31/10/2013
Bolsa Família: dez anos que mudaram a face do Brasil
Do Jornal GGN - qui, 31/10/2013 - 08:00
- Atualizado em 31/10/2013 - 16:16
Uma grande nação, justa e forte, se faz
pela capacidade de inclusão - dos miseráveis à alimentação básica; dos
pobres ao consumo; dos pequenos, ao mercado; das minorias, ao seu
direito de viver diferente; dos pequenos empresários, à oportunidade
para desenvolver seus negócios.
É por meio da inclusão que uma nação se
forma e captura, para o bem geral, a energia individual esmagada em cada
falta de oportunidade, o talento que pode estar escondido em um barraco
nas palafitas ou nas favelas, os futuros campeões que podem estar
nascendo em uma microempresa.
É por meio da solidariedade que se criam
os laços sociais e econômicos que vão tecendo a grande rede do
desenvolvimento e os grandes processos civilizatórios.
Mesmo assim, cada capítulo é uma guerra entre a modernidade e o atraso, entre o novo e o velho carcomido.
Nos Estados Unidos, o maior processo de
inclusão - a libertação dos escravos - resultou na mais sangrenta guerra
do século 19. Na Europa, os grandes movimentos de urbanização, dos anos
20, resultaram em intolerância e no florescimento de doutrinas
autoritárias.
***
Por isso mesmo, esses movimentos sempre refletem a luta da barbárie contra a civilização, da selvageria contra a solidariedade.
Os herois sempre terão seu lugar na
memória nacional; os recalcitrantes, no lixo da história. O país
reconhece José Bonifácio, Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André
Rebouças, Luiz Gama como seus fundadores. Os contrários tornaram-se
apenas "conservadores" ânonimos, anacrônicos, menores.
***
Não será necessário distanciamento
histórico para que esse mesmo reconhecimento ocorra em relação ao Bolsa
Família. Para sorte de seus descendentes, os trogloditas que enxergaram
no programa a "bolsa esmola", o estímulo à preguiça, que previram o
desastre fiscal, que se escandalizaram com pobres adquirindo geladeiras,
ou com fazendeiros não podendo mais pagar salário de fome aos seus
colonos, serão tratados apenas como "conservadores"., símbolos da
parcela mais atrasada, colonial, desinformada e insensível, uma espécie
de sub-elite intelectual impermeável a qualquer sopro de cidadania.
***
A história brasileira do século 20 têm
episódios relevantes. Provavelmente nenhum desses episódios sobrepuja em
relevância e alcance, a criação do Bolsa Família.
São 11 milhões de famílias atendidas, 40
milhões de pessoas incluídas e o desenvolvimento de uma metodologia
incorporando os mais avançados modelos estatísticos com os avanços da
Internet. Tornou-se padrão mundial.
***
Mas é apenas o início. As políticas
sociais trouxeram nova dimensão ao mercado interno, novas demandas, nova
escala de produção às empresas.
Mais que isso. Sair do nível da miséria
mudou totalmente a natureza social e pública desses 40 milhões de
brasileiros. Eles se tornaram cidadãos, alguns tornaram-se
empreendedores. Entendendo seus direitos, tornar-se-ão cada vez mais
exigentes, rompendo a inércia histórica do setor público e político.
E se tornaram cidadãos sem tutela
política. Quem quiser conquistar seu apoio terá que demonstrar o que têm
a oferecer daqui para diante.
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