Dia de vitórias de Dilma e derrotas de Renan e Cunha
Nada como um dia depois do outro, com uma noite no meio. A cada dia,
sua agonia. E assim vamos vivendo, seguindo a vida. A presidente Dilma
Rousseff pode ter pensado nestes velhos ensinamentos ao final desta
terça-feira de vitórias para o governo e derrotas para seus maiores
adversários no momento, tema do meu comentário no Jornal da Record News.
Na queda de braço entre o governo e o Congresso, após uma temporada
de más notícias, ontem foi um dia para Dilma comemorar, tanto na
política como na economia.
Para mim, o mais importante de tudo, ao contrário da chamada grande
imprensa, não foi a derrota que Dilma impôs ao presidente do Senado,
Renan Calheiros, com a aprovação do nome de Luiz Fachin para o STF, que
ele não queria, mas o grande acordo comercial selado com a China, um
pacote de US$ 53 bilhões em 35 projetos de infraestrutura, tratado pelos
jornalões como mero ato de rotina administrativa.
Num momento em que a nossa economia rateia e clama por novos
investimentos, nada poderia acontecer de melhor para o governo
brasileiro do que esta parceria com a China, às vésperas da visita
oficial que Dilma fará aos Estados Unidos, e não apenas pelos valores
envolvidos.
Está havendo um reposicionamento histórico na geopolítica mundial
entre as duas maiores potências do planeta, em que o comércio torna-se
mais decisivo na luta pela liderança do que as guerras territoriais e
ideológicas sem fim. Os chineses estão investindo pesado na América
Latina e na África, e certamente não é por caridade.
Os efeitos do acordo Brasil-China serão profundos e duradouros,
enquanto a batalha pela indicação do novo ministro para o STF foi apenas
um fato episódico, do qual daqui a pouco ninguém mais vai falar, e que
somente para demonstrar a miudeza do debate político na imprensa e no
parlamento, com o único objetivo de desgastar o governo federal.
No mesmo dia da derrota de Renan Calheiros no Senado, o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, foi obrigado a adiar a votação da reforma
política, por falta de acordo na comissão especial que ele mesmo montou,
mostrando que os dois não são tão poderosos como imaginavam e eram
apresentados no noticiário.
A balança do poder oscilou a favor do Executivo e são absolutamente
imprevisíveis os próximos lances, com os principais partidos em
frangalhos, relegados a segundo plano por bancadas suprapartidárias
formadas em torno de interesses específicos, pouco republicanos,
digamos.
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