quarta-feira, 21 de maio de 2014

Contraponto 13.845 - "O locaute selvagem que parou SP"

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21/05/2014


O locaute selvagem que parou SP


Do Escrevinhador - publicada quarta-feira, 21/05/2014 às 12:40 e atualizada quarta-feira, 21/05/2014 às 14:19


Motoristas votaram pelo fim da greve; quem parou SP, então?


por Rodrigo Vianna

São Paulo enfrenta o segundo dia de caos nos transportes. Tudo leva a crer que se trata não de uma greve, mas de um “locaute”.

Empresários do setor de ônibus pressionam a Prefeitura para obter aumento de tarifas ou, ao menos, aumento do repasse de verbas da Prefeitura para as empresas. A lógica parece ser a seguinte: o MPL (e depois amplos setores da população) barraram o aumento das tarifas pra 3,20 reais em junho de 2013? Ok. Mas a Prefeitura que se vire, queremos nossa parte.

Conceição Oliveira, em seu blog, apresenta indícios bastante consistentes do locaute. A categoria dos motoristas e cobradores – pra quem não sabe – decidira “NÃO ENTRAR EM GREVE”.  O sindicato não tem ligações com PT ou CUT, não teria qualquer motivo pra poupar o prefeito petista.

Então, as cenas de selvageria – ônibus parados, atravessando e bloqueando avenidas, terminais fechados - parecem não ter nada a ver com sindicalistas. É ação dos empresários. Ou pior: ação do crime organizado.

Mas e o prefeito Haddad?

Nos últimos dias, mostrou um pouco mais de disposição para o embate. Mas não criou os canais para se comunicar com a população. Depende de coletivas, de espaços abertos pela imprensa que – na verdade – quer vê-lo derrotado.

Parece-me que, mais uma vez, age como um professor da USP, preocupado com planilhas e negociações “republicanas” (inclusive com a mídia velhaca – hahaha! faz-me rir), em meio a um clima de “pega pra capar” pré-eleitoral.

Haddad agiu bem ao acelerar o programa de implantação de corredores de ônibius na cidade. Mas a comunicação com os cidadãos foi péssima. Quem tem carro e mesmo assim apóia a prioridade para o transporte coletivo fica perplexo ao ver corredores de ônibus vazios.

Não adianta fazer corredores, e não exigir das empresas a colocação de mais ônibus. Parece não haver saída, a não ser algum tipo de estatização, ou de controle estatal mais duro do setor.

Haddad não tem culpa pela selvageria criada em dois dias de caos nos transportes. Mas falhou fragorosamente (desde o início de seu mandato) ao fugir do embate e do debate aberto, e pela escolha por uma Comunicação burocratizada – que depende da Globo, da Folha e da rádio Bandeirantes pra se comunicar com o povo. Não sei se rio ou se choro.

O problema é que agora Haddad briga, bate na mesa. Mas corre o risco de não ser ouvido por ninguém. A opção por uma administração “gerencial” e “técnica” tem essa consequência.

Nunca é tarde pra mudar. Haddad tem a chance de reagir agora. Retomar o diálogo com amplos setores da população. Isolar os setores que – ao que parece – querem promover chantagem para botar mais dinheiro no bolso.

O problema é que os sinais que chegam da Prefeitura não são dos mais animadores. Basta ver como o poder municipal tem lidado com os professores – também em greve.  Mas isso é tema para outro texto. 

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Abaixo, o texto do Sindicato, mostrando desacordo com a paralisação em SP

Diretoria é surpreendida com atitude de alguns trabalhadores (as)

Na página do Sindicato

20/05/2014

A direção do Sindicato dos Motoristas de São Paulo esclarece que foi surpreendida na manhã de hoje (20/05) com as manifestações realizadas na cidade por alguns trabalhadores (as) que se dizem contrários ao fechamento da Campanha Salarial 2014.

Ontem na Assembleia Geral, que ocorreu no final da tarde, mais de 4 mil trabalhadores (as) compareceram e aprovaram a proposta apresentada que foi de: 10% no salário; ticket mensal de R$ 445,50; PLR de R$ 850,00; melhoria dos produtos da cesta básica (o Sindicato irá determinar as marcas); 180 dias de licença maternidade; fim do Genérico e o reconhecimento da insalubridade, dando o direito a Aposentadoria Especial aos 25 anos de trabalho.

Além disso, ficou determinado a criação de uma Comissão para discutir outras questões como convênio médico, situação do setor de manutenção, ou seja, dar continuidade na revolução de problemas enfrentados pela categoria.

O Sindicato, através do seu presidente Valdevan Noventa e da sua diretoria, irá verificar de onde partir essas manifestações e o motivo real que levou os trabalhadores (as) a tomarem essa atitude, principalmente porque foi logo após terem aceitado e aprovado a proposta em Assembleia.

Sindicato dos Motoristas de São Paulo

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