terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Contraponto 13.139 - "Vencemos por sermos iguais ou por sermos diferentes?"

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28/01/2014

Vencemos por sermos iguais ou por sermos diferentes?

Do Tijolaço - 28 de janeiro de 2014 | 10:22 Autor: Fernando Brito
escada


 Fernando Brito 

Ter, por dever de ofício, de ler o noticiário político brasileiro todos os dias é algo que deixa a gente desanimado.

Talvez seja por isso que enfado tanto os leitores e leitoras deste blog com questões econômicas.
Porque, convenhamos, discutir se o prato de peixe que Dilma Rousseff comeu em Lisboa custou 40 ou 70 euros é de doer.

Até porque. todos sabem – inclusive a mídia – que ela é uma pessoa de hábitos pessoais austeros.
Pior ainda é aceitarmos a discussão do “vai ter ou não vai ter Copa”.

Será possível que não se enxergue que isso é uma falsa discussão, que só interessa aos provocadores da direita?

Que tudo o que se tiver, eventualmente, sido gasto em exageros não atinge sequer o que pagaremos por um mísero único dos vários pontos percentuais que se acrescentaram à nossa taxa de juros?

Que, aliás, não gera “indignados” em parte alguma entre estes grupos, não é?

Enquanto isso, vamos deixando de lado qualquer debate sobre os caminhos do Brasil.

A política econômica tornou-se uma administração de varejos da pior qualidade.

O governo, preocupado em adular os “mercados”, como se eles gostassem de adulação, enquanto gostam mesmo é de dinheiro.

A oposição, com um discurso que, em relação a esse mercado, já nem é de adulação, mas de capachismo, mesmo.

Enquanto isso, lá fora, ronca nas entranhas do Federal Reserve uma elevação nas taxas de juros americanas que, só de ameçar, já abala as moedas mundo afora.

Por toda parte sente-se uma ausência que, acreditem, se reflete nas ruas e é extremamente perigosa ao processo eleitoral.

Que só não se complica porque temos uma oposição que, francamente, só é nanica porque a mídia lhe dá alguns centímetros mais de altura para que apareça mais alto que o pó do chão.

Seria muito bom se os líderes do PT e os “gênios da comunicação” do governo, em lugar de ficar pensando em soltar uma pombinha branca nos estádios para promover a paz, como sugeriu a D. Helena Chagas outro dia, entendessem que este projeto político iniciado em 2002, venceu duas eleições, em 2006 e 2010, porque soube apontar um projeto, um caminho para o país.

Em 2006, o que significava não retroceder aos tempos da alienação de nossas riquezas e empresas públicas.

Em 2010, o de avançar ao desenvolvimento e a um Brasil do tamanho que ele pode ter e terá.

Em 2014, certamente não será por sermos bonzinhos, fazermos “tudo o que o seu mestre mercado mandar” que eles nos deixão ficar mais um pouquinho “na pracinha”.

Obvio que não se sugere aqui nenhuma política do tipo “força cega”. A política real, das alianças, da administração de alianças e meios eleitorais é importante e precisa ser feito por gente capaz, não por tecnocratas.

Mas nunca será bem-sucedida se não se puder representar, diante da população, um horizonte que a anime a fazer verdadeiros os versos que dizem que “quem sabe onde quer chegar, escolhe o caminho certo e o jeito de caminhar”.

E, neste Brasil de hoje, depois de anos em que a esquerda abriu mão, no dia a dia, do debate ideológico e que não conseguiu dar corpo físico às conquistas e desafios do Brasil, só resta uma figura capaz de provocar uma mudança no diapasão da política.

Lula.

Sua ausência prejudica o próprio desempenho de Dilma, que está, como todos sabem, manietada por um “politicamente correto” que limita sua capacidade de polemizar.

O ex-presidente – que já considera acelerar  sua reentrada na cena político-eleitoral –  precisa entrar logo neste ringue.

E levar a contenda para onde ela está, de fato, e onde ela vai decidir algo essencial, não insignificâncias: o rumo do desenvolvimento brasileiro.

Porque, se é para “acalmar o mercado” sendo “bonzinho”, melhor chamar o Palocci  ou o Meirelles.

Não vencemos as eleições, uma vez depois da outra, por sermos iguais, mas por sermos diferentes.

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