segunda-feira, 24 de março de 2014

Contraponto 13.593 - "Dávila fez uma entrevista “Caras” com Joaquim Barbosa"

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24/03/2013

Dávila fez uma entrevista “Caras” com Joaquim Barbosa




De pé por causa das dores nas costas do ministro
 De pé por causa das dores nas costas do ministro
Paulo NogueiraRoberto Dávila fez uma entrevista “Caras” com Joaquim Barbosa na estreia de seu programa de entrevistas na Globonews, neste final de semana.

Não incomodou em nenhum momento seu entrevistado, o que é a prova maior de uma entrevista desprezível no jornalismo sério.

Só faltou a ele falar com Joaquim Barbosa de joelhos dobrados.

Pela amostra, dá para imaginar o que serão os futuros programas: completamente dispensáveis.

Chances de levar a conversa para algo mais quente não faltaram. Joaquim Barbosa disse, por exemplo, que está processando um jornalista por racismo.

Dávila simplesmente ignorou o assunto. Fugiu dele ou por inépcia ou por medo de sair da zona de conforto à base de sorrisos e rapapés.

Não foi sequer pronunciado o nome de Noblat, o processado.

Dávila também se furtou a entrar na história da nomeação de JB para o Supremo.

Poderia ter perguntado a ele se confirmava a versão de Frei Betto segundo a qual Barbosa o abordou no aeroporto de Brasília e se apresentou como uma resposta para a busca de Lula por um ministro negro.

A impressão que sobrou é que a entrevista foi toda ela combinada. Ficou, portanto, emasculada.
O melhor da conversa girou sobre racismo. Estavam os dois de pé, por causa das dores nas costas de Barbosa. Com razão, JB disse que o Brasil é imensamente racista.

Isto é uma verdade doída, mas também é verdade que ele nada fez pelos negros como presidente do Supremo.

Poderia ter feito um pronunciamento, um só, para levantar o debate – mas nada fez. Sua voz jamais se ergueu na defesa dos negros, o que é uma lástima, uma grande oportunidade desperdiçada.
Ainda nesta semana, ele teria agido bem se falasse algo em defesa de Claudia Ferreira, arrastada e morta barbaramente por policiais no Rio de Janeiro.
Mas nada.

Dávila foi tão bajulador que conseguiu dizer que, aos 59 anos, Barbosa é “muito jovem”. Ora, aos 33 Alexandre tinha ganhado e perdido o mundo. Penso aqui comido que, aos 57, devo me julgar um adolescente, talvez.

Como o DCM já noticiou, JB disse que não será candidato em 2014. A razão é óbvia: ele não tem voto.

Provavelmente não será candidato a nada expressivo jamais, porque virou um herói da direita, e isso dá holofotes mas não votos.

Se Dávila perdeu sucessivas chances de produzir uma conversa minimamente excitante, Joaquim Barbosa não deixou escapar a oportunidade de bater em Lula.

Disse que várias vezes Lula, quando presidente, o convidou para fazer parte da comitiva em viagens para a África.

Disse que sempre recusou por entender que Lula queria fazer “marketing” – mostrar aos africanos uma imagem racial muito distante da realidade brasileira.
Não obstante, JB ficou sentido com Dilma por não ter sido incluído no grupo que foi ao funeral de Mandela.

Joaquim Barbosa parece jamais haver superado as marcas do racismo de que foi vítima antes de ascender socialmente, e é compreensível.

O que é incompreensível é sua falta de ação para promover seus iguais. Teve palco, teve microfone, teve tudo para isso, sobretudo no ápice do Mensalão, quando a imprensa lhe deu um espaço extraordinário.

Mas ficou quieto.
Paulo Nogueira. Jornalista, fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.
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PITACO DO ContrapontoPIG 
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Roberto Dávila, com medo de quê? 

Pegou leve com o Quinca. "Peidou na rabichola", com se diz no interior do Ceará.
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Um comentário :

  1. Concordo com o excesso de rapapés, inércia e a sofrível perspicácia do entrevistador em momentos cruciais da entrevista. No mais, faço os seguintes comentários:
    A defesa dele acerca do racismo foi, no meu entender, precisa, realista e equilibrada. Se fosse um pouco mais enfático neste assunto durante a entrevista, acredito que o ministro Joaquim Barbosa, de qualquer sorte, seria por muitos, taxado como rancoroso, amargurado, grosseiro e outros tantos adjetivos raivosos.
    Discordo e vejo como injusta a afirmação de que ele, como ministro do STF, nada tenha feito pelos negros. A sua posição como ministro do Supremo, evidentemente, não deixa margem para qualquer tipo de sectarismo. Sua função ali não é defender - mesmo que pontualmente - uma raça. Se assim fosse, deveríamos ter um representante na Corte Suprema para a raça branca, para os pardos etc. O seu exemplo - como todos sabem - é ímpar, independentemente da cor da pele de quem o analise. A dita "falta de ação para promover seus iguais" durante o "palco" do mensalão é controversa. Se tivesse mencionado tal questão com mais constância, tal atitude viria a ser, possivelmente, interpretada como inapropriada para aquele contexto jurisdicional.
    Creio, enfim, que sendo de direita ou esquerda, o ministro Joaquim Barbosa - caso se candidatasse hoje - teria muitos votos, sim. No entanto, provavelmente, não sairia vitorioso. E por um simples razão: a grande maioria dos votantes (incluindo aí parte dos chamados politicamente conscientes) temeria o vislumbre de uma mudança tão aguda...

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