30/03/2014
O ser e o nada
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O retorno de Roberto D’Ávila à TV trouxe uma
interessante entrevista, do ponto de vista do entrevistador, com Joaquim
Barbosa.
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Reprodução de vídeo
O ego inflado de Barbosa enfrenta a elegância de D'Ávila
por Nirlando Beirão
Roberto D’Ávila tem aquele jeito de moço fino, bonzinho e elegante, mas pode ser maquiavelicamente cruel. Em seu retorno à tevê, a bordo do Globo News, o suave D’Ávila elegeu uma notável vítima. Na estreia, sábado de madrugada (com incansáveis repetições), anunciou que iria levar ao ar o lado humano do ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF. Os telespectadores continuam procurando por ele. O apresentador esperou sete meses pelo sim de Joaquim Barbosa. O que mostra a férrea premeditação de sua malvadeza.
Foi uma interessantíssima entrevista, do
ponto de vista do entrevistador. Para o entrevistado, um desastre.
Mostrou que, por trás da toga punitiva, existe um vazio abissal. Barbosa
é um nada estrepitoso. Duvido que um único dos torcedores partidários
do ministro não tenha chegado ao fim daquela hora inteira de platitudes
sem saborear insuportável decepção. Barbosa não produziu uma escassa
ideia. Ele não tem nada a dizer além dos autos de sua particular
Inquisição. Foi constrangedor.
D’Ávila, com luvas de pelica, jogava a
isca e Barbosa, encouraçado em sua arrogância, nem sequer percebia.
D’Ávila indicava, na delicadeza das perguntas, saída lisonjeira para a
resposta. “O senhor lê muito, não é? Balzac?” Barbosa estufou o ego: “É,
Balzac”. E mais não disse. “O que o senhor escuta?” “Tudo.” “Beatles ou
Rolling Stones?” “Os dois.”
O único momento em que Barbosa demonstrou
alguma emoção foi ao falar de racismo. Daquele jeito.
O rancor pauta a
vida dele. Deve ter sido mesmo muito humilhado. Sugeriu até que Lula
nomeou-o para o STF de olho na cota, não em reconhecimento por seu
currículo, brilhante, cosmopolita. Fica difícil assim: deixar de nomear
um negro teria sido racismo. Nomear também é?
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PITACO DO ContrapontoPIG
Um vazio abissal cheio de maldade
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