12/05/2018
Uma visão de Lula
Ao manter por ora o seu nome na competição eleitoral, o ex-presidente desnorteia os inimigos, mesmo sabendo que não participará
Lula sempre presente, enquanto Temer é “horrível, golpista, corrupto, impopular”
por Maurício Dias
O apressado come cru e passa mal. É o que alardeia a boca do povo.
Este ditado reflete a apressada tentativa da esquerda brasileira, e agregados, de soterrar rapidamente a luta política do “Lula Livre”, e assim deixar confinado o ex-presidente em um quarto de 12 metros quadrados (15 com o banheiro anexo), na sede da Polícia Federal da ora inóspita e violenta Curitiba. Quem se habilita?
Em frase lapidar, na carta testamento, Getúlio Vargas optou por sair da vida para entrar para a história. Golpeou a direita sustentada pelas Forças Armadas, prestes a invadir a decisão solitária de uma sala do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, para prender o presidente.
Alguém pode pensar que Vargas errou. O tempo, mesmo o de agora, prova que não.
Lula, a única liderança política do País, tem reafirmado o desejo de dar o troco aos seus opositores pela via democrática, ou seja, pela disputa eleitoral.
Os eleitores, a menos de seis meses do pleito, respondem a uma pergunta que não foi feita. As pesquisas, no entanto, mostram que já sabem o que fazer. O resultado das inquirições de âmbito nacional é conhecido, assim como a violência da prisão do ex-presidente.
Há poucos dias, o Instituto de Pesquisas da Universidade de Pernambuco (Uninassau) testou, em consulta qualificada, o espírito dos eleitores do Recife, hoje em torno de 1,7 milhão.
O cientista político Adriano Oliveira, coordenador da pesquisa, montou um elenco dos pontos principais apontados pelos entrevistados:
• A força do lulismo em todas as classes, com maior intensidade na C e na D.
• O antilulismo, menor do que o lulismo, também está presente em todas as classes.
• O estado de carência e de irritação dos eleitores das classes C e D com os políticos.
• A irritação dos eleitores das classes A e B com os políticos.
Segundo Oliveira, os eleitores das classes A e B, universo dos ricos, elogiam Lula. Admitem que ele “fez muita coisa pelo Brasil”. Em contraponto, “nenhum eleitor faz menção positiva a Michel Temer”. O presidente ilegítimo é classificado como “horrível”, “golpista”, “corrupto” e “impopular”.
Entre os entrevistados recifenses, talvez esteja a expressão dos eleitores brasileiros, com algumas exceções ideológicas e odiosas, daqui e dali.
Nem Geraldo Alckmin nem Ciro Gomes foram citados. Joaquim Barbosa surgiu nas entrevistas como herdeiro tanto dos votos do antilulismo quanto do lulismo. Mas, para ele, agora é tarde.
Mantendo o nome na competição, Lula desnorteia os golpistas.
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