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18/10/2013
O esvaziamento intelectual de Serra
Por Luis Nassif, no Jornal GGN:
Há tempos aponto o esvaziamento intelectual de José Serra. É incapaz
de produzir uma entrevista com uma ideia original sequer. Não consegue
desenvolver teses sobre nenhum dos grandes temas contemporâneos,
políticas sociais, inovação, abertura comercial, desindustrialização.A exemplo do Conselheiro Acácio, seu repertório de respostas limita-se a identificar um aspecto negativo em qualquer tema que lhe é perguntado e resumir sua resposta a isso. É incapaz de ir ao centro da questão, identificar o fator central e desenvolver uma ideia minimamente sofisticada. São chavões de bar em cima de bordões de turba, um niilismo medíocre e cansativo.
Se fosse um historiador bíblico indagado sobre a caminhada do Calvário de Cristo, responderia com ar grave: "Não gostei da Maria Madalena ter invadido a rua com aquela toalha".
Sobre o suicídio de Sócrates, não tergiversaria: "Não tem cabimento tomar qualquer coisa sem testar".
Sobre a descoberta do Brasil por Pedro Álvares Cabral: "Um absurdo errar a rota daquela maneira".
É o mesmo José Serra de sempre. Seu discurso político reduziu-se a isso: um niilismo medíocre, no qual qualquer questão que se lhe coloque recebe o mesmo padrão de resposta: identifica um fato negativo qualquer e trata como tema único da análise.
Confira na matéria do Valor, sobre a coletiva que ele deu ontem no Congresso.
Sobre a licitação de Libra - há um conjunto de análises a se fazer. O fato das candidatas serem estatais chinesas melhora o preço, de um lado, pode trazer conflitos de interesse do outro. As relações entre governo-Petrobras-estrangeiras serão contratuais, documentos legais reconhecidos por tribunais internacionais. Abrem-se possibilidade de novas relações Brasil-China, para o bem ou para o mal. Única avaliação de Serra: "Quem diria que o Brasil um dia iria caminhar para ser colônia da China?". É o Conselheiro Acácio sem polainas.
Sobre a hipótese de dobradinha com Aécio - há inúmeras considerações a serem feitas sobre vantagens e desvantagens de chapas puro sangue, sobre as alianças, sobre a relevância dos colégios eleitorais de São Paulo e Minas. Consideração de Serra: "Delirar é livre delirar, podemos especular sobre qualquer assunto, mas não faz muito sentido".
Sobre a dobradinha Marina-Campos - comporta inúmeras avaliações sobre a divisão do meio empresarial, sobre transferência ou não de votos, sobre terceira via. Consideração de Serra: "Foi uma aliança surpreendente e seus efeitos e consequências estão por vir. É muito difícil fazer previsões, muito cedo para avaliar".
Sobre Dilma sugerir que adversários estudem - "Se a presidente Dilma estudou antes, não aprendeu. Se estudou no governo, também não está aprendendo. E governo não é para fazer curso de graduação e pós-graduação. Quem entra no governo já tem que entrar sabendo das coisas. Até para não começar errado e perder tempo".
E terminou brilhantemente, com considerações clássicas e profundas sobre a expressão "para o que der e vier": "Uma coisa é o que der e vier, outra coisa é se conviria do ponto de vista político ou não. Acho prematuro falar dessa situação (de ser candidato a deputado)".
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Do Valor
José Serra descarta aposentadoria da política
À vontade no papel de candidato a candidato à sucessão presidencial, o ex-governador de São Paulo disse que está "à disposição" do PSDB para o "para o que der e vier" nas eleições de 2014. Serra não disse que é candidato, mas também afirmou que não "iria desmentir" quem afirmasse o contrário. O ex-governador esteve ontem em Brasília para um seminário comemorativo aos 25 anos da Constituição de 1988.
Serra mostrou-se animado com as eleições de 2014. "Eu não me aposentei da política, muito pelo contrário. Aliás sou contra aposentadorias prematuras, precoces", disse. Segundo o ex-governador paulista, a indicação do candidato do PSDB somente será decidida no próximo ano, como aliás "foi anunciado pelo próprio presidente do partido, o senador Aécio Neves".
