segunda-feira, 24 de março de 2014

Contraponto 13.599 - "Linchamento de Dirceu, jornalismo de esgoto da Veja e Marcha da Família"

 

24/03/2014 

 

Linchamento de Dirceu, jornalismo de esgoto da Veja e Marcha da Família


 
Blog Palavra Livre  24/03/2014




Por Davis Sena Filho

O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, é linchado moralmente há mais de oito anos, de forma ininterrupta e sistemática, por jornais, revistas, televisões, rádios e redes sociais, além de ser atacado por políticos de partidos conservadores. Estes ajudam a fomentar a campanha insidiosa e sórdida contra Dirceu, cidadão que está preso, a cumprir pena, mas mesmo assim continua a ser perseguido, a enfrentar tão dura realidade por ainda ser alvo das psicopatias da imprensa empresarial e de setores reacionários da sociedade.



José Dirceu já é um homem idoso; e, mesmo com a idade a chegar ao seu outono, continua a lutar para defender sua honra, seu passado de enfrentamento à ditadura militar e preservar os valores e princípios que lhes nortearam em sua trajetória política repleta de vitórias e derrotas, mas sempre sombreada pelo desassossego. A lida diária dos embates partidários e ideológicos, a sobressaltarem sua vida política e pessoal, o que lhes ocasionaram inimigos poderosos e perversos, que hoje se regozijam com sua prisão.



Essas pessoas, grupos políticos e empresariais ainda se jubilam, inadvertidamente, com a prisão de um dos principais ideólogos e estrategistas do Partido dos Trabalhadores. Eles não perceberam, ou fingem não entender, que o encarceramento político e injusto de um dos principais líderes que a esquerda já produziu vai ter desdobramentos políticos, que dão uma nova face a José Dirceu, a de ser um perseguido político, juntamente com José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares, em um Brasil democrático de direito, mas que faz vista grossa para tal ignomínia, que é a sua prisão e a conseqüente perseguição ao político injustamente encarcerado.



É absurdo e total covardia o que os magnatas bilionários donos dos monopólios de comunicação privados e seus empregados feitores e porta-vozes de seus interesses fazem com um homem que está preso e que não consegue sair da prisão para ter o direito, constitucional e regimental, que é o de trabalhar. A imprensa de direita elabora matérias de conotações alarmistas e falsamente denuncistas, cujo propósito é forjar notícias para que juízes possam ter motivos para sobrepor às leis e, por conseguinte, protelar o direito de trabalhar do ex-ministro da Casa Civil. É o que está a acontecer.



Juízes exemplificados nos nomes de Joaquim Barbosa, presidente do STF, e de seu cúmplice de ações discricionárias, ou seja, de acordo com suas conveniências (políticas), o juiz Bruno Ribeiro, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal. Ribeiro é filho de dirigente importante do PSDB de Brasília, e se comporta, na verdade, como um carcereiro de luxo, que mantém preso um homem que foi condenado ao regime semiaberto, conforme reza a decisão autônoma e soberana do Plenário do STF e que até hoje não foi respeitada por tais juízes.



O juiz Joaquim Barbosa, uma pessoa de passado histórico e político irrelevantes, como o será também insignificante, sem sombra de dúvida, o legado jurídico do magistrado, que rasgou a Constituição, o Código Penal e mandou às favas os autos do processo do “mensalão”, a começar pela utilização da teoria do domínio do fato e pelo arquivamento do Inquérito 2474, desdobramento do Inquérito 2245, que se tornou a Ação Penal 470.



A AP foi utilizada de maneira intermitente pela direita brasileira com o claro objetivo evidentemente político e eleitoral, porque sabedora de não ter projeto de País e programa de governo para apresentar ao povo brasileiro, a restar apenas à direita o combate no plano das acusações infundadas, das denúncias vazias e das maledicências exemplificadas nas fofocas de jornais, revistas e televisões.



Esse processo draconiano, obviamente, gerou e ainda gera desdobramentos políticos aproveitados oportunisticamente pelos partidos políticos conservadores e por alguns promotores e juízes que se mostraram politicamente aversos ao PT, aos governantes trabalhistas e à hegemonia política de um partido que tem a aprovação da maioria da população brasileira. É como se a oposição dissesse: “A gente perde nas urnas, mas tentamos virar o jogo democrático no tapetão do Judiciário. Que se dane a vontade do povo!”



Aliás, essa mídia golpista e de alma venal e mercadológica, que não aceita o resultado das urnas, apoia também as manifestações ou marchas “apolíticas” e “apartidárias”, que pedem, dentre outras reivindicações de conotação criminosa, na maior cara de pau e insensatez, a “intervenção” militar. Intervenção é a palavra escolhida pelos filhotes de Mussolini para dissimular ou escamotear a palavra golpe. Porque a verdade é que a reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade é essencialmente golpista e, portanto, fora da lei. Realmente é o fim da picada.



É como se, de repente, saíssem de suas tumbas fantasmagóricas pessoas até então que se envergonhavam da condição de fascistas e golpistas. Contudo, ao perceberem que o PT pode vencer a quarta eleição, perderam a vergonha na cara e saíram às ruas, a rememorar uma ditadura que durou 21 anos, e, no decorrer desse tempo, perseguiu, censurou, exilou, prendeu, torturou e matou.



Mesmo a saberem das diatribes da ditadura, esses “cidadãos”, que remontam a um passado dantesco, ainda têm a capacidade de chamar os governos do PT de ditaduras bolivarianas ou do proletariado, quando a verdade é que os governantes trabalhistas fomentaram o consumo e levaram o capitalismo brasileiro a patamares mais elevados, como nunca se tinha visto antes neste País. A burrice dessa gente envergonha até o Pateta de Walt Disney!
Simples assim, para quem não tem discernimento e por isto não se importa com o que aconteceu com o Brasil e também com a América do Sul nos tempos de ditaduras e Guerra Fria.



