segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Contraponto 15.777 - "Se depender de O Globo, o Brasil só faz barquinho de papel"


05/01/2015

 Se depender de O Globo, o Brasil só faz barquinho de papel


Tijolaço - 5 de janeiro de 2015 | 15:48 Autor: Fernando Brito

gatotigre


Fernando Brito  


Cumprindo o seu dever de ser o mais tradicional porta-voz do Brasil Colônia, O Globo publica hoje um editorial criticando as “políticas voluntaristas sustentadas por fartos incentivos fiscais e creditícios administrados por uma burocracia estatal, tudo protegido por um sistema de reserva de mercado” que permitiram o surgimento (no Império), o ressurgimento (com JK) e o segundo ressurgimento (com Lula e Dilma) da indústria naval brasileira.

É claro que O Globo sabe que, em parte alguma do mundo, a indústria naval deixou de depender do Estado para se desenvolver.

Não foi diferente nos Estados Unidos e no Japão (onde o financiamento dos grandes estaleiros teve suporte nos esforços de guerra dos dois países) na China (preciso comentar?)  e na Coreia do Sul, onde o general Park Chung-hee, que governou o país dos anos 60 e 70, subsidiou (diretamente e com obras públicas) a criação da que é hoje a maior produtoras de embarcações do mundo.

Chung-hee, aliás, chegava ao ponto de mandar comprar navios e desmontar, para que os engenheiros coreanos aprendessem como fazê-los. E incentivou como pôde os “chaebol” no setor (conglomerado de empresas, como a Samsung, Daewoo e Hyundai).

De um estudo de pesquisadores do Ipea, retiro um parágrafo, para dar ideia de como foi o “milagre coreano”:

Cerca de 70% dos recursos que financiaram a rápida expansão (da indústria naval) do período eram provenientes do Fundo Nacional de Investimento – governamental -, e o restante era complementado pelo Banco de Desenvolvimento da Coréia. Além disso, os produtores gozavam também de subsídios e incentivos fiscais. Atualmente,grande parcela do financiamento à construção naval é feita pelo KoreaEximbank, por meio de um programa denominado Export Loan.

O princípio, na Coreia era o Keihek Zoseon, criado em 1976: o  de que “a carga do comércio coreano deveria ser transportada em navio coreano, construído em estaleiro coreano”.

Já imaginaram um “nacionalismo arcaico” destes por aqui?

A alegação dos “entregadores de país”, como sempre, é uma suposta ineficiência e o “alto custo” da produção naval brasileira.

Pouco importa que isso represente bilhões de dólares mandados ao exterior e que não gerem empregos, renda e circulação de riqueza aqui.

Porque pouco lhes importam o Brasil e os brasileiros.

Para eles, que gostam tanto de falar nos “tigres asiáticos” como prova de nossa inferioridade, o destino do Brasil é apenas o de um dócil gatinho.

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