sexta-feira, 21 de março de 2014

Contraponto 13.573 - "Dilma, Pasadena e os ataques especulativos à Petrobras"



  Brasil 247 - 20/03/2014  - 

A Petrobras tem sido a empresa que mais tem encontrado novas reservas. Não ver isso é fazer o jogo sujo de especuladores que usam a mídia para baixar o preço de uma empresa com objetivo de comprar barato suas ações
(originalmente publicado no Cafezinho)

MIGUEL DO ROSÁRIO

Miguel do RosárioA história da refinaria de Pasadena, adquirida pela Petrobrás em 2006 não é um assunto novo.

O então presidente da Petrobrás, José Gabrielli, já participou de audiência pública no Senado, em agosto do ano passado, explicando a decisão. Segundo Gabrielli, foi um negócio normal, segundo os parâmetros e cenários disponíveis à época.

Não podemos esquecer o contexto. Em primeiro lugar, a decisão favorável à compra da refinaria se deu em fevereiro de 2006. Apenas ao final de 2006, teríamos notícias das primeiras reservas gigantes do pré-sal, o que acarretaria numa reviravolta completa dos planos da Petrobrás e do governo. A confirmação destas reservas, e a descoberta de outras, se daria apenas nos anos seguintes.

Uma coisa são erros cometidos por má fé, outra são mudanças de cenário que invalidam uma decisão anterior.

Antes do pré-sal, o foco dos investimentos em energia, por parte do governo e da Petrobrás, era o biodiesel e a construção de refinarias adequadas ao petróleo pesado produzido no país.

De 1999 a 2005, a meta da companhia era ampliar a capacidade de refino no exterior, para ampliar o escoamento do nosso petróleo para os principais mercados consumidores, como os EUA. O mercado americano vinha aumentando, de maneira bastante vigorosa, o consumo de petróleo pesado, gerando uma demanda maior de refinarias. Foi aí que a Petrobrás entrou. Ela tinha um plano de investimento, e dinheiro separado especialmente para aquisição de refinarias no exterior. Quando houve a oportunidade, a Petrobrás não perdeu tempo.

A mídia está distorcendo, por exemplo, os custos da refinaria de Pasadena, porque está incluindo no preço os estoques de petróleo e derivados que vieram juntos na compra, e que foram usados.

Para saber se o preço foi alto ou baixo, é preciso estabelecer uma unidade de comparação. Essa unidade existe, é o preço por barril. Depois se compara outras aquisições no mesmo ano.  A Petrobrás adquiriu os 100% da refinaria de Pasadena por US$ 4.860 por barril. No mesmo ano, 2006, o preço médio de refinarias adquiridas na América do Norte foi de US$ 9.734 por barril. Em maio de 2007, um fundo de investidores do Canadá adquiriu a Lima Refinery da Valero, por US$ 11.515 por barril.
Os preços das refinarias continuariam crescendo até a eclosão da crise de 2008, considerada a maior já vivida pelo capitalismo mundial desde o crash de 1929.  A partir daí, o consumo de petróleo pesado pelos EUA começa a declinar. A Astra Oil, então, premida pela crise, resolve sair de seu negócio em Pasadena, repassando sua parte à Petrobrás.

Surgem variáveis novas no mercado do petróleo: descoberta do pré-sal no Brasil, com petróleo ultraleve; início das operações com xisto nos EUA; crise financeira mundial, reduzindo consumo de petróleo e fazendo as cotações da commodity despencarem nas bolsas.

Gabrielli observa, no entanto, que a refinaria de Pasadena não é um negócio perdido. Ela continua extremamente bem localizada, próxima ao golfo do México e com acesso privilegiado aos grandes corredores de abastecimento dos EUA.

Independente das investigações sobre os problemas na Petrobrás, é certo que há uma guerra especulativa contra a empresa, e que agora ganha contornos políticos e eleitorais. O colunista Elio Gaspari publicou hoje um texto, por exemplo, violentíssimo contra a gestão da Petrobrás. Na mesma página, editorial do Globo adota linha igual, e critica a política de compra de conteúdo nacional da empresa, os 30% que a lei do petróleo garante à Petrobrás em todo o pré-sal, e pede “visão empresarial”, o que, no contexto do artigo, equivale a defender a privatização da companhia.

Gaspari inicia o artigo informando, em tom de denúncia, a ação da Petrobrás valia R$ 29 no início da gestão de Dilma e hoje vale R$ 12,60. É uma afirmação mistificadora, porque o petróleo é a commodity mais volátil no mundo. O preço da ação da Petrobrás pode voltar a R$ 29 em pouco tempo. Para isso basta, por exemplo, uma nova guerra na Criméia, que prejudique o fluxo de petróleo vindo da Rússia, hoje a maior exportadora do planeta.

A Petrobrás tem sido a empresa que mais tem encontrado novas reservas, e uma das que mais tem investido, com sucesso, em produção e refino. É um dos pilares centrais da indústria e do desenvolvimento científico no país. Não ver isso é fazer o jogo sujo de especuladores que usam a mídia para baixar o preço de uma empresa com objetivo de comprar barato suas ações.

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