31/10/2013
Português é a língua da moda e do emprego na China
Do Expresso Sapo - 30/10/2013
Estudantes chineses da Universidade de Xangai celebram conclusão da licenciatura
Manuela Goucha Soares
Nos últimos "cinco ou seis anos a explosão
[do ensino] do português na China foi fantástica" disse ao Expresso o
Professor Carlos Ascenso André, um dos oradores no painel "Ensino da
Língua Portuguesa na China", um dos temas em debate na 2ª Conferência
Internacional "Língua Portuguesa no Sistema Mundial", que hoje terminou
em Lisboa.
O Professor Carlos Ascenso André da Universidade de
Coimbra mudou-se para Macau em 2012, para dirigir o Centro Pedagógico e
Científico de Língua Portuguesa do Instituto Politécnico de Macau. Aí
chegado, decidiu meter a 'mão na massa' e fazer um levantamento sobre o
ensino de português na China.
Apurou que num intervalo de cinco anos "passámos de
seis ou sete universidades para 28 instituições onde 1350 estudantes
aprendem português, essencialmente ao nível da licenciatura".
"Há mais de 100 docentes a leccionar português no
Ensino Superior. É um corpo muito jovem, 65% dos professores são
chineses e têm problemas de formação", explica Carlos André. Os outros
35% são docentes de nacionalidade portuguesa ou brasileira.
Português abre portas nas empresas, jornalismo e diplomacia
"A China olha para o longo prazo. Ao perceber que havia
mudanças na geopolítica começou a apostar no ensino do português,
porque tem muita população jovem", disse ao Expresso, Ana Paula
Laborinho, presidente do Instituto Camões.
Cidades chinesas onde há universidades que leccionam português
Carlos André confirma a "ideia de que aprender
português é uma garantia de empregabilidade. Os estudantes chineses
acham que lhes abre portas no jornalismo, na diplomacia e nas
empresas".
Portugal não pode assegurar sozinho a formação dos
professores que ensinam português nas universidades chinesas: "precisa
de parcerias locais", diz Carlos André. "As instituições universitárias
portuguesas também não podem cair no equívoco de julgar que resolvem
sozinhas esta questão", acrescenta.
Na opinião de Ana Paula Laborinho, Macau "tem importância como base" de trabalho.
Mas Carlos André estende o alerta de prevenção de
equívocos às instituições do território "onde o dinheiro não é problema.
"A Universidade de Macau, o Politécnico de Macau e o Instituto
Português do Oriente têm de trabalhar em conjunto" para responder ao
desafio do ensino do português na China.
Dentro de cinco anos, "teremos mais de cinco mil
universistários chineses a aprender português. Nalgumas universidades o
português já é a segunda nota mais alta de entrada".
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