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23//05/2014
Aécio pode fazer os tucanos sentirem saudade de Serra
A última pesquisa Ibope é uma paulada em Aécio. Compare os 20% dados a
ele com os quase 24% que o instituto Sensus lhe atribuíra semanas
atrás.
Fica agora claro que o que realmente ergueu Aécio foi a decisão do Sensus de usar a ordem alfabética nas cartelas mostradas aos eleitores.
Seu nome vinha em primeiro e isso o elevou artificialmente.
O patamar real de Aécio é, ao que tudo indica, os 20%, e se ele não sair daí a eleição deve ser decidida no primeiro turno, dada a anemia eleitoral de Eduardo Campos.
Temos, aparentemente, “2 and a half” candidatos: Dilma, Aécio e Campos.
Campos perdeu a chance de mostrar que é um político diferente ao não fazer o que as intenções de voto gritavam que fizesse: deixar Marina ser a candidata da coalizão.
Aécio pode crescer a ponto de forçar o segundo turno?
Numa palavra: não. Não com seu discurso thatcherista, atrasado em mais de trinta anos.
Nem os conservadores ingleses ousam repetir as teses de Thatcher, que ajudaram a levar o mundo a uma brutal concentração de renda. Desregulamentar, privatizar, ceifar direitos trabalhistas etc etc.
É incrível que ele faça do thatcherismo a base de sua campanha em 2014.
Isso vai dar a ele um apoio torrencial dos barões da mídia e do chamado 1%. Mas não vai lhe dar votos.
Imagine a seguinte cena num debate: Candidato Aécio, o senhor poderia descrever as medidas impopulares que prometeu tomar? O senhor concorda que o salário mínimo cresceu muito, como diz seu conselheiro econômico, Armínio Fraga?
Nelson Rodrigues dizia que gostava que os atores fossem burros ao interpretar peças suas. Burros para não melhorar, aspas, o texto original de NR.
Se fosse inteligente, Aécio seria burro. Pegaria a essência do discurso do Papa Francisco e a adaptaria a seu discurso. As pessoas iam querer conversar com ele, como querem conversar com Francisco.
Bastava, de cara, falar em desigualdade como o grande mal brasileiro. E falar, e falar, e falar.
Depois, as oportunidades de brilhar se apresentariam. Aécio poderia posar segurando o livro de Piketty sobre desigualdade que é a sensação do mundo econômico e político em nossos dias.
Num gesto surpreendente e que lhe renderia boa publicidade, poderia convidar Piketty para fazer uma palestra no Brasil.
Ele estaria inovando, surpreendendo. E mostrando que está sintonizado com o mundo.
Mas não.
Em vez de Piketty, ele nos oferece Armínio Fraga. Talvez desça ainda mais na escada e fale na Esquerda Caviar de Constantino.
Aécio poderia tornar interessante a eleição.
Mas optou pelo caminho que conduz a um só destino: o fracasso. É possível que os tucanos terminem saudosos de Serra: perdia, mas pelo menos chegava ao segundo turno.
Fica agora claro que o que realmente ergueu Aécio foi a decisão do Sensus de usar a ordem alfabética nas cartelas mostradas aos eleitores.
Seu nome vinha em primeiro e isso o elevou artificialmente.
O patamar real de Aécio é, ao que tudo indica, os 20%, e se ele não sair daí a eleição deve ser decidida no primeiro turno, dada a anemia eleitoral de Eduardo Campos.
Temos, aparentemente, “2 and a half” candidatos: Dilma, Aécio e Campos.
Campos perdeu a chance de mostrar que é um político diferente ao não fazer o que as intenções de voto gritavam que fizesse: deixar Marina ser a candidata da coalizão.
Aécio pode crescer a ponto de forçar o segundo turno?
Numa palavra: não. Não com seu discurso thatcherista, atrasado em mais de trinta anos.
Nem os conservadores ingleses ousam repetir as teses de Thatcher, que ajudaram a levar o mundo a uma brutal concentração de renda. Desregulamentar, privatizar, ceifar direitos trabalhistas etc etc.
É incrível que ele faça do thatcherismo a base de sua campanha em 2014.
Isso vai dar a ele um apoio torrencial dos barões da mídia e do chamado 1%. Mas não vai lhe dar votos.
Imagine a seguinte cena num debate: Candidato Aécio, o senhor poderia descrever as medidas impopulares que prometeu tomar? O senhor concorda que o salário mínimo cresceu muito, como diz seu conselheiro econômico, Armínio Fraga?
Nelson Rodrigues dizia que gostava que os atores fossem burros ao interpretar peças suas. Burros para não melhorar, aspas, o texto original de NR.
Se fosse inteligente, Aécio seria burro. Pegaria a essência do discurso do Papa Francisco e a adaptaria a seu discurso. As pessoas iam querer conversar com ele, como querem conversar com Francisco.
Bastava, de cara, falar em desigualdade como o grande mal brasileiro. E falar, e falar, e falar.
Depois, as oportunidades de brilhar se apresentariam. Aécio poderia posar segurando o livro de Piketty sobre desigualdade que é a sensação do mundo econômico e político em nossos dias.
Num gesto surpreendente e que lhe renderia boa publicidade, poderia convidar Piketty para fazer uma palestra no Brasil.
Ele estaria inovando, surpreendendo. E mostrando que está sintonizado com o mundo.
Mas não.
Em vez de Piketty, ele nos oferece Armínio Fraga. Talvez desça ainda mais na escada e fale na Esquerda Caviar de Constantino.
Aécio poderia tornar interessante a eleição.
Mas optou pelo caminho que conduz a um só destino: o fracasso. É possível que os tucanos terminem saudosos de Serra: perdia, mas pelo menos chegava ao segundo turno.
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