24/03/2014
Linchamento de Dirceu, jornalismo de esgoto da Veja e Marcha da Família
Blog Palavra Livre 24/03/2014
Por Davis Sena Filho
O ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, é
linchado moralmente há mais de oito anos, de forma ininterrupta e sistemática,
por jornais, revistas, televisões, rádios e redes sociais, além de ser atacado
por políticos de partidos conservadores. Estes ajudam a fomentar a campanha
insidiosa e sórdida contra Dirceu, cidadão que está preso, a cumprir pena, mas
mesmo assim continua a ser perseguido, a enfrentar tão dura realidade por ainda
ser alvo das psicopatias da imprensa empresarial e de setores reacionários da
sociedade.
José Dirceu já é um homem idoso; e, mesmo com
a idade a chegar ao seu outono, continua a lutar para defender sua honra, seu passado
de enfrentamento à ditadura militar e preservar os valores e princípios que
lhes nortearam em sua trajetória política repleta de vitórias e derrotas, mas
sempre sombreada pelo desassossego. A lida diária dos embates partidários e
ideológicos, a sobressaltarem sua vida política e pessoal, o que lhes
ocasionaram inimigos poderosos e perversos, que hoje se regozijam com sua
prisão.
Essas pessoas, grupos políticos e empresariais
ainda se jubilam, inadvertidamente, com a prisão de um dos principais ideólogos
e estrategistas do Partido dos Trabalhadores. Eles não perceberam, ou fingem
não entender, que o encarceramento político e injusto de um dos principais
líderes que a esquerda já produziu vai ter desdobramentos políticos, que dão
uma nova face a José Dirceu, a de ser um perseguido político, juntamente com
José Genoíno, João Paulo Cunha e Delúbio Soares, em um Brasil democrático de
direito, mas que faz vista grossa para tal ignomínia, que é a sua prisão e a
conseqüente perseguição ao político injustamente encarcerado.
É absurdo e total covardia o que os magnatas
bilionários donos dos monopólios de comunicação privados e seus empregados
feitores e porta-vozes de seus interesses fazem com um homem que está preso e
que não consegue sair da prisão para ter o direito, constitucional e
regimental, que é o de trabalhar. A imprensa de direita elabora matérias de
conotações alarmistas e falsamente denuncistas, cujo propósito é forjar
notícias para que juízes possam ter motivos para sobrepor às leis e, por
conseguinte, protelar o direito de trabalhar do ex-ministro da Casa Civil. É o
que está a acontecer.
Juízes exemplificados nos nomes de Joaquim
Barbosa, presidente do STF, e de seu cúmplice de ações discricionárias, ou
seja, de acordo com suas conveniências (políticas), o juiz Bruno Ribeiro, da
Vara de Execuções Penais do Distrito Federal. Ribeiro é filho de dirigente
importante do PSDB de Brasília, e se comporta, na verdade, como um carcereiro
de luxo, que mantém preso um homem que foi condenado ao regime semiaberto, conforme
reza a decisão autônoma e soberana do Plenário do STF e que até hoje não foi
respeitada por tais juízes.
O juiz Joaquim Barbosa, uma pessoa de passado
histórico e político irrelevantes, como o será também insignificante, sem
sombra de dúvida, o legado jurídico do magistrado, que rasgou a Constituição, o
Código Penal e mandou às favas os autos do processo do “mensalão”, a começar
pela utilização da teoria do domínio do fato e pelo arquivamento do Inquérito
2474, desdobramento do Inquérito 2245, que se tornou a Ação Penal 470.
A AP foi utilizada de maneira intermitente pela
direita brasileira com o claro objetivo evidentemente político e eleitoral,
porque sabedora de não ter projeto de País e programa de governo para
apresentar ao povo brasileiro, a restar apenas à direita o combate no plano das
acusações infundadas, das denúncias vazias e das maledicências exemplificadas
nas fofocas de jornais, revistas e televisões.
Esse processo draconiano, obviamente, gerou e
ainda gera desdobramentos políticos aproveitados oportunisticamente pelos
partidos políticos conservadores e por alguns promotores e juízes que se
mostraram politicamente aversos ao PT, aos governantes trabalhistas e à
hegemonia política de um partido que tem a aprovação da maioria da população
brasileira. É como se a oposição dissesse: “A gente perde nas urnas, mas
tentamos virar o jogo democrático no tapetão do Judiciário. Que se dane a
vontade do povo!”
Aliás, essa mídia golpista e de alma venal e
mercadológica, que não aceita o resultado das urnas, apoia também as
manifestações ou marchas “apolíticas” e “apartidárias”, que pedem, dentre
outras reivindicações de conotação criminosa, na maior cara de pau e
insensatez, a “intervenção” militar. Intervenção é a palavra escolhida pelos
filhotes de Mussolini para dissimular ou escamotear a palavra golpe. Porque a
verdade é que a reedição da Marcha da Família com Deus pela Liberdade é
essencialmente golpista e, portanto, fora da lei. Realmente é o fim da picada.
É como se, de repente, saíssem de suas tumbas
fantasmagóricas pessoas até então que se envergonhavam da condição de fascistas
e golpistas. Contudo, ao perceberem que o PT pode vencer a quarta eleição,
perderam a vergonha na cara e saíram às ruas, a rememorar uma ditadura que
durou 21 anos, e, no decorrer desse tempo, perseguiu, censurou, exilou,
prendeu, torturou e matou.