Já no palanque, Serra atacou a licitação do campo de Libra, marcada para a próxima segunda-feira, cujas previsões indicam como vencedor uma estatal chinesa: "É uma situação neocolonial. Quem diria que o Brasil um dia iria caminhar para ser colônia da China"? Serra circulou pelo Congresso e não se negou a tratar de nenhuma pergunta relativa à sucessão presidencial de 2014.
Questionado sobre a hipótese de ser candidato a vice de Aécio Neves ou vice-versa, foi taxativo: "Delirar é livre delirar, podemos especular sobre qualquer assunto, mas não faz muito sentido". O ex-governador declarou-se surpreso com a filiação da senadora Marina Silva ao PSB, mas ainda acha cedo para se avaliar seu impacto nas eleições de 2014. "Vamos ver se o Eduardo Campos vai sair candidato".
"Foi uma aliança surpreendente e seus efeitos e consequências estão por vir. É muito difícil fazer previsões, muito cedo para avaliar", disse Serra. "Acho que surpreendeu até Eduardo Campos". Dois dias antes Serra e Eduardo Campos conversaram e o governador de Pernambuco não trabalhava com essa informação. "É um fato novo e saber quais são as consequências disso, prever, é muito difícil".
O ex-governador de São Paulo, no entanto, não tem dúvida sobre o papel do PSDB na campanha. "É a principal força da oposição", disse. Afirmou não temer que os tucanos fiquem de fora do segundo turno das eleições de 2014. "Medo? Não acho que o PSDB vá ficar fora do segundo turno. Não é problema de ter medo ou não. Em política, trata-se de você na luta".
Jornalistas perguntaram a Serra se não era o caso de o PSDB rever a intenção de indicar Aécio Neves como o candidato do partido, manifestada pela maioria dos diretórios, diante das pesquisas que o colocam à frente do senador mineiro. "Não é um problema de conversar", disse. Em sua opinião "o PSDB exagerou na antecipação (da campanha eleitoral) da mesma maneira que o PT e todos os outros. Quem inventou a campanha precoce foi o Lula", disse.
Segundo Serra, Lula passou o final de seu governo fazendo campanha para a presidente Dilma Rousseff. "Cadê governo? Não tem governo. Você fica dois anos perplexo (com a herança recebida do governo anterior), dois anos fazendo campanha. E isso quem paga o preço é o país: crescimento lento, taxa de juros maior do mundo, inflação alta e reprimida, desequilíbrio externo, situação do petróleo muito ruim, enfim uma série de problemas que vão se acumulando. Esse é o resultado dessa política, da herança e do eleitoralismo".
Na condição de pré-candidato de oposição, Serra desferiu um duro ataque à licitação do campo de Libra, previsto para a próxima segunda-feira. "Francamente, estatal por estatal, eu preferia que ficasse com a Petrobras", disse. "O ideal era ter feito o leilão que trouxesse grandes grupos internacionais competitivos. E agora, vamos ficar numa situação praticamente de uma quase colônia da China. Um neocolonialismo do Brasil em relação à China, o que me parece incrível".
"O poder do governo brasileiro é grande em relação a grupos internacionais privados. Eles pularam fora. O poder do governo brasileiro com relação ao governo chinês é muito menor, porque o Brasil hoje é um país dependente da China. Temos uma posição de neocolonizados. Isso vai agravar essa situação".
Serra também meteu a colher no bate-boca entre a presidente Dilma Rousseff e a ex-senadora Marina Silva. "Se a presidente Dilma estudou antes, não aprendeu. Se estudou no governo, também não está aprendendo. E governo não é para fazer curso de graduação e pós-graduação. Quem entra no governo já tem que entrar sabendo das coisas. Até para não começar errado e perder tempo.
Indagado se sua disposição para "o que der e vier" incluiria também uma candidatura a deputado federal, a fim de "puxar" bancada para o PSDB, desconversou: "Uma coisa é o que der e vier, outra coisa é se conviria do ponto de vista político ou não. Acho prematuro falar dessa situação.
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