quarta-feira, 9 de maio de 2018

Nº24.077 - "AS PRINCIPAIS FALAS DE BOULOS NO RODA VIVA"

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09/05/2018


AS PRINCIPAIS FALAS DE BOULOS NO RODA VIVA


Do Cafezinho - 08 de Maio de 2018 : 12h36 Por Redação



Entrevistado pelo programa da TV Cultura, Roda Viva na última segunda-feira (07/05), Guilherme Boulos, líder do Movimento Trabalhadores Sem Teto (MTST) e recebeu elogios de internautas nas redes sociais. Selecionamos as principais falas do pré-candidato à presidência da República em 2018 pelo PSOL.

POLARIZAÇÃO

Perguntado se não era hora do Brasil voltar a andar sem distinção entre direita, esquerda ou centro e menos polarização, Boulos respondeu: “É isso que queremos. Nós queremos fazer o Brasil andar enfrentando seus principais problemas, e hoje o grande problema nacional, é o tema da desigualdade, nós precisamos enfrentar ele. A desigualdade social no Brasil é uma coisa gritante. (…) Os seis bilionários mais ricos do país, tem mais renda e riquezas do que cem milhões de pessoas. É um abismo social. Nós temos que enfrentar isso com uma proposta de reforma tributária, inclusive, para que o andar de cima, o 1% comece a pagar imposto no país para que comece a ter condições de investimento social. Nós temos que enfrentar isso, efetivamente, regulando um sistema financeiro (…) A economia tem que servir a sociedade e não a sociedade servir a economia”.

SEM LEGITIMIDADE

“É muito difícil, com um governo que não tem a legitimidade do voto popular, com um governo que governa para a minorias e não a maioria do povo, que toma medidas sem qualquer diálogo com a sociedade, é difícil colaborar com ele. O governo primeiro, precisa, colaborar com as maiorias, para que ele possa contar com a maioria do povo brasileiro”.

POLÍTICA ECONÔMICA DE DILMA

“Temos que avaliar a política econômica da Dilma até 2015, e depois de 2015. A política anterior, a do primeiro mandato, ela teve um mérito: de enfrentar o tema dos juros e do spread bancário (…) fez isso a partir das induções dos bancos públicos, esse foi um ponto positivo. Mas essa política teve um problema gravíssimo, que depois acabou aprofundando a crise fiscal, foram as desonerações, a chamada ‘bolsa empresário’, foram mais de 200 bilhões de reais em desoneração para grandes empresas, sem qualquer contrapartida social, não houve contrapartida, não houve sequer manutenção e garantia de mais empregos para os trabalhadores. Essa política das desonerações é inaceitável. Depois, a tentativa de corrigir o problema fiscal em 2015 só agravou, quando bota o Joaquim Levy no Ministério da Fazenda (…) se cria um novo desajuste. O maior erro, em momento de crise, é você cortar. Porque se você corta na crise, o estado corta investimentos, isso vai gerar menos emprego, menos renda na sociedade e vai reduzir à arrecadação no ano seguinte. Arrecadação se dá com base no crescimento, se o país cresce, arrecada mais (…) o ajuste gera um novo desajuste fiscal”.

ABORTO

“Como a defesa do direito das mulheres de decidirem sobre seu próprio corpo, isso não pode ser mais um tabu na sociedade brasileira, o tema do direito ao aborto é um tema que tem que ser colocado, até porque, pesquisas mostram que mais de 7 milhões de mulheres brasileiras já fizeram aborto. Nós não temos que ter medo de tocar nisso, de tratar como tema de saúde pública, as mulheres mais ricas vão e fazem em uma clínica clandestina, as mulheres mais pobres fazem da pior maneira possível com cytotec sem condições adequadas e morrem quatro mulheres por dia no Brasil em decorrência de abortos mal feitos. Nós temos que tratar isso como tema de saúde pública no Brasil, sem tabu, dialogando com a sociedade”.

SOCIALISMO

“Cada país precisa construir seu próprio caminho. A gente não constrói o nosso caminho, o nosso futuro, repetindo experiência de ninguém. As experiências históricas, todas elas são complexas. Experiências de revoluções socialistas ou de governos socialistas que aconteceram no mundo tiveram avanços sociais importantes, em índices como: educação, saúde – basta ver a saúde cubana – o analfabetismo, que é zerado em vários países que tiveram essa experiência. Nós não queremos construir nossa experiência seguindo cartilha de nenhuma outra. O Brasil é um país próprio. Nós queremos sim, construir socialismo no sentido mais específico da palavra. Socialismo é defender igualdade de oportunidades, defender que todos sejam tratados iguais na sociedade. Socialismo é defender democracia ampla, não uma democracia que se limita a apertar um botão há cada quatro anos, mas defender que as pessoas possam decidir de maneira permanente sobre as questões políticas nacionais, sobre os grandes temas de um país. (…) Da mesma foram que todas as experiências que ocorreram de socialismo tiveram seus limites e nós temos que ter senso crítico para avaliá-las aqui, nós não temos compromisso nenhum com o erro, todas as experiências tiveram esses limites. Também as experiências capitalistas no mundo, todas elas tem seus limites e esses limites muitas vezes são de uma desigualdade brutal. (…) É como se fosse uma corrida de cem metros que algumas pessoas começam cinquenta metros à frente, aí não dá, é uma corrida desigual”.