Mesmo a saberem das diatribes da ditadura,
esses “cidadãos”, que remontam a um passado dantesco, ainda têm a capacidade de
chamar os governos do PT de ditaduras bolivarianas ou do proletariado, quando a
verdade é que os governantes trabalhistas fomentaram o consumo e levaram o
capitalismo brasileiro a patamares mais elevados, como nunca se tinha visto
antes neste País. A burrice dessa gente envergonha até o Pateta de Walt Disney!
Simples assim, para quem não tem discernimento
e por isto não se importa com o que aconteceu com o Brasil e também com a
América do Sul nos tempos de ditaduras e Guerra Fria.
Não sei se é alienação política ou má-fé mesmo,
mas compreendo que essas pessoas marchadoras mais pareciam com loucas varridas
saídas diretamente de um hospício, do que propriamente indivíduos de extrema
direita. Indivíduos que consideram “muito natural” quebrar a estabilidade
democrática, violar o estado de direito e pleitear, sem quaisquer noções do que
é legal e moral, um golpe de estado, na maior sordidez e falta do que fazer. Ainda
mais no Brasil. Surreal, para dizer o mínimo!
O “mensalão”, o do PT, evidentemente, é o
Mentirão, conforme afirmou a jornalista Hildegard Angel. Trata-se da maior
farsa midiática, jurídica e política de todos os tempos.
Quanto ao Mensalão do
PSDB, a peça foi desmembrada, alguns políticos tucanos envolvidos se livraram
de responder às acusações, por causa da idade avançada, bem como outros personagens
vão se livrar de seus processos porque, acredita-se, que o Mensalão do PSDB vai
prescrever. Certamente, tal imbróglio político vai ser resolvido em instâncias
inferiores e sem a evidência e a propaganda da mídia imperialista e de direita.
Voltemos a José Dirceu. O político socialista,
como todo mundo sabe, contrariou interesses de políticos aliados da base do
governo, dos magnatas bilionários da imprensa e de diversos segmentos
empresariais. Dirceu, juntamente com o ex-presidente Lula e o assessor
especial da Presidência da República para Assuntos Internacionais, Marco
Aurélio Garcia, é um dos principais ideólogos e estrategistas do PT e,
evidentemente, da esquerda brasileira.
Seu dinamismo político e
coragem para dizer “não” a pessoas e grupos empresariais acostumados a ser
atendidos pelo poder o levou ao cadafalso, à guilhotina política, bem como à
perseguição por parte daqueles que farejaram a oportunidade de derrubá-lo
quando perceberam a gritaria histérica e imprudente do deputado Roberto
Jefferson, presidente do PTB, que teve um de “seus” homens pego com a boca na
botija ao receber propina nos Correios e Telégrafos.
Jefferson, metido a valentão e de
personalidade cabotina, pensou que era uma arapuca armada pelo PT e pensou em
José Dirceu. Depois verificou que a armadilha foi montada pelo bicheiro
Carlinhos Cachoeira, que também atuava como pauteiro e editor da Veja, a
Revista Porcaria, de extrema direita e que elabora o verdadeiro e genuíno
jornalismo de esgoto. Contudo, era tarde para o político que começou sua vida
pública no programa o Povo na TV, do SBT, em 1982.
A mídia alienígena de caráter
golpista percebeu a grande oportunidade política para flagelar o PT e algumas
de suas principais lideranças. Para concretizar suas ambições, resolveu, sem
dar tréguas, no decorrer de quase uma década, manter José Dirceu, além de
outros petistas, no olho do furacão, ou seja, nas manchetes da imprensa burguesa,
que jamais aceitou o PT no poder e, por sua vez, controlar a administração
federal, por intermédio do voto popular e da aceitação do jogo democrático.
A prisão de José Dirceu é
injusta, uma farsa jurídica inominável e que tem o propósito de combater o PT
no que diz respeito às eleições e ao controle do estado brasileiro. (OsGrifos em verde negritado são do ContrapontopPIG)
As “elites”
escravizaram pessoas durante quase 400 anos e nunca fez nada em prol da
independência do Brasil e da emancipação do povo brasileiro.
A permanência de José Dirceu na
cadeia é um acinte e atentado contra as garantias constitucionais. Por seu
turno, sua prisão é uma afronta à sociedade brasileira, que pode ficar à mercê de
juízes de instâncias inferiores, a exemplo do juiz do Distrito Federal, que,
mancomunado com o condestável Joaquim Barbosa, protela por meio de subterfúgios
jurídicos, que se baseiam em notícias de uma imprensa manipuladora, quando,
não, mentirosa, o direito retirado de Dirceu ao regime semiaberto, para que ele
possa, enfim, trabalhar.
Dou como exemplo desses
absurdos o caso da “matéria” da Veja, a Revista Porcaria, que conseguiu fotos
de Dirceu tiradas dentro do presídio, o que, indubitavelmente, é um crime, que
deveria ser duramente investigado pelos promotores, policiais e observado, de
forma atenta, pelos juízes. Entretanto, está todo mundo em silêncio, fato este
que incomoda demais àqueles que ainda não perderam a humanidade, o
discernimento sobre os fatos e os acontecimentos e que prezam o estado de
direito e a democracia brasileira.
A Veja, como outros órgãos de
imprensa privados e de caráter imperialista, é reincidente em tais crimes e
ilegalidades. Tal pasquim de péssima qualidade editorial é recorrente quando se
trata de elaborar o verdadeiro jornalismo de esgoto. Há alguns poucos anos, em
Brasília, um “repórter” da “Última Flor do Fáscio” invadiu o quarto do hotel onde
José Dirceu estava hospedado. O patifezinho foi denunciado pela direção do
hotel e até hoje nada foi feito. Está tudo como dantes no quartel de Abrantes.
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