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14/02/2013
Desgraça midiática nossa de cada dia, agora, é a inflação
Eduardo Guimarães
O ano nem bem começou e os brasileiros mais crédulos já acham que estão vivendo em um país à beira da ruína, com ao menos duas desgraças descomunais que o noticiário anuncia que estão prestes a se abater sobre suas vidas.
O país, segundo a mídia oposicionista, está para mergulhar em uma recessão sem precedentes por conta de um iminente racionamento de energia elétrica e, como se fosse pouco, está para ver seus rendimentos derreterem ao fim de cada mês por conta da volta da inflação.
Nem o ritmo magnífico de geração de empregos escapa de virar desgraça midiática, pois grandes veículos resolveram destacar, em vez do fato de que o mercado de trabalho brasileiro caminha na contramão do resto do mundo e abriga cada vez mais gente, que, em 2012, geramos menos empregos que nos anos anteriores.
Na seção de cartas de leitores do Estadão da quarta-feira de cinzas, leitores imbecilizados já afirmam que a década passada foi uma “década perdida” (?!), apesar de ter sido a década em que o Brasil mais progrediu em décadas.
Se 1% das desgraças midiáticas nossas de cada dia se materializassem, melhor seria que todos emigrássemos para qualquer parte do mundo que nos aceitasse e que o último que saísse que apagasse a luz.
No caso da inflação, em primeiro lugar há que pontuar que janeiro é mês de alta generalizada de preços. Isso é histórico. Mas, de fato, houve uma inflação um pouco maior neste janeiro do que nos dos últimos anos. Isso se deu por conta de um fator que, em qualquer economia, sempre gera pressões inflacionárias: a queda do desemprego e o aumento da renda, que põem a lei da oferta e da procura em vigor.
Contudo, o tom alarmista do noticiário, além de exagerado, poderá atuar da mesma forma que o alarmismo sobre “racionamento” e apagão, pois agentes econômicos começam a aumentar preços por conta de expectativas que nem se materializaram.
Mais uma vez, há uma tentativa de sabotar a economia igual à do mês passado com a balela sobre crise energética. O que a mídia oposicionista busca, de novo, é uma profecia que se torne autorrealizável.
Nesse aspecto, a fraquíssima comunicação social do governo colabora com um alarmismo que prejudica o país. Deveria haver uma estratégia para explicar à sociedade as particularidades conjunturais que levaram à alta de preços do mês passado, mas o que se vê é imobilismo.
O governador do Paraná, um dos Estados que boicotaram a adesão das energéticas ao plano do governo federal que reduziu o valor das contas de luz, por conta da falta de estratégia de comunicação do governo federal está arrogando a si um benefício aos paranaenses que tentou sabotar.
O fato é que o Brasil está sendo muito bem governado, está vivendo uma era de ouro. Relatório recente da OCDE já dá a retomada do crescimento brasileiro como favas contas. Só que isso não chega à sociedade.
Como dizia minha santa avozinha, “Galinha, quando põe ovo, tem que cantar”. Se não canta, alguma raposa chega antes que o dono do galinheiro e faz a festa. E o que não faltam hoje, no Brasil, são raposas.
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