22/05/2015
Por que a China é um parceiro melhor que os EUA. Por Paulo Nogueira
Você quer luzes sobre o significado da China como grande parceira, e
não as sombras que encontra na cobertura das corporações de mídia?
O mundialmente aclamado livro “Winner Take All” (O Vencedor fica com Tudo), da economista zambiana Dambisa Moyo, é um ótimo caminho.
(A editora Objetiva adquiriu os direitos. Se não lançou ainda, deveria.)
Li o livro em 2012, quando foi lançado, e reli agora por conta dos novos investimentos da China no Brasil.
Numa linguagem simples, jornalística, Dambisa dá ao leitor aquilo de que ele precisa.
Mostra, em primeiro lugar, a lógica da estratégia chinesa. Quando e por que a China se lançou vorazmente à compra de recursos mundo afora, sobretudo nos países mais pobres.
E conta também como os países em que a China mais investiu inicialmente, na África, enxergam, passados anos, o papel chinês.
Pesquisas feitas por respeitados institutos como o americano Pew demonstram que os africanos gostam dos parceiros chineses.
Veem neles um sócio melhor e mais confiável do que os americanos.
Os chineses desenvolvem parcerias que Dambisa qualifica de “simbióticas”. É o tipo de sociedade em que as duas partes precisam muito uma da outra.
Para a China, é vital se abastecer de recursos naturais que tendem a ser perigosamente escassos no futuro.
E para os países que oferecem tais recursos à China falta dinheiro para explorar adequadamente suas riquezas.
Ganha um, ganha o outro, ganham todos.
Adicionalmente, a China investe na infraestrutura dos países dos quais compra recursos minerais, para facilitar o escoamento da mercadoria.
É exatamente isso que se viu, agora, nos acordos fechados com o Brasil.
Dambisa sublinha bem a diferença entre o estilo chinês e o estilo ocidental de colocar dinheiro em nações em desenvolvimento.
Os ocidentais se intrometem e impõem condições muitas vezes terríveis. (Os brasileiros têm memória das exigências do FMI, por exemplo.)
A China, não. Tudo que ela deseja está estampado nos negócios que fecha. A política fica inteiramente de fora: cada sócio que cuide de suas coisas.
Nos países africanos, a China foi adiante como sócia. Para ganhar corações e mentes, perdoou dívidas (o que o Brasil também fez, sob críticas ferozes dos conservadores) e construiu na África escolas, hospitais e coisas do gênero.
Este, enfim, é o jeito chinês de se relacionar com o mundo.
“Os chineses aparentemente aprenderam com os erros ocidentais e dão a seus anfitriões exatamente aquilo que eles querem – dinheiro, estradas, ferrovias – em troca de acesso a recursos naturais”, escreveu Dambisa em seu livro. “Todos os envolvidos triunfam.”
Por tudo isso, é muito bom ver o Brasil fechar negócios bilionários com a China – a despeito das vociferações dos desinformados ou mal-intencionados.
E muito bom não para Dilma ou o PT apenas — mas para o Brasil.
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O mundialmente aclamado livro “Winner Take All” (O Vencedor fica com Tudo), da economista zambiana Dambisa Moyo, é um ótimo caminho.
(A editora Objetiva adquiriu os direitos. Se não lançou ainda, deveria.)
Li o livro em 2012, quando foi lançado, e reli agora por conta dos novos investimentos da China no Brasil.
Numa linguagem simples, jornalística, Dambisa dá ao leitor aquilo de que ele precisa.
Mostra, em primeiro lugar, a lógica da estratégia chinesa. Quando e por que a China se lançou vorazmente à compra de recursos mundo afora, sobretudo nos países mais pobres.
E conta também como os países em que a China mais investiu inicialmente, na África, enxergam, passados anos, o papel chinês.
Pesquisas feitas por respeitados institutos como o americano Pew demonstram que os africanos gostam dos parceiros chineses.
Veem neles um sócio melhor e mais confiável do que os americanos.
Os chineses desenvolvem parcerias que Dambisa qualifica de “simbióticas”. É o tipo de sociedade em que as duas partes precisam muito uma da outra.
Para a China, é vital se abastecer de recursos naturais que tendem a ser perigosamente escassos no futuro.
E para os países que oferecem tais recursos à China falta dinheiro para explorar adequadamente suas riquezas.
Ganha um, ganha o outro, ganham todos.
Adicionalmente, a China investe na infraestrutura dos países dos quais compra recursos minerais, para facilitar o escoamento da mercadoria.
É exatamente isso que se viu, agora, nos acordos fechados com o Brasil.
Dambisa sublinha bem a diferença entre o estilo chinês e o estilo ocidental de colocar dinheiro em nações em desenvolvimento.
Os ocidentais se intrometem e impõem condições muitas vezes terríveis. (Os brasileiros têm memória das exigências do FMI, por exemplo.)
A China, não. Tudo que ela deseja está estampado nos negócios que fecha. A política fica inteiramente de fora: cada sócio que cuide de suas coisas.
Nos países africanos, a China foi adiante como sócia. Para ganhar corações e mentes, perdoou dívidas (o que o Brasil também fez, sob críticas ferozes dos conservadores) e construiu na África escolas, hospitais e coisas do gênero.
Este, enfim, é o jeito chinês de se relacionar com o mundo.
“Os chineses aparentemente aprenderam com os erros ocidentais e dão a seus anfitriões exatamente aquilo que eles querem – dinheiro, estradas, ferrovias – em troca de acesso a recursos naturais”, escreveu Dambisa em seu livro. “Todos os envolvidos triunfam.”
Por tudo isso, é muito bom ver o Brasil fechar negócios bilionários com a China – a despeito das vociferações dos desinformados ou mal-intencionados.
E muito bom não para Dilma ou o PT apenas — mas para o Brasil.
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