
Navegando entre os que não querem mais a dupla Serra-Kassab governando a cidade, nem aceitam a volta do PT, Russomanno firma-se como o candidato da mudança, desejo de 85% do eleitorado, segundo o último Datafolha.
Assim como causa espanto para alguns o tamanho da queda de Serra em tão poucos dias, e não chega a surpreender a vigorosa subida de Haddad, o que me intriga é a inanição do candidato do PMDB, Gabriel Chalita, estacionado em 5%.
Com o terceiro maior tempo de TV, em torno de 5 minutos, a bordo do principal partido aliado do governo federal, que tem o vice-presidente da República e o maior número de prefeitos e vereadores do país, Chalita ainda não encontrou espaço para se apresentar como a terceira via entre PT e PSDB, o candidato da mudança que Russomanno encarnou.
A candidatura Chalita encruou, com o PMDB paulista pagando o preço dos anos de domínio da máquina pelo grupo quercista herdado por Michel Temer.
Serra agora só tem dois caminhos para se salvar do naufrágio anunciado, ambos arriscados: ou parte para o ataque contra seus adversários, tática adotada nas últimas campanhas, ou bota a cara na televisão para defender o legado do seu aliado Gilberto Kassab, que atingiu o maior índice de ruim e péssimo entre os prefeitos de capitais avaliados no ranking do Datafolha.
Sem entrar em divididas, tocando a bola no meio de campo, Celso Russomanno, que não parou de subir nas pesquisas desde maio, assiste de camarote à disputa entre Serra e Haddad, os candidatos dos dois maiores partidos da cidade, para saber quem vai disputar com ele o segundo turno.
Contra todas as previsões, quem despencou nas pesquisas com o início do horário eleitoral foi Serra e não Russomanno, que só tem dois minutos na televisão. Ao que as pesquisas indicam, quanto mais aparece na telinha, mais o tucano cai.
A apenas 37 dias da abertura das urnas, este é o cenário das eleições na maior cidade do país, que já foi ademarista, janista, malufista, petista, demotucana e agora pode virar russomanna.
Bom fim de semana a todos.
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