Jornal GGN – seg, 31/03/2014 - 08:50
A presidente Dilma Rousseff foi uma ativista, uma fiel seguidora de suas certezas. Sem alongar em sua biografia, aqui um apanhado significativo de sua trajetória, em três momentos marcantes.
O primeiro é representado pela foto da jovem Dilma diante de um tribunal militar. Jovem sim, mas que evidenciava grande força. A presidente ficou 3 anos presa, foi torturada e de lá saiu aos 21 anos. Eis a foto que muito representa uma época.
Outro momento inesquecível, foi sua resposta ao Senador Agripino Maia, do DEM, quando da audiência da Comissão de Infraestrutura do Senado, em maio de 2008, quando era ministra da Casa Civil. Eis uma transcrição de sua resposta, extraída do Youtube.
Transcrição do trecho da audiência, realizada em 7 de maio de 2008 pela Comissão de Infraestrutura do Senado:
Senador José Agripino Maia (DEM): "A senhora mentiu na ditadura, mentirá aqui?"
DILMA ROUSSEFF: "Qualquer comparação entre a ditadura militar e a democracia brasileira, só pode partir de quem não dá valor à democracia brasileira.
Eu tinha 19 anos, fiquei três anos na cadeia e fui barbaramente torturada, senador. E qualquer pessoa que ousar dizer a verdade para os seus interrogadores, compromete a vida dos seus iguais e entrega pessoas para serem mortas. Eu me orgulho muito de ter mentido senador, porque mentir na tortura não é fácil. Agora, na democracia se fala a verdade, diante da tortura, quem tem coragem, dignidade, fala mentira. E isso (aplausos) e isso, senador, faz parte e integra a minha biografia, que eu tenho imenso orgulho, e eu não estou falando de heróis. Feliz do povo que não tem heróis desse tipo, senador, porque agüentar a tortura é algo dificílimo, porque todos nós somos muito frágeis, todos nós. Nós somos humanos, temos dor, e a sedução, a tentação de falar o que ocorreu e dizer a verdade é muito grande senador, a dor é insuportável, o senhor não imagina quanto é insuportável.
Então, eu me orgulho de ter mentido, eu me orgulho imensamente de ter mentido, porque eu salvei companheiros, da mesma tortura e da morte. Não tenho nenhum compromisso com a ditadura em termos de dizer a verdade. Eu estava num campo e eles estavam noutro e o que estava em questão era a minha vida e a de meus companheiros. E esse país, que transitou por tudo isso que transitou, que construiu a democracia, que permite que hoje eu esteja aqui, que permite que eu fale com os senhores, não tem a menor similaridade, esse diálogo aqui é o diálogo democrático. A oposição pode me fazer perguntas, eu vou poder responder, nós estamos em igualdade de condições humanas, materiais.
Nós não estamos num diálogo entre o meu pescoço e a forca, senador. Eu estou aqui num diálogo democrático, civilizado, e por isso eu acredito e respeito esse momento. Por isso, todas as vezes eu já vim aqui nessa comissão antes. Então, eu começo a minha fala dizendo isso, porque isso é o resgate desse processo que ocorreu no Brasil. Vou repetir mais uma vez:
Não há espaço para a verdade, e é isso que mata na ditadura. O que mata na ditadura é que não há espaço para a verdade porque não há espaço para a vida, senador. Porque algumas verdades, até as mais banais, podem conduzir à morte. É só errarem a mão no seu interrogatório.
E eu acredito, senador, que nós estávamos em momentos diversos da nossa vida em 70.
Eu asseguro pro senhor, eu tinha entre 19 e 21 anos e, de fato, eu combati a ditadura militar, e disso eu tenho imenso orgulho."
E, por fim, a presidente Dilma Rousseff em seu pronunciamento, em janeiro de 2012, ao empossar os integrantes da Comissão Nacional da Verdade, ela se emociona ao relembrar os motivos que levaram o país a ter necessidade de tal Comissão.
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