sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Contraponto 10.388 - "GURGEL PARA INICIANTES"


01/02/2013

GURGEL PARA INICIANTES

Do Facebook -1/2/2013
Leandro Fortes
As motivações do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, ao denunciar o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) duas semanas antes das eleições para a presidência do Senado Federal e, em seguida, vazar o relatório da mesma denúncia pelo site da revista Época, no dia da eleição, nada tem a ver com preocupações morais ou funcionais.

A máscara de servidor exemplar com a qual tem se apresentado ao país desde a micareta do mensalão não resiste a uma chuva de carnaval, basta lembrar da atuação do chefe do Ministério Público Federal no caso do arquivamento da Operação Vegas da Polícia Federal, de 2009, a primeira a pegar as ligações do ex-senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás, com o bicheiro Carlinhos Cachoeira. O sempre tão diligente e cioso dos bons costumes procurador-geral escondeu as informações da Justiça e obrigou a PF a realizar outra operação, a Monte Carlo, no ano passado – esta, afinal, que se tornou impossível de ser novamente engavetada por Gurgel.

O que Roberto Gurgel pretendeu ao denunciar Renan Calheiros às vésperas das eleições do Senado foi viabilizar a eleição do também procurador da República, o senador Pedro Taques (PDT-MT), praticamente um representante do procurador-geral dentro do Parlamento. Mas não se trata apenas de um movimento corporativista. Uma vez presidente do Senado, Taques teria nas mãos o poder de definir o que deve ou não ser colocado em votação no plenário.

Dadas as ligações viscerais estabelecidas, desde o julgamento do mensalão, entre a PGR e a oposição, sem falar no apoio irrestrito dos oligopólios de mídia, não seria pouca coisa ter um preposto num cargo tão importante.

Mas como Gurgel não entende nada de política e Taques é apenas um neófito no Senado, as campanhas de um e de outro foram só tiros n’água.

Mas é bom que se diga, não há nada a comemorar.

Sai José Sarney, o Kim Il-sung do Maranhão, entra Renan Calheiros, o adesista das Alagoas.

Nem ética, nem interesse público. As eleições das mesas diretoras do Congresso Nacional continuam sendo o resultado da baixa política de alianças entre o Executivo e o Legislativo, onde grassam como moedas de troca as indicações de cargos, os favorecimentos regionais, as mesquinharias paroquiais e a blindagem mútua.
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Um comentário :

  1. Quem pode acreditar na ética do MP que não cobra do judiciário e do legislativo a obediência dos ditames constitucionais do teto salarial (inventando a nova corrupção vocabular do 'extra-teto' para cometer delitos de privilégios imorais), da isonomia salarial e outras coisas mais.
    Quem pode acreditar num legislativo federal que acaba de eleger dois presidentes com passado sujo?
    Quem pode acreditar em políticos que cobram pelo menos o dízimo quando conseguem enxertar adendos no orçamento ou quando executam obras (mal feitas)?
    Não canso de pregar: políticos e magistrados representam uma nova nobreza que nos impõem a vassalagem fiscal de 35% de impostos e de se trabalhar 53 dias para pagá-la!!!

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