.
26/01/2014
O ‘novo’ Eduardo Campos e sua velha visão de impostos
Dizer que é novo é fácil. Realmente difícil é ser.
Nesta semana, palavras de Campos em seu Facebook deixaram claro que ele é mais do mesmo. O velho que se veste de novo.
Campos repetiu a cantilena do 1%: a carga
tributária brasileira é elevada. Isso significa que ele, além de
incorporar uma tese que perpetua a desigualdade no Brasil, não vai fazer
o que deveria ser a prioridade de qualquer aspirante à presidência com
ideias realmente novas: aumentar o imposto dos ricos.
Se ele quisesse se informar melhor sobre sabedoria
tributária, deveria estudar o caso escandinavo. Você só constrói uma
sociedade justa se cobrar impostos altos de quem pode mais. No Brasil,
ocorre o oposto. O 1% encontrou maneiras de burlar a Receita sem ser,
virtualmente, incomodado.
É inacreditável, por exemplo, que a Receita não dê
ao público nenhuma satisfação, por exemplo, em relação ao caso
documentado de estrondosa sonegação da Globo. (Os grifos em verde negritado são do ContrapontoPIG)
Qual é a mensagem que está sendo passada ao
contribuinte anônimo? Aja como a Globo. Aja como os irmãos Marinhos. E
você vai se dar bem.
Ah, nossos serviços não são os mesmos que os
escandinavos, reclamam muitos. Ora: não são porque a arrecadação é muito
menor. Se a Suécia arrecadasse proporcionalmente o que o Brasil
arrecada em imposto, não daria a seus cidadãos tudo que dá.
Uma das coisas mais daninhas que a mídia fez aos brasileiros foi propagar a falácia da “alta taxa fiscal”. O que se buscava era reduzir
brutalmente os direitos trabalhistas. Até a licença maternidade foi
invariavelmente atacada em sua extensão limitada quando na Escandinávia
até os pais são estimulados a ficar em casa para ajudar a criar os bebês
em seus primeiros meses.
Vamos lembrar.
Os direitos trabalhistas surgiram na Alemanha de
Bismarck, na segunda metade do século 19, não pela generosidade do
Estado ou dos empresários, mas pela pressão da esquerda e pelo medo de
que o marxismo se impusesse entre os alemães.
Numa frase clássica, Marx dissera que os
trabalhadores não tinham a perder senão os grilhões. Os direitos que
eles ganharam com sua mobilizarão regularam coisas que simplesmente não
existiam, como o limite de horas e dias trabalhados e um sistema de
pensão que permitisse aposentadoria a partir de determinada idade.
Em outra frase clássica, Thatcher diria, mais de um
século depois de Marx, que os trabalhadores tinham sim mais a perder
que seus grilhões. A crença disso foi a base de seus ataque impiedoso
aos sindicatos.
Você pode simplificar tudo com o seguinte
raciocínio: quando alguém se apresentar como “fato novo” na política
verifique se ele fala com clareza em aumento de impostos para o 1%.
Eduardo Campos não fala.
Nenhum comentário :
Postar um comentário
Veja aqui o que não aparece no PIG - Partido da Imprensa Golpista