16/05/2013
Torturador é torturador e torturado é torturado. Ponto!
Blog Palavra Livre
Castelo Branco, cercado por generais: golpe e ditadura. |
Por Davis Sena Filho
O
jornalista Bob Fernandes coloca os pontos nos "is" e explicita, para
quem ainda tem dúvida, o que é um estado terrorista, torturadores, torturados e
aqueles que pegaram em armas em forma de resistência contra um ditadura que
tomou o poder de forma ilegal e criminosa.
Não
há como tergiversar, amenizar ou distorcer os fatos e as realidades se elas se
apresentam aos nossos olhos de forma clara e tão concreta, que é como levar um
soco no estômago e não sentir a dor. A ditadura civil-militar de 1964 se
apoderou do poder explicitamente para favorecer os interesses de nossa
burguesia herdeira da escravidão e dos EUA envolvidos que estavam com a Guerra
Fria.
Os
marechais e generais que derrubaram o presidente trabalhista João Goulart
(Jango), juntamente com homens poderosos da classe empresarial brasileira, são
os principais responsáveis pelo estado brasileiro se tornar um estado
terrorista, e, consequentemente, torturador e assassino.
Esses
militares e empresários são os maiores traidores da história do Brasil, porque
combinaram e aceitaram, inclusive, que tropas militares dos EUA — a Operação
Brother Sam — invadissem as terras brasileiras, se fosse necessário garantir a
"vitória" dos golpistas, que há anos conspiravam contra o presidente
Jango na Embaixada dos Estados Unidos.
Quem
se insurge ou não aceita uma ditadura militar, como no caso do Brasil e em qualquer País do
mundo, não é terrorista. Somente a imprensa venal e alienígena e seus
"especialistas" borra-botas ainda têm a insensatez de defender o
indefensável e justificar o injustificável, sem, entretanto, saberem, de fato,
o significado da palavra expiação. Não sei se por má-fé ou por ingenuidade.
Escolho a primeira impressão.
Considero
inacreditável saber que muitas pessoas não conseguem compreender que o estado
ditatorial torturou e matou deliberadamente, porque sua conduta se alicerçou em
estratégias e planos elaborados previamente, e, posteriormente, efetivados, a
partir dos gabinetes da Presidência da República e dos comandos das Forças
Armadas e de seus órgãos de inteligência e repressão, a exemplo do DOI-Codi,
SNI, CIEX, SISA, CENIMAR, além dos comandos e diretorias das polícias militares
e civis de todo o País.
A
ditadura é digna dos bárbaros, pois foi demoníaca, pérfida e infame. O coronel
Brilhante Ustra em seu depoimento na Comissão da Verdade mostra a verdadeira
face da covardia, com toda transparência. Sua arrogância e prepotência são
"azeitadas" por ardis e mentiras, porque, em sua covardia, o agente
da repressão se esconde atrás da Lei da Anistia, que deveria ser
constitucionalmente revogada, para que os parentes e os amigos daqueles que se
foram sem poder se defender encontrem, enfim, a justiça, porque sem justiça não
há paz.
Os
dois marechais, Castelo Branco e Costa Silva; e os três generais de Exército,
Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista de Figueiredo, são os principais
condutores do regime de exceção, que, por intermédio de Atos Institucionais,
perseguiram, demitiram, cassaram mandatos, fecharam o Congresso, prenderam sem
acusação formal, exilaram, torturam, mataram e "criaram" uma nova
categoria de seres humanos — os desaparecidos.
Médici e Geisel e o quadro do terror da ditadura. |
Seus
cúmplices e parceiros, os empresários de variados ramos da economia, inclusive
os barões da imprensa comercial e privada, também são, efetivamente
responsáveis pela a ascensão de ditadores fardados, que tentaram, em vão, dar
uma conotação "democrática" ao regime de força com a troca dos
generais ditadores, no decorrer de 21 anos. A ditadura não foi branda, como
apregoou, cinicamente, a Folha de S. Paulo, propriedade do "seu"
Frias e atualmente dirigida pelo seu filho Octávio Frias Filho.
A
ditadura militar, que teve o apoio sistemático do mundo empresarial, foi o pior
e mais violento regime político da história da República brasileira. A maioria
dos conspiradores que se transformaram em golpistas, diziam questionar e
combater a ditadura de Getúlio, só que o estadista morreu em 1954 em pleno
regime democrático. A verdade é que os golpistas de 1964 combatiam os projetos e
programas trabalhistas de Getúlio Vargas,e, por meio de campanhas insidiosas na
imprensa, confundiam a Nação com seus propósitos "democráticos", mas
de fundo golpistas.
Getúlio
chegou ao poder pela Revolução de 1930, o que é muito diferente de um golpe
militar apoiado diretamente pelos EUA, como ocorreu no fatídico e sombrio ano
de 1964. O golpe de estado bloqueou o projeto desenvolvimentista e nacionalista
dos trabalhistas em andamento desde 1930, e retomado por João Goulart. Em seu
lugar, os direitistas apresentaram aos brasileiros a violência de nossas
provincianas, escravocratas e ferozes "elites", que amarraram o
estado nacional como se faz com as patas traseiras de uma vaca, para que eles
pudessem se locupletar e, por conseguinte, enriquecer — o que é a mesma coisa
que mamar nas "tetas" do Erário Público.
Sem
sombra de dúvida, os militares insurretos fizeram um grande mal à Nação.
Atrasaram o nosso desenvolvimento social e econômico no mínimo em 30 anos e não
distribuíram riqueza e renda. Governaram para os ricos, tal qual ao
ex-presidente FHC — o Neoliberal I —, o governante mais subserviente de todos,
e que vendeu o patrimônio público brasileiro que ele e sua trupe não
construíram. O catedrático em nada, e que foi ao FMI três vezes, de joelhos e
com o pires nas mãos, porque, incompetente, quebrou o Brasil três vezes.
O
coronel Brilhante Ustra e outros atores da repressão deveriam estar presos,
como aconteceu com os militares do Uruguai e da Argentina. Acuado passou para o
ataque e evidenciou toda sua pequena condição humana. Ustra não é nada mais e
nada menos que um brucutu selvagem, um oficial da reserva, que no passado se
dedicou, caninamente, como um cão de guarda do regime e dos que verdadeiramente
mandavam no sistema de terror, acobertado pela imprensa de negócios privados e
por setores civis que financiavam os torturadores e assassinos.
Ustra,
Sebastião Curió, bicheiro Capitão Guimarães e o delegado Claúdio Guerra, dentre
muitos outros, que vivem até hoje à sombra de seus passados são figuras de
segundo escalão, que devem pagar por seus crimes, porque representam o terrorismo
de estado, bem como aqueles que, verdadeiramente, controlaram o processo
ditatorial, além de ordenarem o acionamento da máquina de torturas e
assassinatos contra aqueles que resolveram combater o nefasto regime.
Brilhante Ustra
é o abutre de si mesmo. Os generais presidentes foram e ainda o são os gerentes
do inferno. Nunca se deve esquecer, confundir ou ter dúvida de que torturador é
torturador e torturado é torturado. Ponto. Os mortos e torturados têm de ser
redimidos historicamente e livrados, definitivamente, dos porões da ditadura
militar. Para o bem do Brasil e de todos nós.
É isso aí.
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