REFORMA TRIBUTÁRIA

“O estado brasileiro hoje, funciona como se fosse um Robin Hood ao contrário, ele tira dos pobres e da classe média e dá aos super ricos, por um sistema tributário injustiço, ele tira dos debaixo e dos do meio, e pelos juros exorbitantes da dívida pública e por um sistema financeiro que mais parece uma disneylândia, totalmente desregulado, ele dá à uma minoria extrema que se coloca no andar de cima. Por exemplo (…) hoje, cada um de nós que tem um carro paga IPVA, pagou no começo do ano. Quem tem um jatinho, um helicóptero, um iate não paga 1 real de imposto no Brasil. O seu Zezé Perella, por exemplo, que foi pego com o helicóptero dele com cocaína, não pagou 1 real, ou o seu Luciano Huck que financiou o jatinho dele no BNDES não pagou 1 real de imposto. E os mais pobres pagam”.

O POVO DECIDE

“A melhor forma de avançar é ouvir as pessoas, nós não podemos falar em nome da sociedade brasileira, se proclamar e dizer ‘nós somos os representantes legítimos da sociedade, nós sabemos o que a sociedade quer e nós fazemos pela sociedade’, que tal a gente resolver fazer com a sociedade, escutando a sociedade e as pessoas se colocando. Nós não temos medo de ouvir o povo, nós não temos medo das decisões populares. Então vamos chamar o povo para decidir, sobre política educacional do país (…). Agora, como avançar na educação se tem uma emenda constitucional que prevê o congelamento de gastos sociais, inclusive em educação para os próximos 20 anos. Não vai avançar, não vai ter recurso, a gente não pode também ser demagógico. (…) Nós precisamos criar as condições para esse avanço e criar condições para esses avanços é ter recursos públicos para isso. É ter o povo participando do dia a dia da política, para que ela possa ser mais legitimada. E isso não é coisa de comunista extremista não, o país que mais faz plebiscito no mundo é a Suíça, que ao que consta não é tão bolivariana assim. É um país que faz 10 plebiscito por ano, discute tudo com a população. Tem experiência de democracia direta, de democracia participativa. Na Suíça, por exemplo, não se passa emenda constitucional alguma sem consultar a sociedade. Da forma como está hoje é muito compreensível que as pessoas não acreditem nesse modo de fazer política”.

QUILOMBOLAS

“A nossa proposta de governo é retomar as demarcações e o reconhecimento das comunidades quilombolas. Nós não vamos fazer como outros candidatos que fingem que quilombolas não existem e fazem inclusive menções e referências preconceituosas aos quilombolas e ao povo negro desse país. Nós achamos que é fundamental que os quilombolas sejam tratados com respeito, como povo originário que são, assim como os indígenas (…) A questão quilombola para nós é uma questão prioritária desde esse ponto de vista da retomada das demarcações e do apoio necessário do estado, o apoio cultural, o apoio no atendimento dessas demandas”.

COMO REDUZIR JUROS

“Um dos mecanismos é utilizar os próprios bancos públicos como ferramenta para isso, existe concorrência nos bancos (…) nós temos dois grandes bancos públicos de mercado, de varejo, que é a Caixa e o Banco do Brasil, esses bancos públicos tem condições de aplicar taxas de juros menores no mercado e com isso forçar os outros bancos privados a aplicarem, se não aplicarem ficam para trás. Faltou coragem para enfrentar isso até o final [nos governos de Lula e Dilma], houve uma pressão enorme dos banqueiros, houve uma pressão enorme do sistema financeiro e recuaram. Todos nós sabemos disso. Nós precisamos levar uma política dessas até as últimas consequências. Não dá para ter a farra dos bancos que nós temos hoje no Brasil, é a república dos bancos (…) Se é para ficar do jeito que está acaba com a eleição no Brasil, reúne os donos dos bancos numa mesa e decidem quem vai governar o país”.

NÃO VAMOS ACEITAR CHANTAGEM

“Política para mim não é carreira, política para mim é desafio e ousar. Só faz sentido ser candidato à presidente da república no Brasil se for para vir aqui, falar o que eu acredito e para defender a maioria do povo brasileiro. Nós queremos governar para os 99%, não para  1%. E não vamos aceitar chantagem de ninguém. Os bancos estão acostumados a fazer exatamente esse tipo de chantagem ‘se não fizer o que eu quero, não governa’, nós queremos governar com as maiorias, isso significa também colocar o povo em movimento. Chamar o povo à decidir sobre as questões fundamentais. Porque não, um plebiscito para o povo decidir sobre leis que regulam o sistema bancário no país. Porque isso precisa continuar sendo decidido nos corredores do Banco Central, com lobbys de grandes banqueiros à custa do interesse do dinheiro público. O Brasil é o capitalismo da casa grande. Tem coisas que mesmo em capitalismo avançados em outras partes do mundo já são consolidados, e falar isso no Brasil é um escândalo, derruba governo, caí República”.

Assista à íntegra da entrevista de Boulos ao Roda Viva:


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