Não sei se é alienação política ou má-fé mesmo, mas compreendo que essas pessoas marchadoras mais pareciam com loucas varridas saídas diretamente de um hospício, do que propriamente indivíduos de extrema direita. Indivíduos que consideram “muito natural” quebrar a estabilidade democrática, violar o estado de direito e pleitear, sem quaisquer noções do que é legal e moral, um golpe de estado, na maior sordidez e falta do que fazer. Ainda mais no Brasil. Surreal, para dizer o mínimo!



O “mensalão”, o do PT, evidentemente, é o Mentirão, conforme afirmou a jornalista Hildegard Angel. Trata-se da maior farsa midiática, jurídica e política de todos os tempos.
Quanto ao Mensalão do PSDB, a peça foi desmembrada, alguns políticos tucanos envolvidos se livraram de responder às acusações, por causa da idade avançada, bem como outros personagens vão se livrar de seus processos porque, acredita-se, que o Mensalão do PSDB vai prescrever. Certamente, tal imbróglio político vai ser resolvido em instâncias inferiores e sem a evidência e a propaganda da mídia imperialista e de direita.



Voltemos a José Dirceu. O político socialista, como todo mundo sabe, contrariou interesses de políticos aliados da base do governo, dos magnatas bilionários da imprensa e de diversos segmentos empresariais. Dirceu, juntamente com o ex-presidente Lula e o assessor especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, é um dos principais ideólogos e estrategistas do PT e, evidentemente, da esquerda brasileira.



Seu dinamismo político e coragem para dizer “não” a pessoas e grupos empresariais acostumados a ser atendidos pelo poder o levou ao cadafalso, à guilhotina política, bem como à perseguição por parte daqueles que farejaram a oportunidade de derrubá-lo quando perceberam a gritaria histérica e imprudente do deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, que teve um de “seus” homens pego com a boca na botija ao receber propina nos Correios e Telégrafos.



Jefferson, metido a valentão e de personalidade cabotina, pensou que era uma arapuca armada pelo PT e pensou em José Dirceu. Depois verificou que a armadilha foi montada pelo bicheiro Carlinhos Cachoeira, que também atuava como pauteiro e editor da Veja, a Revista Porcaria, de extrema direita e que elabora o verdadeiro e genuíno jornalismo de esgoto. Contudo, era tarde para o político que começou sua vida pública no programa o Povo na TV, do SBT, em 1982.



A mídia alienígena de caráter golpista percebeu a grande oportunidade política para flagelar o PT e algumas de suas principais lideranças. Para concretizar suas ambições, resolveu, sem dar tréguas, no decorrer de quase uma década, manter José Dirceu, além de outros petistas, no olho do furacão, ou seja, nas manchetes da imprensa burguesa, que jamais aceitou o PT no poder e, por sua vez, controlar a administração federal, por intermédio do voto popular e da aceitação do jogo democrático.



A prisão de José Dirceu é injusta, uma farsa jurídica inominável e que tem o propósito de combater o PT no que diz respeito às eleições e ao controle do estado brasileiro. (OsGrifos em verde negritado são do ContrapontopPIG) 
As “elites” escravizaram pessoas durante quase 400 anos e nunca fez nada em prol da independência do Brasil e da emancipação do povo brasileiro.



A permanência de José Dirceu na cadeia é um acinte e atentado contra as garantias constitucionais. Por seu turno, sua prisão é uma afronta à sociedade brasileira, que pode ficar à mercê de juízes de instâncias inferiores, a exemplo do juiz do Distrito Federal, que, mancomunado com o condestável Joaquim Barbosa, protela por meio de subterfúgios jurídicos, que se baseiam em notícias de uma imprensa manipuladora, quando, não, mentirosa, o direito retirado de Dirceu ao regime semiaberto, para que ele possa, enfim, trabalhar.



Dou como exemplo desses absurdos o caso da “matéria” da Veja, a Revista Porcaria, que conseguiu fotos de Dirceu tiradas dentro do presídio, o que, indubitavelmente, é um crime, que deveria ser duramente investigado pelos promotores, policiais e observado, de forma atenta, pelos juízes. Entretanto, está todo mundo em silêncio, fato este que incomoda demais àqueles que ainda não perderam a humanidade, o discernimento sobre os fatos e os acontecimentos e que prezam o estado de direito e a democracia brasileira.



A Veja, como outros órgãos de imprensa privados e de caráter imperialista, é reincidente em tais crimes e ilegalidades. Tal pasquim de péssima qualidade editorial é recorrente quando se trata de elaborar o verdadeiro jornalismo de esgoto. Há alguns poucos anos, em Brasília, um “repórter” da “Última Flor do Fáscio” invadiu o quarto do hotel onde José Dirceu estava hospedado. O patifezinho foi denunciado pela direção do hotel e até hoje nada foi feito. Está tudo como dantes no quartel de Abrantes.



Por sua vez, a publicação direitista da família dos Civitas continua o seu ciclo vicioso, pois sempre foi useira e vezeira em plantar matérias em off, além de fazer capas cretinas, com a finalidade de desconstruir, desqualificar e destruir a moral e a imagem das pessoas, porque se tem uma coisa que esse pasquim panfletário sabe fazer é moer reputações, para depois fingir que nada fez. O linchamento de José Dirceu é a maior covardia que eu tive o desprazer de ver após o regime militar. É isso aí.
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