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06/04/2015
Maior fortuna do HSBC tem elo com privatização de FH
Família Steinbruch, capitaneada pelo empresário
Benjamin, aparece com a maior fortuna brasileira no HSBC e,
provavelmente, uma das maiores do mundo: nada menos que US$ 543 milhões;
dono do grupo Vicunha, que enfrentava dificuldades no setor têxtil,
Benjamin deslanchou depois de contratar, ainda em 1995, o filho do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Paulo Henrique, como assessor
especial; na era das privatizações, Benjamin comprou a Companhia
Siderúrgica Nacional, a Light e até a Vale, sempre com apoio do BNDES ou
dos fundos de pensão estatais; em nota, a família Steinbruch afirmou
que não irá comentar "vazamentos ilegais"
247 - De todos os sobrenomes de brasileiros envolvidos no chamado 'Swissleaks', nenhum chama tanta atenção quanto Steinbruch.
Ao todo, a chamada 'Família
Steinbruch' possuía nada menos que US$ 543 milhões depositados na filial
de Genebra, na Suíça, do HSBC.
Capitaneada por Benjamin, o mais
notório integrante do clã, a família prosperou como um foguete na era
das privatizações, durante os oito anos do governo FHC.
Antes dos anos 90, os Steinbruch
possuíam apenas um grupo têxtil, o Vicunha, que enfrentava as
dificuldades decorrentes do processo de abertura econômica.
Com a chegada de FHC ao poder, no
entanto, Benjamin enxergou a grande oportunidade para uma guinada
completa nos negócios da família. Com as privatizações, o grupo Vicunha
conseguiu arrematar três ícones da era estatal: a Companhia Siderúrgica
Nacional (CSN), a Light e até a Vale.
Coincidência ou não, Benjamin
contratou em 1995, primeiro ano do governo FHC, ninguém menos do que
Paulo Henrique Cardoso, filho do ex-presidente, como assessor especial.
Em 11 de maio de 1997, Steinbruch já
era retratado pela Folha de S. Paulo, em reportagem de Igor Gielow,
como o primeiro "megaempresário" gerado na era tucana.
"A identificação com o poder tucano
não é apenas retórica. Steinbruch é amigo há vários anos de Paulo
Henrique Cardoso, o filho mais velho do presidente da República. Até
fevereiro, empregava o "primeiro-filho" na Diretoria de Comunicação e
Marketing da CSN. Agora, Paulo Henrique está na Light", escreveu Gielow.
Em sua reportagem, Gielow também
escreveu que Benjamin cultivava outros dois nomes fortes do tucanato.
"Avesso a badalações, frequenta estréias de teatro e leilões chiques de
cavalos acompanhado de expoentes do tucanato paulista. Entre eles, David
Zylberstajn (secretário estadual de Energia e "primeiro-genro", casado
com Beatriz Cardoso). E Andrea Matarazzo (presidente da Cesp), amigo há
mais de 20 anos e frequente conselheiro." (leia aqui).
Em 2000, uma reportagem de Veja,
assinada por Policarpo Júnior e Consuelo Dieguez, apontou que o
aconselhamento de Paulo Henrique Cardoso foi crucial para que o BNDES se
associasse a Steinbruch na compra da Light. "Foi forte também a ligação
entre Paulo Henrique e Benjamin Steinbruch, há alguns anos. O filho de
FHC estava ao lado do empresário na época da privatização da Light,
leiloada em maio de 1996. Steinbruch, um dos controladores da CSN,
queria que o BNDES participasse do consórcio formado pela Electricité de
France e dois grupos americanos, além da própria CSN.
Pessoas que então
conviviam com o empresário dizem que o filho do presidente contribuiu
para que o banco realmente entrasse no grupo. Como se sabe, esse foi o
consórcio vencedor. Nessa tempo, Paulo Henrique trabalhava na CSN como
coordenador de comunicação. Com a Light privatizada, foi convidado a ir
para lá", dizia o texto (leia aqui).
Outro escândalo conectando
Steinbruch às privatizações diz respeito à privatização da Vale. O
empresário foi apoiado pelos fundos de pensão estatais, mas em
contrapartida teria recebido um pedido de propina do ex-tesoureiro do
PSDB, Ricardo Sérgio de Oliveira. Em 2002, o instituto Datafolha
realizou uma pesquisa que apontou que, para 49% dos brasileiros, o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tinha conhecimento do pedido de
propina (leia mais aqui).
Com um vínculo tão forte com as
privatizações, e uma conta tão parruda no HSBC de Genebra, Steinbruch
será um dos principais alvos não apenas da Receita Federal, como também
da CPI instalada no Senado para investigar o Swissleaks.
Em nota, a família Steinbruch afirmou que não comentaria "vazamentos ilícitos".
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