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15/10/2013
A estranha visão de Joaquim Barbosa sobre 'conflito de interesses'
Do Diário do Centro do Mundo - 15/10/2013
Num congresso de jornalismo, ele citou os americanos ao se referir, mais uma vez, ao caso da funcionária que ele tentou retirar do STF por alegado conflito de interesses.
A funcionária, como se sabe, é casada com um repórter do Estadão com quem JB teve uma encrenca pública. JB mandou-o “chafurdar no lixo” depois que o jornalista noticiou gastos de 90 000 reais em dinheiro público na reforma nos banheiros do seu aposento funcional de presidente do STF em Brasília.
JB fracassou em afastá-la do STF. Ela está lotada no gabinete de Lewandowsky, que não viu sentido no pleito de JB e a manteve. Se conheço a alma humana, Lewandowsky aproveitou para vazar a tentativa frustrada de vingança.
Nos Estados Unidos isso não aconteceria, voltou a afirmar Barbosa ao se referir ao caso.
Bem, primeiro e antes de tudo, “conflito de interesse”, a rigor, existiu na tentativa de JB de prejudicar a mulher do jornalista. Ele tentou usar seu poder como presidente do STF para uma vendetta pessoal.
Mas, muito além disso, se a referência são os Estados Unidos, JB não tem muito do que se gabar.
Nos Estados Unidos, um presidente do STF patrocinaria – com dinheiro público, sempre – uma viagem de jornalistas apenas para que eles fizessem matérias laudatórias sobre ele?
Lembremos: a viagem – para a Costa Rica – foi feita num avião da FAB.
Que aconteceria, nos Estados Unidos, se um presidente do STF fosse flagrado comprando um apartamento com uma pequena trapaça para sonegar impostos? E se ele arrumasse emprego para o filho numa grande organização jornalística com um contencioso bilionário na Receita Federal?
Falta a JB, além de tudo, a discrição essencial a um magistrado em sua posição. Em sua loquacidade irreprimível, ele opina sobre tudo. Em breve, é possível que palpite na escalação da seleção. É verdade que a mídia o incentiva a opinar sobre qualquer coisa, mas ele deveria ter noção de suas limitações e se resguardar. Se um dia aprender a responder “não sei”, terá feito um avanço considerável. Mas não: até sobre o jornalismo investigativo ele julga ter algo a dizer. Digo apenas o seguinte: se o jornalismo investigativo funcionasse, a vida de Joaquim Barbosa seria muito menos confortável: a mídia teria esquadrinhado, por exemplo, a compra do apartamento em Miami.
Em vez disso, o que se viu foi uma cobertura miserável, em grande parte por conflito de interesse: a mídia enxerga nele um aliado, e por isso o escândalo passou virtualmente em branco por jornais, revistas e telejornais. Combatividade, só no jornalismo independente feito na internet — ainda sem os recursos necessários para investigações mais caras.
Joaquim Barbosa, “conflito de interesse” é aquilo que seus desafetos fazem. Se ele olhar para o espelho, verá alguém sem nenhuma autoridade moral para falar sobre o assunto.
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