sexta-feira, 21 de março de 2014

Contraponto 13.570 - "Globo manipula edição e indica volta ao jornalismo 'bolinha de papel' "

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21/03/2014


jornal nacional

Globo manipula edição e indica volta ao jornalismo 'bolinha de papel'

 
Maior telejornal do país omite pesquisa sobre eleições presidenciais, tenta envolver Dilma com deputado paraense preso e distorce números para 'esquentar' caso da refinaria comprada pela Petrobras
 
Blog da Helena publicado 21/03/2014 13:22 
 
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por Helena Sthephanowitz

Sergio Gabrielli, no JN: em vez de esclarecer, emissora edita falas para tentar comprovar suas teses

Na noite de quinta-feira (20), o Jornal Nacional, da TV Globo, simplesmente omitiu a notícia da primeira pesquisa Ibope deste ano sobre a corrida presidencial. A emissora de TV por assinatura da empresa dos Marinho, a GloboNews, já havia divulgado a ainda grande vantagem de Dilma sobre os demais postulantes, desde as 18h. Pelo Ibope, os números não muito bons para os candidatos de oposição e apontam a reeleição da presidenta já no primeiro turno, com folga, em todos os cenários.

Em seguida o Jornal Nacional noticiou que o STF havia determinado a prisão do deputado Asdrúbal Bentes (PMDB-PA) por ter oferecido cirurgias de esterilização em mulheres em troca de votos no ano de 2004. Até aí a notícia seria mais uma lamentável episódio da história eleitoral do país.

Mas a edição da matéria foi (mais) uma vilania jornalística: associou a figura de à má conduta daquele deputado, sem que ela nada tenha nada a ver com os fatos que levaram à condenação. A extravagância foi enxertar na matéria que a presidenta tinha comandado algumas cerimônias oficiais no Pará no mesmo dia, em uma das quais, aliás, o deputado esteve presente, antes da decisão do Tribunal.

Para "caprichar" o telejornal narrou que o deputado ficou próximo à presidenta e foi citado no discurso dela, que foi exibido apenas no trecho em que ela diz "queria também cumprimentar os deputados federais aqui presentes: o Asdrúbal Bentes...".

O telejornal ignorou que a presidenta citou em seu cumprimento – que aliás faz parte do protocolo de qualquer cerimônia oficial – os nove deputados federais presentes. E se era para falar da cerimônia, deveria pelo menos informar ao telespectador sobre o que era, coisa que a emissora não fez – tratava-se do lançamento do edital para melhorar a navegabilidade de grandes embarcações no rio Tocantins, além da entrega de máquinas e equipamentos a municípios do Pará.

Essa edição manipulada, feita claramente para forçar uma associação da imagem da presidenta com a condenação do deputado, sem comprovar que hajam fatos que a justifiquem, é um típico golpe baixo de jornalismo.

Mas no mesmo dia em que as pesquisas mostraram a preferência do eleitorado pela presidenta e foram ignoradas pelo telejornal, a coisa não parou por aí. Em outra matéria, uma nova vilania.

Em seguida, veio o caso da compra, que de fato precisa ser melhor apurada, de refinaria de petróleo nos EUA. O entrevistado foi o ex-presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli. Finalmente o Jornal Nacional resolveu cumprir a regra básica do jornalismo e ouvir o outro lado? Ledo engano. O telejornal narrou o que bem entendeu, usando trechos do entrevistado para fazer testes de hipóteses.

Pinçou umadeclaração de Grabielli – "A put options é uma cláusula comum em aquisição de empresa (...) é uma cláusula normal em operações de aquisições" – para em seguida interpretar por conta própria que isto contradiria a explicação de Dilma Rousseff para ter aprovado o negócio.

Mas não há contradição nenhuma. A cláusula pode ser usual, como disse Gabrielli, e a presidenta pode perfeitamente não concordar, como disse ao afirmar que o relatório apresentado ao Conselho de Administração era falho ao não detalhar que havia esta cláusula.

Na narrativa, o telejornal citou diversos números sobre o negócio que não correspondem à verdade, ignorando investimentos feitos, valores de estoques de combustíveis etc., todos já explicados por Gabrielli em uma audiência pública no Senado. O ex-presidente da Petrobras deveria até reivindicar direito de resposta à reportagem.

Em 2010, últimas eleições nacionais, o Jornal Nacional chegou a protagonizar o vexame do episódio bolinha de papel, tentando provar que o então candidato José Serra havia sido ferido na cabeça por um objeto que provou-se, quase simultaneamente, que não passava de uma bolinha de papel amassado.

Pelo visto aquele padrão de jornalismo está voltando, à medida que as eleições se aproximam.

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