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24/05/2014
Pesquisa Ibope cai em contradição sobre votos de Aécio
Rede Brasil - publicado 23/05/2014 12:59, última modificação 23/05/2014 15:21
por Helena Sthephanowitz
No cenário com dez candidatos,
tucano tem mais votos que na simulação em que estão apenas ele, Dilma e
Eduardo Campos. Parece haver interesse de mostrar oposição em alta e
governo em queda
José Cruz/Agência Senado
O relatório da pesquisa Ibope
divulgado na quinta-feira (22) traz alguns números altamente
comprometedores pela inconsistência. Se a eleição tivesse dez
candidatos, segundo o Ibope, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) teria 20%.
Se a eleição tivesse três candidatos, o tucano cairia para 17%.
Na prática é como se sete candidatos desistissem, ficando apenas três. Logo, as intenções de votos dos candidatos que sobraram deveriam ficar iguais ou subir. Mas inexplicavelmente o tucano cai para 17%. Dilma Rousseff (PT) também cai um ponto, de 40% para 39%, enquanto só Eduardo Campos (PSB) manteve seus 11%.
Convenhamos que há pouco valor científico em uma pesquisa em que você apresenta uma pergunta a uma pessoa com um disco de dez nomes, e ela diz que votará em Aécio. Imediatamente em seguida você pergunta à mesma pessoa mostrando outro disco com apenas três dos nomes anteriores, e ela diz que não votará no tucano. Isso ocorreu de forma significativa, afetando três pontos o resultado. Em uma pesquisa com rigor científico, estes questionários que apontam contradições deveriam ser desconsiderados, pois não foram respondidos com seriedade.
A conclusão, dentro da própria pesquisa Ibope, se for para levá-la a sério, é que Aécio tem de fato 17% de intenções de votos, e não 20%.
Outra inconsistência está nos votos brancos/nulos. São 18% na espontânea. Na pergunta estimulada com dez nomes, os nulos caem para 14%, porque não existe no disco a opção nulo, o que faz alguns pesquisados acreditam que são obrigados a escolher um nome do disco, mesmo que tenham a intenção de anular o voto. Isso já cria uma possível distorção. Quando a pergunta estimulada seguinte reduz de dez para os três principais candidatos, os nulos vão a 21%, mais coerentes com a pergunta espontânea. Alguma coisa foi feita errada na pergunta com dez nomes que acabou levando votos nulos para Aécio.
Na rejeição também há problemas. Houve gente que respondeu votar em Aécio na pesquisa espontânea com 10 candidatos, e, momentos depois, quando perguntado em quem não votaria de jeito nenhum, apontou no disco o nome de Aécio. Estas ocorrências se deram também com Dilma e Campos. É uma percentagem pequena, mas não é insignificante. E o mais provável é que o pesquisado não tenha entendido bem a pergunta, achando que seria em quem votar. Uma pesquisa com mais rigor científico deveria questionar o pesquisado sobre a inconsistência da declaração de voto com a rejeição. Se persistisse, o questionário deveria ser desconsiderado.
Chama atenção também 80% das pessoas declararem estar satisfeitas ou muito satisfeitas com a vida que vêm levando hoje. Esse sentimento de bem-estar social torna difícil compreender as recentes quedas na aprovação do governo e da presidenta. Não é impossível, já que está em curso há meses um processo de "sangramento" da imagem da presidenta e do governo nos meios de comunicação de massa oposicionistas. Só pesquisas qualitativas poderiam esclarecer, perguntando aos que desaprovam qual o motivo.
Parte destas inconsistências pode ser explicada na pergunta sobre o interesse nas eleições. 57% disseram ter pouco ou nenhum interesse, daí pode haver uma grande quantidade de respostas displicentes, com baixo grau de certeza. Isto reduz a utilidade das sondagens como informação ao público.
Mas, com a frequência quase semanal com que estão saindo pesquisas, parece que o interesse não é exatamente informar ao público. O interesse parece mais ser o de criar um clima de que a oposição estaria em alta e a candidatura governista em baixa. Pelo menos neste último quesito esta última pesquisa Ibope frustrou a oposição.
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Na prática é como se sete candidatos desistissem, ficando apenas três. Logo, as intenções de votos dos candidatos que sobraram deveriam ficar iguais ou subir. Mas inexplicavelmente o tucano cai para 17%. Dilma Rousseff (PT) também cai um ponto, de 40% para 39%, enquanto só Eduardo Campos (PSB) manteve seus 11%.
Convenhamos que há pouco valor científico em uma pesquisa em que você apresenta uma pergunta a uma pessoa com um disco de dez nomes, e ela diz que votará em Aécio. Imediatamente em seguida você pergunta à mesma pessoa mostrando outro disco com apenas três dos nomes anteriores, e ela diz que não votará no tucano. Isso ocorreu de forma significativa, afetando três pontos o resultado. Em uma pesquisa com rigor científico, estes questionários que apontam contradições deveriam ser desconsiderados, pois não foram respondidos com seriedade.
A conclusão, dentro da própria pesquisa Ibope, se for para levá-la a sério, é que Aécio tem de fato 17% de intenções de votos, e não 20%.
Outra inconsistência está nos votos brancos/nulos. São 18% na espontânea. Na pergunta estimulada com dez nomes, os nulos caem para 14%, porque não existe no disco a opção nulo, o que faz alguns pesquisados acreditam que são obrigados a escolher um nome do disco, mesmo que tenham a intenção de anular o voto. Isso já cria uma possível distorção. Quando a pergunta estimulada seguinte reduz de dez para os três principais candidatos, os nulos vão a 21%, mais coerentes com a pergunta espontânea. Alguma coisa foi feita errada na pergunta com dez nomes que acabou levando votos nulos para Aécio.
Na rejeição também há problemas. Houve gente que respondeu votar em Aécio na pesquisa espontânea com 10 candidatos, e, momentos depois, quando perguntado em quem não votaria de jeito nenhum, apontou no disco o nome de Aécio. Estas ocorrências se deram também com Dilma e Campos. É uma percentagem pequena, mas não é insignificante. E o mais provável é que o pesquisado não tenha entendido bem a pergunta, achando que seria em quem votar. Uma pesquisa com mais rigor científico deveria questionar o pesquisado sobre a inconsistência da declaração de voto com a rejeição. Se persistisse, o questionário deveria ser desconsiderado.
Chama atenção também 80% das pessoas declararem estar satisfeitas ou muito satisfeitas com a vida que vêm levando hoje. Esse sentimento de bem-estar social torna difícil compreender as recentes quedas na aprovação do governo e da presidenta. Não é impossível, já que está em curso há meses um processo de "sangramento" da imagem da presidenta e do governo nos meios de comunicação de massa oposicionistas. Só pesquisas qualitativas poderiam esclarecer, perguntando aos que desaprovam qual o motivo.
Parte destas inconsistências pode ser explicada na pergunta sobre o interesse nas eleições. 57% disseram ter pouco ou nenhum interesse, daí pode haver uma grande quantidade de respostas displicentes, com baixo grau de certeza. Isto reduz a utilidade das sondagens como informação ao público.
Mas, com a frequência quase semanal com que estão saindo pesquisas, parece que o interesse não é exatamente informar ao público. O interesse parece mais ser o de criar um clima de que a oposição estaria em alta e a candidatura governista em baixa. Pelo menos neste último quesito esta última pesquisa Ibope frustrou a oposição.
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