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12/10/2013
O Brasil e o "negócio da China"
Do Blog do Miro - sexta-feira, 11 de outubro de 2013
Por Mauro Santayana, em seu blog:
Desde o início dos tempos, elementos tangíveis e intangíveis, como as
matérias-primas, a inteligência e o conhecimento, determinaram a
concorrência entre os estados e a ascensão e a queda de impérios e
civilizações.
A espionagem, pelo Canadá, de computadores do Ministério de Minas e Energia, e a proposta que a União Européia pretende fazer ao Brasil, na próxima semana, no âmbito de “matérias- primas estratégicas” servem de alerta aos que acham que o advento de novas tecnologias vai sepultar ou diminuir a importância das commodities e das matérias-primas no xadrez geopolítico internacional, nos próximos anos.
A espionagem, pelo Canadá, de computadores do Ministério de Minas e Energia, e a proposta que a União Européia pretende fazer ao Brasil, na próxima semana, no âmbito de “matérias- primas estratégicas” servem de alerta aos que acham que o advento de novas tecnologias vai sepultar ou diminuir a importância das commodities e das matérias-primas no xadrez geopolítico internacional, nos próximos anos.
Segundo declarou o vice-presidente da Comissão
Européia e Comissário de Indústria e Empreendedorismo, Antonio Tajani,
em entrevista ao “Valor”, ontem, a Europa pretende propor ao Brasil uma
aliança para impedir que a China continue tentando “ter o monopólio de
matérias-primas industriais” em escala planetária.
Por trás do eufemismo, está o interesse europeu em um verdadeiro
“negócio da China”- que se encontra sob controle de Pequim, neste
momento.
Uma alternativa de acesso a terras raras, um conjunto de minerais
essenciais para o avanço tecnológico em setores estratégicos, como imãs,
baterias de alto desempenho, levitação magnética, ótica, energia
eólica, lasers, computação, diagnóstico por imagem, automóveis híbridos e
elétricos, aviação, espaço, etc.
País mais populoso do mundo, segunda economia do planeta, e o maior
produtor mundial – cerca de 90% - de terras raras, com uma rígida
política de comercialização desses minerais, a China pretende três
coisas: agregar valor à sua produção, processando-a e transformando-a em
produtos acabados em seu próprio território; controlar sua oferta nos
mercados internacionais, de forma a obter preços mais justos; e evitar a
formação de estoques estratégicos no exterior - terras raras são de
grande importância para a área de defesa, por exemplo - por parte de
seus maiores competidores.
O grande problema dos países da OTAN, do ponto de vista geopolítico, é
que a disponibilidade de terras raras está concentrada, hoje, em países
como a China, a Índia, a África do Sul e o Brasil. Todos são nações do
Brics, e é preciso – para eles - evitar que se construa, a partir daí,
uma aliança.
O Brasil, com grandes reservas – entre outros minerais de onde se
extraem essas matérias-primas - de nióbio e areias monazíticas, já está
discutindo, junto com o novo marco da mineração, uma Política Nacional
de Minerais Estratégicos e Terras Raras.
É nesse sentido, estratégico e geopolítico, que tem que ser avaliada qualquer proposta européia.
Quem quiser ter acesso a nossas reservas, que se associe ao Brasil para processá-las e agregar valor, aqui mesmo, por meio de transferência de tecnologia.
Quem quiser ter acesso a nossas reservas, que se associe ao Brasil para processá-las e agregar valor, aqui mesmo, por meio de transferência de tecnologia.
Não custa nada ouvir o que os europeus têm a dizer. Mas é preciso também
conversar com os outros.
Começando - depois da UE - pelos Brics,
naturalmente.
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