247 - A decisão do
Supremo Tribunal Federal de libertar o empresário Ricardo Pessoa, dono
da UTC Engenharia, representa uma dura derrota editorial para a revista
Veja, que, em duas edições recentes, tentou convencer os ministros da
corte a mantê-lo preso para que, assim, o réu fizesse uma delação
premiada contra o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff.
A primeira tentativa aconteceu no
dia 21 de março deste ano, quando Pessoa foi capa de Veja, numa
reportagem que, supostamente, antecipava o que ele pretendia dizer. No
texto, a revista também ameaçava o próprio réu, com a informação de que,
se não fizesse a delação nos termos pretendidos, receberia uma
condenação entre 90 e 180 anos de prisão (leia mais em
"Veja tenta arrancar nova delação a fórceps").
A segunda investida de Veja ocorreu
no dia 4 de abril deste ano. No texto, a revista sugeria que Pessoa
poderia indicar "o chefe", "o cabeça" responsável pelo "desfalque
bilionário". Dizia ainda que "quanto mais o tempo passa, maior a
probabilidade de um empreiteiro de primeira linha contar o que sabe e,
portanto, maior a agonia do governo" (leia mais em
"Veja coloca de novo a faca no pescoço do STF").
O STF, no entanto, resistiu ao jogo
de pressões. Em seu voto, o ministro Teori Zavascki, relator do caso,
disse que manter preso Ricardo Pessoa para forçar uma delação premiada
seria "medida mediavalesca que cobriria de vergonha nossa sociedade".
Seu voto foi acompanhado pelos ministros Dias Toffoli e Gilmar Mendes,
que decidiram a votação em favor da liberdade do réu.
Como Veja se deu conta de que Pessoa
não estava disposto a se transformar em delator, dedicou sua capa desta
semana a outro empreiteiro preso: José Adelmário Pinheiro, da OAS, que
segundo a revista também poderia acusar o ex-presidente Lula.
No entanto, com os mesmos argumentos
que sustentaram a libertação de Ricardo Pessoa, os ministros do STF
determinaram prisão domiciliar para o executivo da OAS e outros sete
diretores e funcionários de empreiteiras.
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