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03/01/2015
Os Marinhos já estão se movimentando contra a taxação das grandes fortunas
Algum tempo atrás, um grupo de milionários alemães se dirigiu ao governo de Angela Merkel com uma proposta: pagar mais impostos.
Eles achavam que estavam pagando menos do que deveriam e poderiam. O dinheiro a mais taxado, argumentavam, poderia bancar programas sociais numa época de prolongada crise econômica.
Enquanto isso, no Brasil …
A família mais rica do país, os Marinhos, da Globo, entrou em 2015 com um editorial contra a taxação das grandes fortunas.
É o clássico caso em que o interesse pessoal se disfarça de interesse público.
Ou por determinação dos patrões ou por servilismo voluntário, jornalistas da casa trataram imediatamente de reproduzir o editorial em seus blogs. Foi o caso de Ricardo Noblat e Jorge Bastos Moreno.
Os argumentos da família Marinho são os de sempre. Taxar fortunas levaria seus donos a tirar seu dinheiro do país e colocá-lo a salvo de impostos.
Mas algumas perguntas nascem desse lugar comum.
Primeiro: onde os ricos vão encontrar guarida para seu dinheiro? Há um cerco crescente, comandado pelas economias mais poderosas, contra os paraísos fiscais.
Não há economia que resista quando suas principais empresas deslocam seu faturamento para países em que a taxa é zero ou perto disso.
O combate aos paraísos fiscais está no topo da agenda dos líderes globais mais importantes.
Isso quer dizer o seguinte: não vai ser fácil tirar o dinheiro do Brasil e encontrar um destino em que ele não seja taxado tanto ou mais que na terra de origem.
Há, também, uma questão de imagem.
Suponha que os Marinhos façam isso: tirem seu dinheiro do Brasil. Eles ganharam cada centavo aqui.
Apenas o governo federal tem colocado em anúncios de estatais cerca de 600 milhões de reais por ano na Globo.
Qual seria o impacto de uma fuga de capital pelos Marinhos na imagem e nos negócios da Globo?
É difícil acreditar que o dinheiro de publicidade federal continuasse a jorrar na Globo caso seus donos retirassem sua fortuna do Brasil.
Há também questões mais prosaicas. Você tira o dinheiro de um país e acaba tendo que ir para o local que escolheu. Mas onde nossos milionários vão encontrar as mamatas que têm no Brasil?
Continuemos com os Marinhos. Eles têm enorme poder e influência no Brasil. Mas o que seriam nos Estados Unidos? Teriam lá o acesso que têm sobre os ministros da Suprema Corte, ou sobre o presidente, ou sobre os parlamentares?
Que aconteceria com a família Marinho se, na Alemanha, fosse encontrada uma fraude contábil como a realizada na aquisição de direitos da Copa de 2002?
A resposta cabe numa palavra: cadeia.
Ir embora é muito mais uma bravata e uma ameaça do que uma intenção. Um antigo presidente da Fiesp chegou a falar, anos atrás, que 800 mil empresários deixariam o Brasil caso Lula ganhasse.
Quantos deixaram quando Lula venceu?
Há no entanto que levar em consideração uma coisa. Taxar as grandes fortunas pode ficar para depois.
Urgente, mesmo, é cobrar o imposto devido e, frequentemente, sonegado. Mais uma vez, os Marinhos simbolizam essa verdade comezinha.
Tudo bem: não será cobrada taxa sobre fortuna da família. Mas amigos: paguem o que devem.
Eles achavam que estavam pagando menos do que deveriam e poderiam. O dinheiro a mais taxado, argumentavam, poderia bancar programas sociais numa época de prolongada crise econômica.
Enquanto isso, no Brasil …
A família mais rica do país, os Marinhos, da Globo, entrou em 2015 com um editorial contra a taxação das grandes fortunas.
É o clássico caso em que o interesse pessoal se disfarça de interesse público.
Ou por determinação dos patrões ou por servilismo voluntário, jornalistas da casa trataram imediatamente de reproduzir o editorial em seus blogs. Foi o caso de Ricardo Noblat e Jorge Bastos Moreno.
Os argumentos da família Marinho são os de sempre. Taxar fortunas levaria seus donos a tirar seu dinheiro do país e colocá-lo a salvo de impostos.
Mas algumas perguntas nascem desse lugar comum.
Primeiro: onde os ricos vão encontrar guarida para seu dinheiro? Há um cerco crescente, comandado pelas economias mais poderosas, contra os paraísos fiscais.
Não há economia que resista quando suas principais empresas deslocam seu faturamento para países em que a taxa é zero ou perto disso.
O combate aos paraísos fiscais está no topo da agenda dos líderes globais mais importantes.
Isso quer dizer o seguinte: não vai ser fácil tirar o dinheiro do Brasil e encontrar um destino em que ele não seja taxado tanto ou mais que na terra de origem.
Há, também, uma questão de imagem.
Suponha que os Marinhos façam isso: tirem seu dinheiro do Brasil. Eles ganharam cada centavo aqui.
Apenas o governo federal tem colocado em anúncios de estatais cerca de 600 milhões de reais por ano na Globo.
Qual seria o impacto de uma fuga de capital pelos Marinhos na imagem e nos negócios da Globo?
É difícil acreditar que o dinheiro de publicidade federal continuasse a jorrar na Globo caso seus donos retirassem sua fortuna do Brasil.
Há também questões mais prosaicas. Você tira o dinheiro de um país e acaba tendo que ir para o local que escolheu. Mas onde nossos milionários vão encontrar as mamatas que têm no Brasil?
Continuemos com os Marinhos. Eles têm enorme poder e influência no Brasil. Mas o que seriam nos Estados Unidos? Teriam lá o acesso que têm sobre os ministros da Suprema Corte, ou sobre o presidente, ou sobre os parlamentares?
Que aconteceria com a família Marinho se, na Alemanha, fosse encontrada uma fraude contábil como a realizada na aquisição de direitos da Copa de 2002?
A resposta cabe numa palavra: cadeia.
Ir embora é muito mais uma bravata e uma ameaça do que uma intenção. Um antigo presidente da Fiesp chegou a falar, anos atrás, que 800 mil empresários deixariam o Brasil caso Lula ganhasse.
Quantos deixaram quando Lula venceu?
Há no entanto que levar em consideração uma coisa. Taxar as grandes fortunas pode ficar para depois.
Urgente, mesmo, é cobrar o imposto devido e, frequentemente, sonegado. Mais uma vez, os Marinhos simbolizam essa verdade comezinha.
Tudo bem: não será cobrada taxa sobre fortuna da família. Mas amigos: paguem o que devem.
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